Bola é "maltratada" no empate sem gols entre Botafogo e Flamengo

26 ago 2012 - 18h39
(atualizado às 21h52)
Marcus Vinicius Pinto
Direto do Rio de Janeiro

Se a bola do clássico entre Flamengo e Botafogo fosse contratada de algum dos clubes certamente agora estaríamos ouvindo a entrevista de algum dirigente dizendo que "ela vai ter que ser punida em parte do salário pela partida de hoje". Mas a verdade é que a bola não é de nenhum dos dois times. Ela entrou pelas mãos do árbitro Pericles Bassols, que a trouxe da Federação. Ele nem queria. Assim que viu o estado do gramado do Engenhão chegou a pensar em se recusar a entrar em campo. Não só ela, mas as outras seis bolas reservas também. Não que elas sejam novinhas e possam exigir muito, mas um local de trabalho nessas condições seria considerado insalubre em qualquer lugar sério. E em um país que vai receber uma Copa do Mundo em menos de dois anos, deveria ser sério a esse ponto.

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Mas lá foi ela pro jogo. Apito inicial e pouco a pouco ela começou a ser maltratada daqui e dali. Negueba tropeçava nela, perdia para Márcio Azevedo, que também tropeçava e mandava ela para a lateral. Ela só ficava aliviada quando chegava aos pés de Seedorf; ou de Lodeiro ou de Cáceres. Aí tinha seus poucos momentos de carinho, de bom tratamento, de qualidade. Curiosamente, gente que trata a bola em outro idioma, que não o português, mas que parecem se entender bem melhor com ela que os brasileiros. Aliás, Seedorf a trata tão bem, que precisa de pouco mais de dois toques para fazer o jogo fluir em direção ao gol. Pena que ninguém o acompanhe.

Mas um Seedorf só não faz verão. Logo, logo voltava a ser disputada por Welintons, Elkesons, Briners ou Ibsons. Alguns, como este, que até bem pouco até a tratavam bem, mas parecem ter esquecido o quanto é bom cuidar dela com carinho. Outros, que a conhecem a menos tempo como Lucas ou Thomás, carecem ainda de mais intimidade. Os que tentaram trocar as botinadas, sem jeito e com pouca qualidade, por cabeçadas também se deram mal. Vagner Love e Liedson (com uma testada no travessão) não conseguiram passar por Jefferson. No Botafogo, sem atacantes, a bola sequer encontrou alguém dentro da área que pudesse tentar algo.

Quando o árbitro Pericles Bassols apitou o fim do jogo, a bola respirou aliviada. Com tanta falta de qualidade, melhor que ninguém tenha levado três pontos para casa. Um ponto para Flamengo e Botafogo já foi prêmio até demais. A bola, na verdade, não vai precisar ser descontada em seu "salário". Sofrer por 90 minutos já foi castigo bastante.

Bem marcado, Seedorf tentou criar jogadas de perigo para o Botafogo, mas esbarrou na boa marcação do meio-campo flamenguista
Bem marcado, Seedorf tentou criar jogadas de perigo para o Botafogo, mas esbarrou na boa marcação do meio-campo flamenguista
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Fonte: Terra
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