Dos 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro, 13 têm alguma parceria com casas de apostas. Antes da pandemia, esse número era maior e chegava a 16 equipes. Atualmente, existem cerca de 450 sites especializados em apostas esportivas que atuam no Brasil. Todas elas são "casas virtuais" não sediadas no País. A prática não é ilegal, mas estima-se que entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões poderiam ser arrecadados pelo governo por ano se essas empresas tivessem sede no Brasil e pagassem seus impostos. A discussão sobre o tema tramita em Brasília.
Em dezembro de 2018, o Governo Federal sancionou a Lei 13.756/2018, autorizando o Ministério da Fazenda a elaborar regras para o licenciamento da exploração de apostas esportivas de cota fixa no País. A princípio, previa-se que essa legislação entraria em vigor em 2019, mas ela foi postergada. Sua última movimentação aconteceu em fevereiro, antes que a pandemia da covid-19 paralisasse as discussões em torno da pauta mais uma vez. A atividade já foi incluída no Programa de Parcerias de Investimentos do Governo Federal.
"Hoje vivemos um limbo jurídico onde, por um lado, existe uma lei que legaliza o setor, mas, por outro, para que tenha efetividade, necessita de regulamentação. Portanto, estamos estagnados na matéria", explica o advogado Eduardo Carlezzo, um dos especialistas no assunto.
De acordo com Fernando Rivas, CEO da Betsul, casa de apostas esportivas que patrocina São Paulo, Grêmio, Atlético-MG, Ponte Preta e a Federação Paulista de Futebol, o Brasil pode se tornar um dos maiores mercados do mundo nesse setor quando a regulamentação for efetivada. "Assim que a aposta de cota fixa for regulada, onde a maior parte das apostas informais do varejo estiver canalizada para o mercado legal, o Brasil estará certamente entre os três maiores do mundo. Por ter uma regulamentação a nível federal, o País dará um enorme salto na frente de muitos outros", explica o CEO.
De acordo com Bruno Maia, executivo de marketing e especialista em novas tecnologias, essa mudança no mercado também se reflete nas mídias esportivas. "Podemos esperar desse setor associações com grupos de mídia que tenham o esporte como ativo. Entramos em uma época em que a estatística virou entretenimento. Há um geração que consome futebol através do vídeogame e que lida com dados muito bem. Essas associações poderão gerar receitais incrementais aos grupos de mídia", explica Maia.
O Corinthians anunciou no mês passado o Galera Group como novo patrocinador. A parceria deve garantir ao clube R$ 40 milhões em um período de cinco anos. Segundo o Corinthians, a empresa faz a hospedagem e gestão de toda a plataforma de apostas de forma remota e fora do Brasil - o grupo tem escritórios em Israel e Chipre.
Já o modelo de contrato do Flamengo com Sportsbet.io prevê um valor fixo anual e outro valor variável, dependendo no número de apostas. No início do mês, o Santos e a Casa de Apostas renovaram a parceria até o fim do Campeonato Brasileiro. O patrocinador, que está no clube desde maio de 2019, expõe a sua marca na omoplata da camisa do time profissional.
Clubes que possuem parcerias com casas de apostas
Atlético-MG - Betsul
Bahia - Casa de Apostas
Botafogo - Casa de Apostas
Ceará - Estadium Bet
Corinthians - Galera Group
Coritiba - MarjoSport
Flamengo - Sportsbet.io
Fortaleza - EsporteNet
Goiás - MarjoSport
Grêmio - Betsul
Red Bull Bragantino - NetBet
Santos - Casa de Apostas
São Paulo - Betsul
Vasco - NetBet