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Piora nas contas públicas eleva incertezas na Economia, diz estudo

Essa é uma das projeções que estão na última edição do estudo que traz a perspectiva para a economia até 2033

18 fev 2024 - 06h20
(atualizado em 19/2/2024 às 19h37)
Foto: Freepik

Diante de um panorama complexo para os próximos anos, em termos tanto de economia externa como interna, a Tendências Consultoria lançou a última edição de 2023 de seu relatório Cenários de Longo Prazo, mantendo as projeções de crescimento médio de 2,4% para a economia brasileira até 2033. Essa projeção está no Cenário Básico do estudo, que tem 65% de probabilidade subjetiva de ocorrer.

Para Alessandra Ribeiro, economista e diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências, a principal mudança nessa edição em relação ao relatório divulgado em setembro de 2023 está atrelada ao aumento do risco para a sustentabilidade das contas públicas ao longo do tempo a partir da incorporação de mudanças de metas para o resultado primário do governo. 

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“A dificuldade de aumentar a arrecadação para fazer frente ao aumento de gastos permitido pelo regime fiscal, em nossa avaliação, resultará na mudança de meta não só para 2024, mas também para 2026. Esse aumento de percepção de risco reflete-se, principalmente, num nível de incerteza maior, pesando nas principais variáveis econômicas desenhadas”, explica.

No Cenário Básico, a Tendências manteve as principais linhas de política econômica, mesmo no âmbito fiscal, com uma percepção de risco maior. 

“Ainda é um cenário de certo controle, com estabilização da dívida, ainda que num horizonte mais longo de tempo. E do ponto de vista de outros pilares, como, por exemplo, Banco Central e política monetária, temos a manutenção do regime de metas de inflação e da perseguição dessas metas pela autoridade monetária”, antecipa.

Cenário Pessimista é de 25%

Já a probabilidade subjetiva de ocorrência do Cenário Pessimista é de 25%. Ele contempla, no âmbito doméstico, a fragilidade política do governo, que resultaria em dificuldade de aprovação da agenda para aumento de arrecadação e poderia gerar resultados primários negativos, alimentando de maneira mais expressiva os riscos sobre a sustentabilidade das contas públicas. 

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“Nesse cenário, a economia brasileira cresce em média 1,5% no período e temos uma parte global mais desafiadora, com necessidade de ajuste monetário ainda nas principais economias e desaceleração abrupta da economia chinesa. Esses problemas, ainda que no curto prazo, com efeitos mais pronunciados, teriam consequências também para o médio e longo prazos.”

Na parte doméstica, esse cenário segue ancorado em uma percepção de risco maior em relação às questões fiscais, dada a dificuldade de recomposição de receitas, levando o governo a flexibilizar alguns pilares da política econômica, com destaque para metas e condução da política monetária pelo Banco Central. 

“Consideramos o cenário de maior risco do ponto de vista doméstico, por conta dos efeitos negativos para a confiança, ativos financeiros e variáveis econômicas, entre outros”, ressalta Alessandra.

Governo busca aumentar a arrecadação de impostos

Por fim, o Cenário Otimista tem as mesmas premissas do panorama internacional do Cenário Básico e, no âmbito doméstico, a ampla coalizão governamental passaria a dar apoio mais sistemático à agenda de recuperação das receitas, movimento central para a estratégia fiscal do governo diante da expectativa de crescimento real das despesas. 

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“Aqui, estamos considerando um crescimento médio de 3,1% da economia, e uma probabilidade de ocorrência de 10%. Para isso, será preciso ter maior responsabilidade fiscal, com uma atuação governamental bem-sucedida na agenda de arrecadação. Além dessa questão, temos também os efeitos qualitativamente mais pronunciados da Reforma Tributária, na medida em que ela se traduz em um PIB potencial mais elevado”, encerra Alessandra Ribeiro.

Principais premissas dos cenários de longo prazo 

Cenário Básico (65% de probabilidade): questão fiscal limita magnitude do crescimento

- Questão fiscal afeta negativamente expectativas

- Lideranças aprovam a reforma tributária do consumo

- Política monetária protegida de pressões políticas

Cenário Otimista (10% de probabilidade): coalizão de governo avança na agenda fiscal

- Reforma tributária é choque positivo nas expectativas e PIB potencial

- Sucesso do governo em recuperar arrecadação afasta risco fiscal

- Transição da autoridade monetária reforça regime de metas

 Cenário Pessimista (25% de probabilidade): choque externo negativo expõe fragilidades domésticas

- Ambiente externo desfavorável potencializa problemas domésticos

- Desaceleração abrupta da economia chinesa tem efeitos relevantes para o mundo e economia brasileira

- Fragilidade política dificulta aprovação de agenda fiscal

- Reforço de políticas voluntaristas para evitar maiores quedas em popularidade

Cenário internacional: múltiplos temas acentuam panorama global desafiador para emergentes

- Principais BCs encerram ajuste monetário, mas juros permanecem em patamar alto no curto prazo

- Desaceleração da atividade econômica global continua neste e no próximo ano

- Riscos geopolíticos se mantêm como fonte de incerteza e geram maior protecionismo global

Cenário político: insegurança eleitoral afeta condução da política fiscal

- Reforma tributária é choque positivo nas expectativas e PIB potencial

- Governo com moderado sucesso na agenda de recuperação das receitas

- Trajetória de recuperação minimiza espaço para populismo

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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