Justiça penhora 40% do salário de antigo CEO da Starbucks no Brasil por dívida milionária

A decisão está vinculada a um processo movido pela empresa Travessia, que ofereceu mais de R$ 71,5 mi em crédito financeiro à SouthRock

20 mai 2024 - 08h54
(atualizado às 12h38)
Resumo
A Justiça de São Paulo determinou a penhora do salário mensal de R$ 52 mil do CEO da SouthRock, Kenneth Pope, devido à dívida de R$ 71.5 milhões com a Travessia Securitizadora.
Kenneth Pope, CEO da SouthRock, que operava a rede Starbucks no Brasil
Kenneth Pope, CEO da SouthRock, que operava a rede Starbucks no Brasil
Foto: Divulgação

A Justiça de São Paulo decidiu por penhorar 40% do salário de Kenneth Steven Pope, CEO da SouthRock, antiga operadora da Starbucks no Brasil. A decisão está vinculada a um processo movido pela empresa Travessia, que ofereceu crédito financeiro à SouthRock, e estipulou mais de R$ 71,5 milhões como valor da ação.  

A conta do percentual a ser penhorado por Pope leva em conta seu salário líquido, de R$ 130 mil - bruto, o CEO recebe R$ 180 mil mensais. Com isso, a Justiça deve recolher R$ 52 mil do executivo por mês.

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A defesa de Kenneth Pope tentou reverter a decisão alegando que o alto salário era destinado a despesas imprescindíveis, como alimentação e gastos com a educação do filho do empresário. A juiza Mônica Soares Machado, da 33ª Vara Cível, chegou a acolher parte da justificativa - por isso que estabeleceu a penhora de apenas 40% da remuneração mensal.

Ao Terra, a assessoria de imprensa da SouthRock informou que não vai se posicionar sobre a decisão judicial.

Crise na SouthRock e investigação policial

A antiga operadora da Starbucks Brasil e da Subway entrou em processo de recuperação judicial em outubro do ano passado, com uma dívida de R$ 1,8 bilhão. Executivos da empresa, incluindo Kenneth Pope, são investigados pela Polícia Civil de São Paulo por supostamente terem forjado documentos e omitido mais de R$ 120 milhões em dívidas para viabilizar um financiamento de R$ 75 milhões com as empresas Ibiuna Investimentos e a Travessia Securitizadora. Esta última é a empresa envolvida no processo citado no início da matéria.

A notícia-crime, que o Terra teve acesso, foi aberta em dezembro do ano passado e é referente a um financiamento feito em 2022. Até o momento, segundo a defesa da credora Travessia que denuncia o caso, nada foi pago. A SouthRock nega as acusações.

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São investigados pelos crimes de falsidade ideológica, estelionato e apropriação indébita o CEO e fundador do grupo, o norte-americano Kenneth Steven Pope; o diretor financeiro Fábio David Rohr; e o contabilista representante da empresa, Marcos de Jesus Carvalho.

As empresas que levaram o 'calote' milionário também afirmam terem sido surpreendidas pelo pedido de recuperação judicial que envolve as principais empresas do grupo SouthRock, dentre elas o Starbucks Brasil, solicitado ao fim de outubro de 2023.

"Se os Noticiantes [Ibiuna e Travessia] soubessem, à época, da real situação econômico-financeira do Starbucks Brasil e das empresas que compõem o grupo Southrock, eles jamais teriam concedido àquele um crédito de R$ 75 milhões", afirma a defesa.

Em nota, a SouthRock nega as acusações -- "e esclarece que o pedido de inquérito trata-se uma clara tentativa de justificar para investidores operações de crédito realizadas", complementa o grupo.

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Sobre os valores mencionados na denúncia, a operadora da Starbucks Brasil afirma que os dados constam no balanço da empresa e no Imposto de Renda do socio e que todas as movimentações foram realizadas anos antes ao processo de Recuperação Judicial, iniciado no fim do ano de 2023, e devidamente documentadas.

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A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirma que o caso é investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) por meio de um inquérito policial e que a polícia apura um possível delito de estelionato que teria sido praticado por gestores do grupo mencionado.

Recuperação judicial

Em 2023, foram fechadas mais de 55 lojas do Starbucks que apresentavam resultado negativo no Brasil, conforme noticiado pelo Terra, que teve acesso a uma minuta do documento da recuperação judicial da SouthRock, operadora da rede de cafeterias. O documento, protocolado em fevereiro, mostra algumas das estratégias que serão usadas para pagamento aos credores diante de uma dívida de R$ 1,8 bilhão.

O plano prevê a realização de medidas para a reestruturação de dívidas, a geração de fluxo de caixa operacional necessário e a geração de recursos necessários para a continuidade das atividades da rede. 

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Fonte: Redação Terra
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