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Taxas dos DIs despencam após IPCA e ata do Copom reforçarem apostas em corte da Selic em janeiro

11 nov 2025 - 16h54

As taxas dos DIs fecharam a terça-feira com fortes baixas, superiores a 15 pontos-base nos vencimentos curtos, com investidores elevando as apostas de que o Banco Central iniciará o ciclo de cortes da Selic já em janeiro, após a inflação de outubro no Brasil ficar abaixo do esperado e a ata do Copom abrandar o discurso sobre a inflação.

Em mais uma sessão de queda do dólar e alta do Ibovespa, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 12,9% no fim da tarde, em baixa de 16 pontos-base ante o ajuste de 13,06% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,42%, com queda de 9 pontos-base ante o ajuste de 13,506%.

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Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA -- índice oficial de inflação -- subiu 0,09% em outubro, abaixo da taxa de 0,48% de setembro e da projeção de 0,16% dos analistas ouvidos pela Reuters. Em 12 meses até outubro a inflação foi de 4,68%, ante expectativa de 4,75%.

A abertura do indicador trouxe dados mistos. Por um lado, a inflação de bens industriais foi de 0,04% em outubro, conforme cálculo do banco Bmg, ante 0,05% em setembro, enquanto alimentação no domicílio registrou alta de 0,16% no mês passado, ante 0,41%.

Por outro lado, a média de núcleos de inflação ficou em 0,26% em outubro, de acordo com o Bmg, ante 0,19% em setembro. Os serviços subjacentes subiram 0,33%, ante 0,03%, e os serviços intensivos em mão de obra registraram taxa de 0,57%, ante 0,34%.

"O IPCA segue confirmando o processo de queda de inflação, mas ainda lenta na parte de serviços", avaliou o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano. "Acho que o BC corta (a Selic) em janeiro, mas não por causa do IPCA de hoje -- acredito que o cenário continuará evoluindo favoravelmente. Mas março também tem elevada probabilidade."

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Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada antes da abertura da sessão, o BC trouxe detalhes sobre sua visão a respeito do atual processo de desinflação. A instituição reconheceu "algum arrefecimento" da inflação de serviços, mas disse que ela "ainda se mostra mais resiliente".

O colegiado também incorporou em suas projeções uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do Imposto de Renda, aprovada recentemente no Congresso. Além disso, citou um movimento "agora mais nítido" de queda das expectativas de inflação em horizontes mais longos.

"Ao já ter incorporado preliminarmente a isenção do IR e lembrado que outros exemplos de medidas fiscais e creditícias não provocaram divergências relevantes em relação ao esperado, fica claro que isso não levará a uma revisão da projeção de atividade e hiato nas próximas reuniões", avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes.

"Esse ponto retira o argumento de alguns analistas que tinham uma visão mais conservadora. Mantenho a avaliação de que a probabilidade de início dos cortes em janeiro é um pouco maior do que em março", acrescentou.

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No mercado, o IPCA e a ata justificaram o aumento das apostas de corte da Selic, hoje em 15% ao ano, já em janeiro -- e não em março ou depois disso.

"O BC evitou fazer na ata o mais óbvio, que seria alterar o trecho que fala de Selic alta por 'período bastante prolongado', e foi mais técnico. Quando diz que já incorporou os impactos do IR, isso é muito importante, porque era consenso no mercado que ele ainda não havia considerado este impacto", disse Laís Costa, analista da Empiricus Research.

Como resultado, a curva a termo, que antes precificava cerca de 50% de chances de corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro, agora expressa uma probabilidade próxima de 85% para uma redução desta magnitude, conforme Costa. "Arrisco a dizer que isso vai virar consenso", acrescentou.

O movimento de baixa da curva brasileira nesta terça-feira também esteve em sintonia com o recuo do dólar ante o real, para abaixo dos R$5,30, após o Senado dos EUA aprovar uma proposta para encerrar a paralisação do governo norte-americano.

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