Haddad diz que proposta para taxar super-ricos está ganhando força global; tributação será discutida no G20

O ministro da Fazenda disse que o Brasil, atual presidente do G20, está mirando construir um consenso internacional sobre a tributação

17 abr 2024 - 15h46
(atualizado às 16h19)
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Perfil Brasil

A proposta do Brasil de tributar os super-ricos ganhou impulso nesta quarta-feira, com o ministro das Finanças da França e a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) apoiando um esforço coordenado para gerar novas receitas e construir um futuro comum melhor.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil, atual presidente do G20, está mirando construir um consenso internacional sobre a tributação da riqueza este ano e trabalhará por uma declaração conjunta em uma reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do G20 em julho.

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"A declaração do G20 que vamos propor visa apoiar politicamente essas iniciativas", disse ele em um evento durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, ressaltando a importância de obter o apoio das maiores economias.

Sua contraparte francesa, Bruno le Maire, que já havia expressado apoio à proposta brasileira, disse no mesmo evento que tributar os mais ricos é o próximo passo lógico para uma série de reformas tributárias globais lançadas em 2017, incluindo um acordo sobre um imposto corporativo mínimo global. Ele disse que o G20 deveria ter como objetivo chegar a um acordo sobre a tributação dos ricos até 2027.

Le Maire disse que qualquer proposta deve ser baseada nas melhores práticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para garantir a confiança no sistema ainda em evolução.

A chefe do FMI, Kristalina Georgieva, disse que fechar brechas tributárias e garantir que pessoas ricas paguem sua parte justa mobilizaria fundos urgentemente necessários para o crescimento sustentável e inclusivo.

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"O que eu diria é muito simples: Quando os formuladores de políticas têm a vontade, há um caminho, e nós já definimos qual é esse caminho", disse ela.

Haddad havia dito anteriormente à Reuters que autoridades discutirão mais tarde, em jantar do G20, como fundos levantados através de taxação de super-ricos pode ser direcionado à transição climática e ao combate à fome.

Ele destacou que a economista ganhadora do Prêmio Nobel Esther Duflo participará do jantar, juntamente com Gabriel Zucman, diretor do Observatório Tributário Europeu, a quem o Brasil pediu para compilar um relatório sobre o assunto a tempo para a próxima reunião de Finanças do G20 em julho.

"Se a gente conseguir consenso até o final do ano em torno disso é coisa tão extraordinária ... é coisa histórica", disse o ministro.

Zucman já sugeriu que uma possibilidade seria garantir que pessoas com patrimônio líquido bastante alto paguem ao menos o equivalente a 2% de seu patrimônio em impostos de renda por ano, o que ele estimou que pode gerar 250 bilhões de dólares anualmente -- metade da receita anual projetada como necessária para países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática.

Susana Ruiz Rodriguez, coordenadora regional de impostos da Oxfam, disse que era a primeira vez que a tributação dos super-ricos estava sendo discutida nas reuniões do FMI e Banco Mundial, embora 2% fosse uma meta muito modesta. A Oxfam estima que um imposto anual sobre a riqueza de mais de 8% em todos os países teria sido necessário para manter a riqueza dos bilionários constante nas últimas duas décadas.

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