Só em caso de risco extremo Petrobras vai comprar 100% da Braskem , diz diretor da estatal

Segundo Sergio Caetano Leite, cenário ideal é que apareça um parceiro com 'proposta firme'; desejo é por empresas grandes que trazem mercados maiores do que os alcançados pela Braskem hoje

14 mai 2024 - 17h48

RIO - Só em caso de risco extremo a Petrobras vai adquirir 100% da Braskem, para não deixar os ativos da empresa no mundo se deteriorarem, disse nesta terça-feira, 14, o diretor Financeiro e de Relações com o Mercado da Petrobras, Sergio Caetano Leite, referindo-se ao risco da possibilidade de perda do ativo. Segundo ele, este não seria o cenário ideal para a estatal.

"Tem se falado na compra de 100% da Braskem, mas não é o cenário ideal", afirmou a analistas durante videoconferência para comentar o resultado da companhia no primeiro trimestre de 2024.

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Segundo ele, o "cenário desejado" é que apareça um parceiro com "proposta firme". Ele disse que a Petrobras segue aguardando as conversas do Novonor (ex-Odebrecht) com eventuais parceiros, mas informou que a estatal já finalizou suas análises (due diligence) sobre a empresa petroquímica.

"O cenário desejado é que apareça um parceiro que coloque proposta firme para a Novonor, que seja do setor petroquímico e de óleo e gás, e que possa acompanhar investimentos futuros para o crescimento da Braskem", afirmou. Para Leite, os "players" desejados para essa posição são empresas grandes que já trazem mercados maiores do que aqueles alcançados pela Braskem hoje.

Petrobras segue aguardando conversas do Novonor (ex-Odebrecht) com eventuais parceiros na Braskem, segundo Caetano Leite
Petrobras segue aguardando conversas do Novonor (ex-Odebrecht) com eventuais parceiros na Braskem, segundo Caetano Leite
Foto: André Dusek/Estadão / Estadão

Leite reforçou uma declaração do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, nos Estados Unidos, na semana passada. Segundo Prates, isso só aconteceria se não aparecer um comprador para a fatia da Novonor na petroquímica. O melhor cenário, afirmou, seria uma parceria meio a meio com um novo sócio. Antes da declaração, já era sabido que a Petrobras mirava aumentar sua participação na empresa, possivelmente igualando-a com a de um novo sócio em 50%.

"Hoje, temos uma visão clara da situação da Braskem e o potencial que ela tem", afirmou Leite.

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De acordo com o diretor, mesmo que a Petrobras eleve a fatia de 47% que possui na Braskem para 50%, não haverá impacto na dívida da companhia.

"O modelo que a Petrobras mais vê com bons olhos é o modelo de uma cogestão, ou seja, é um modelo no qual a Petrobras não seria majoritária na operação. Se levarmos de 47% a 49% ou de 47% a 50%, o impacto na consolidação da dívida da companhia será inexpressivo, será basicamente o impacto que existe hoje", afirmou.

Internacionalização

Sobre o potencial de internacionalização da Braskem, Leite disse que isso é intrínseco ao formato da empresa. "As oportunidades de internalização da Braskem estão postas no próprio formato da empresa atualmente."

A Braskem é líder em duas resinas polietileno nos Estados Unidos, tem posição invejável na Alemanha, com duas plantas petroquímicas no País voltadas à venda de resinas verdes, com potencial de valor agregado considerado bastante interessante. No México, a Braskem tem uma planta nova, com terminal novo, voltado para o Atlântico, o que dá flexibilidade logística para suprir a América do Norte", descreveu Leite em longo elogio às possibilidades da companhia.

Questionado sobre o afundamento do solo em Maceió no entorno de operações da empresa em minas de sal-gema, ele disse que, durante o due dilligence, a Petrobras escalou geólogos e o seu centro de pesquisas, o Cenpes, para analisar a situação e disse que a companhia já tem visão "muito clara" dos cenários de risco, que já estão traduzidos no valor interno que a companhia atribui à Braskem.

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