Camila Miglhorini transformou sua ideia de "fast food saudável" na rede Mr. Fit, que hoje conta com 880 unidades no Brasil, Portugal e Paraguai, fatura R$ 200 milhões por ano e tem 80% do faturamento baseado no delivery de marmitas.
Quando, há 14 anos, Camila Miglhorini divulgou sua ideia de criar uma franquia de refeições saudáveis, ouviu "não" de todos os lados. A princípio, a administradora queria que alguém comprasse sua ideia de negócio e a jogasse no mundo. Mas ninguém se interessou. Hoje, aos 42 anos, ela está consolidada como empresária, dona da rede Mr. Fit, que possui 880 unidades no Brasil, Portugal e Paraguai, e faturamento de cerca de R$ 200 milhões por ano.
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"Eu comecei com essa história pensando na ideia de um 'fast food saudável'. E por não ter muitas referências, me diziam 'não, você quer montar um restaurante e ainda fazer um sistema de franquia que não vai funcionar'. Não tinha muita credibilidade", relembra Camila. Com as negativas, ela juntou o único bem que tinha, um carro, o vendeu e usou o dinheiro para investir no projeto.
"O restaurante foi montado como eu tinha planejado, mas com equipamentos usados. Só que eu achei que ia demorar uns 10 meses para começar a ter retorno. Mas em seis meses, ele já estava se pagando. E foi aí que eu comecei o esquema de franquias", conta.
Atualmente, o Mr. Fit é mais conhecido pelas marmitas vendidas por delivery -- assim como, a maioria dos franqueados atua nessa modalidade. Mas este cenário só se desenhou após a pandemia. Antes, os restaurantes predominavam. Hoje, segundo Camila, cerca de 80% do faturamento da rede está no delivery.
O Mr. Fit adquiriu uma alta capilaridade justamente por funcionar bem em diferentes formatos. Há a opção de microfranquia, que é o modelo home office, destinado a quem quer investir menos e trabalhar apenas com entregas de marmitas. Nesse modelo, o franqueado paga cerca de R$ 5.999 e é inserido nos aplicativos de delivery.
Quem quiser investir em opções mais robustas pode optar pela cafeteria da marca, cujo investimento é de R$ 65 mil, ou pelo restaurante, que custa cerca de R$ 150 mil para ser montado.
Como funciona a produção de refeições saudáveis congeladas
Uma das muitas dúvidas que os investidores a quem Camila apresentou o projeto de negócio, lá no início, era sobre a viabilidade de “depender de verduras e legumes”. A empresária explica que por se tratar de comida saudável, de fato, é preciso muito estudo sobre os alimentos antes de colocá-los à venda.
“Eu tenho auxílio de nutricionistas para os pratos que podem ser congelados, porque nem tudo dá. Por exemplo, a alface não tem como ser congelada. Mas a gente utiliza a cenoura, batata doce… E a gente utiliza esse equipamento, que chama ultracongelador, e ele mantém o produto seis meses congelado sem usar conservante”, afirma.
As marmitas distribuídas por todo o País são produzidas em uma única fábrica, em Cosmópolis (SP), ao lado de Paulínia, cidade onde o Mr. Fit nasceu. Caminhões próprios levam os produtos até São Paulo e, de lá, transportadoras refrigeradas fazem a distribuição pelos Estados.
Depois de ter sua ideia validada na prática, Camila Miglhorini recebeu uma proposta de compra do Mr. Fit. Foi em 2019, oito anos após ela ter ouvido todas as negativas possíveis sobre o seu projeto de negócio. Sabendo que estava no caminho certo, recusou.
"A gente passa por muita coisa. Eu acho que o próprio empreendedor, a gente meio que se auto-sabota. Será que eu estou fazendo certo? A gente teve pandemia, teve a crise de 2015, teve essa mudança do mercado, porque os franqueados não queriam mudar para o delivery, e aí, de repente, todo mundo teve que fazer o delivery. Então, para você aguentar tudo isso é realmente acreditar naquilo", considera.