O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a empresários em Buenos Aires nesta segunda-feira, 23, que não há qualquer projeto de adotar uma moeda única entre Brasil e Argentina, como chegou a circular nas redes sociais. Trata-se, segundo o ministro, de estudar uma moeda comum entre os dois países para transações financeiras e comerciais, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar.
"Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional", esclareceu o ministro.
"Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única; se trata de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os CCRs dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes", acrescentou.
Ao lado do ministro de Haddad, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, reiterou que a adoção de uma moeda comum com o Brasil não eliminará a moeda de cada país. "Não significa resignar a moeda de cada um dos países, mas encontrar um instrumento denominador comum potencial, refletindo a potência do PIB da região", declarou.
"A decisão dos dois governos e dos dois ministérios é começar a trabalhar, dar um primeiro passo no longo trajeto que precisamos percorrer com o objetivo de uma moeda comum dos dois países e com convite para outros países da região", disse.
De acordo com Massa, a moeda única seria um instrumento para aprofundar o sistema de comércio entre os dois países e o Mercosul. "[O objetivo proposto é] Não ficar atrelado aos choques externos que possam apresentar o dólar, o euro, em função dos problemas econômicos dos outros países ou das outras regiões ou situação de guerra que vivemos ao longo dos últimos 12 meses", declarou o ministro da Economia argentino.
Ao longo da exposição a empresários, Haddad disse ainda que o Brasil está em situação privilegiada para atrair investimentos produtivos, com condições únicas e dentro de uma via sustentável. "Não há a menor necessidade de derrubar uma única árvore", destacou Haddad.