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'Farmácias podem revolucionar o sistema de saúde', diz presidente do grupo Pague Menos

À frente da rede, Patriciana Rodrigues defende, e já está criando, a 'farmácia-consultório'

5 jul 2023 - 07h11
(atualizado em 6/7/2023 às 11h11)

Foi em 2016 que a cearense Patriciana Rodrigues começou a atuar na rede de farmácias de sua família, a Pague Menos, para implantar no País o que chama de "ecossistema de saúde". Farmácia, argumenta ela, tem de deixar de ser apenas um lugar para vender remédios. Ela pode atuar com médicos, dar uma assistência diferenciada e ajudar de forma mais ampla na saúde dos clientes, beneficiar os mais necessitados. "A gente acredita que dá para revolucionar o sistema de saúde, melhorar o acesso" implantando o que ela chama de "consultório farmacêutico"

De Fortaleza, onde vive, ela começou em 2001 - já como diretora de marketing da rede - fazendo a integração dos próprios funcionários. Hoje, das 25 mil pessoas do grupo, 58% são mulheres. Em 2020, ela chegou à presidência do conselho de administração da rede - e em junho passado a Pague Menos entrou com oferta inicial de ações.

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"O farmacêutico de mãos dadas com o médico pode fazer muita coisa, e já estamos fazendo", afirma a executiva nesta entrevista a Cenários.

Exemplo: no pool de 1,6 mil lojas em todo o País, mais de mil já têm essas farmácias-consultórios. Mas ela admite que não será fácil nem rápido. "A gente tem uma grande batalha pela frente, sabemos que isso é uma mudança cultural." A seguir, trechos da conversa.

Acredita que as farmácias tendem a se tornar hubs de médicos, assumindo funções de um consultório?

Sim, iniciamos esse projeto piloto em 2016 com a ideia de revolucionar o ecossistema de saúde do País. E para melhorar o acesso para uma grande parcela da população que não tem plano de saúde privado.

Patriciana Rodrigues trabalha na rede de farmácias da família desde 2001
Patriciana Rodrigues trabalha na rede de farmácias da família desde 2001
Foto: Divulgação / Estadão

Como seria essa mudança?

Atualmente, nossa legislação não permite a presença de médicos nas farmácias. Então, oferecemos serviços de primeiros cuidados, como monitoramento de pressão arterial, verificação de diabetes e serviços cardiológicos prestados por farmacêuticos profissionais, que têm uma formação de cinco anos na área da saúde, entendem a composição dos medicamentos e as interações medicamentosas. Criamos um espaço chamado consultório farmacêutico. Se o problema for simples, o farmacêutico pode resolver no local. Se for de média ou alta complexidade, o cliente é orientado a procurar um especialista ou uma clínica.

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A tecnologia tem ajudado nesse conceito de hub?

Estamos fazendo muitas parcerias com healthtechs. A Hilab, por exemplo, consegue obter informações importantes sobre a saúde do paciente com apenas uma gota de sangue. A teleconsulta possibilita a interação física e digital: o farmacêutico realiza todos os monitoramentos e coleta os indicadores necessários - e o médico está presente digitalmente. Na caminhada, a pandemia foi um período triste, mas também acelerou o futuro. A receita digital passou a ser aceita, algo que já era praticado em todo o mundo. No nosso pool de 1,6 mil lojas pelo País, mais de mil já têm esses consultórios.

A concorrência está fazendo a mesma coisa?

A Pague Menos foi a pioneira, mas outras empresas do setor começaram a perceber essa mudança e estão oferecendo serviços semelhantes. Faz mais sentido para o usuário quando todos estão no mesmo processo, e não apenas uma rede de farmácias. É melhor para todos, assim todos crescem.

Em outros países, é permitida a presença de médicos nas farmácias?

O mercado americano é o mais avançado nesse sentido. Já é comum ter a presença física de profissionais de saúde, incluindo médicos, em consultórios dentro das farmácias. No Canadá também existe a prática. Na Europa há serviços e clínicas próximos às farmácias.

O que falta para regulamentar isso no Brasil?

Recentemente, tivemos uma vitória com a regulamentação de mais de 60 serviços que a Pague Menos já oferecia - como monitoramento da pressão arterial, testes para covid, gravidez e até teleconsulta. Ainda não é permitida a presença física do médico, mas a tecnologia tem sido uma grande aliada. Podemos conectar nosso consumidor a uma consulta remota com um médico.

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Qual é a justificativa da Anvisa para não regulamentar esse tipo de serviço?

Entendo que é mais uma barreira cultural do que um problema em si. A presença nas farmácias sempre foi associada apenas aos farmacêuticos.

Qual foi o faturamento da empresa em 2022?

Nosso faturamento foi superior a R$ 10 bilhões. A rede tem 1,6 mil lojas, incluindo 400 da Extrafarma e mais 120 inauguradas no ano passado, em praticamente todos os Estados.

Ainda é raro ter uma mulher presidente de empresa no Brasil. Como é a política de diversidade no Grupo Pague Menos?

Sempre acreditamos que uma equipe diversa é extremamente valiosa. Em nosso grupo de colaboradores temos indígenas, negros - e 58% das 25 mil pessoas são mulheres. Temos cotas afirmativas nos processos seletivos e também programa de trainee direcionados para mulheres, pessoas negras e pessoas acima dos 50 anos.

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