J.P. Morgan aponta divisão mais profunda no Copom e prevê pausa em cortes da Selic em junho

14 mai 2024 - 15h36

O J.P. Morgan revisou sua projeção para cortes na taxa Selic, atualmente em 10,50%, e agora projeta uma pausa no ciclo de flexibilização do Banco Central na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho, citando divisão mais persistente e profunda entre os membros do colegiado, após a divulgação nesta terça-feira da ata do encontro da semana passada.

Sede do Banco Central em Brasília
25/08/2021
REUTERS/Amanda Perobelli
Sede do Banco Central em Brasília 25/08/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

"Estamos revisando nosso 'call' para a Selic e esperamos que o BC pause o ciclo de flexibilização em 10,50% por enquanto", disse o banco em relatório assinado por Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira. Anteriormente, o J.P. Morgan previa mais dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros.

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Para a instituição, a ata da reunião da semana passada, divulgada nesta manhã, focou em explicar a divisão entre os membros do Copom e destacou que, apesar de o colegiado parecer mais duro do que antes, a divergência parece "um pouco mais profunda do que pensávamos inicialmente".

Para o J.P. Morgan, a ata dificulta prever os próximos passos do Copom, pois não deixa claro qual a visão majoritária para junho nem quais fatores os membros do comitê consideram mais importantes no momento.

"Considerando que as expectativas de inflação para o médio prazo parecem estar aumentando, pelo menos no curto prazo, presumimos que o ciclo de flexibilização irá pausar na próxima reunião", disseram os economistas. "Depois da próxima reunião, a visibilidade é muito mais reduzida, e prevemos que o BC esperará até que haja mais certeza sobre a tendência global de desinflação e menores desequilíbrios internos."

O banco destacou que a ata apontou divergências em diferentes níveis entre os membros do Copom, não apenas sobre o custo de se descumprir a orientação anterior de um corte de 0,50 ponto percentual, mas também em torno do balanço de riscos para a inflação, com alguns membros apontando um possível viés altista.

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"O grupo que votou a favor do 0,50 ponto percentual optou por reiterar que é difícil extrair a dinâmica da inflação subjacente em um ambiente incerto, questão que provavelmente aumentará no futuro à medida que comecemos a ter os primeiros impactos econômicos após as enchentes no Rio Grande do Sul", acrescentou o J.P. Morgan.

A instituição financeira concluiu que os membros que votaram pelo corte de 0,25 ponto percentual devem defender uma pausa no ciclo de flexibilização caso não haja uma redução das incertezas globais ou fatores internos que interrompam o aumento recente das expectativas de inflação para o médio prazo.

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