Pequenos negócios na mira dos hackers: como proteger sua empresa de ataques digitais

Especialistas alertam que microempresas são alvos fáceis e defendem backup e boas práticas como blindagem

19 ago 2025 - 04h59
Foto: Getty Images

Microempresas brasileiras têm se tornado alvos cada vez mais frequentes de ataques cibernéticos. A crença de que criminosos digitais miram apenas grandes corporações já não se sustenta. Hoje, pequenos negócios — que muitas vezes contam com estrutura enxuta e pouco investimento em tecnologia — representam portas abertas para invasores em busca de dados de clientes e informações internas.

“É um erro achar que só multinacionais estão na mira. As microempresas, por serem mais vulneráveis, acabam sendo alvos preferenciais”, afirma Leandro Casella, CEO da Exato Digital, com mais de 15 anos de experiência no setor.

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Pequenos, mas no alvo dos criminosos

Segundo especialistas, a fragilidade dos micro e pequenos empreendedores está diretamente ligada ao orçamento limitado e à falta de cultura de prevenção. Muitas empresas ainda enxergam senhas simples e antivírus gratuitos como suficientes, o que abre brechas fáceis de serem exploradas.

Entre as consequências mais comuns estão o sequestro de dados (ransomware), o roubo de informações de clientes e até a paralisação total das atividades. Para negócios que dependem de fluxo de caixa diário, ficar fora do ar por alguns dias pode ser fatal.

Casella lembra que não é preciso investir fortunas para reduzir riscos. Medidas simples já têm impacto significativo: criar senhas fortes, habilitar autenticação em dois fatores, manter softwares atualizados e restringir acessos apenas a funcionários essenciais. “É uma questão de cultura: treinar a equipe e adotar boas práticas muitas vezes é mais eficiente do que qualquer ferramenta isolada”, afirma.

Backup: o seguro invisível

Outro ponto crucial é o backup. Guardar arquivos apenas no computador ou em um HD externo não garante segurança. O ideal é ter redundância, com cópias automatizadas em nuvem. Assim, em caso de falha, roubo de equipamentos ou ataque, é possível restaurar rapidamente as informações e evitar prejuízos maiores.

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“O backup não significa apenas evitar perdas financeiras, mas principalmente preservar a confiança dos clientes — que é o ativo mais valioso do negócio”, reforça Casella.

Tecnologia: oportunidade e risco

Se por um lado a digitalização abriu portas para novos modelos de negócio, por outro trouxe responsabilidades adicionais. Ferramentas como WhatsApp Business, Pix e até inteligência artificial se tornaram essenciais para vender e atender clientes.

“Os juros mais altos e o crédito mais restrito obrigam os pequenos a depender de tecnologia acessível para garantir uma margem saudável. O WhatsApp Business reina absoluto: dali o lojista apresenta seu catálogo, negocia e recebe via Pix, que cai na hora”, explica Lucas Mantovani, diretor de marketing da SAFIE Consultoria.

Mas quanto mais os negócios se apoiam em plataformas digitais, maior a exposição a ataques. “Há um mercado consumidor muito mais digitalizado. Até quem tinha dificuldade com tecnologia hoje compra pelo Instagram. Isso é positivo, mas também aumenta os pontos de vulnerabilidade”, completa Mantovani.

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Crescimento com responsabilidade

Para Patrícia Carvalho, CEO da DeltaAI, é preciso cautela. Ela cita o livro The Inevitable, de Kevin Kelly, para lembrar que cada nova tecnologia cria quase tantas perguntas quanto resolve. “O consumidor é o elo mais vulnerável da cadeia e deve ser protegido — tanto em termos de experiência quanto de direitos. Crescer sim, mas com responsabilidade. A tecnologia tem que ser aliada do brasileiro, nunca instrumento de inovação predatória”, afirma.

Esse alerta ganha relevância em um momento em que 7 em cada 10 pequenos negócios já utilizam redes sociais como canal principal de vendas, segundo o Sebrae. Sem proteção, dados sensíveis circulam em ambientes frágeis, colocando em risco não apenas a operação, mas também a credibilidade conquistada.

Checklist de proteção para microempresas

  • Senhas fortes: combine letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos.
  • Autenticação em dois fatores: ative em e-mails, redes sociais e sistemas internos.
  • Atualizações constantes: mantenha programas e aplicativos sempre na versão mais recente.
  • Backup em nuvem: adote soluções que automatizam o processo e criam redundância.
  • Controle de acessos: limite permissões apenas a quem realmente precisa.
  • Treinamento: oriente a equipe para reconhecer golpes e evitar links suspeitos.

O diferencial pode estar na proteção

A transformação digital deixou de ser uma opção para microempresas e se tornou requisito básico para competir. Mas segurança de dados precisa acompanhar esse movimento. Não se trata de gasto, mas de investimento estratégico.

Em um mercado cada vez mais competitivo — e com consumidores mais atentos à proteção de suas informações — blindar dados pode ser o que define se uma empresa vai prosperar ou ficar pelo caminho.

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Fonte: Terra Content Solutions
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