Por 19 votos a 11, a CPMI do INSS rejeitou a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A sessão foi uma das mais tensas do colegiado até agora, com discussões acaloradas sobre os 45 requerimentos de convocação apresentados.
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Durante a reunião, o presidente da comissão, Carlos Viana (Podemos-MG), foi acusado por parlamentares governistas de descumprir o regimento interno. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pediu que parlamentares bolsonaristas, que segundo ele “tumultuavam” o encontro, fossem advertidos ou até retirados da sala.
A tensão aumentou quando o senador Sérgio Moro (União-PR) reagiu às críticas. “Pimenta fez ofensas morais em suas falas e veio aqui com cara de pau. É muita hipocrisia”, disse. O governo orientou voto “não” à convocação de Frei Chico, enquanto a oposição defendeu o voto “sim”. A vitória foi da base lulista.
Por outro lado, a CPMI aprovou a quebra do sigilo bancário do advogado Eli Cohen, no período de janeiro de 2015 a outubro de 2025. Cohen foi o autor das primeiras denúncias que atingiram três entidades investigadas. Em depoimento à comissão no início de setembro, ele afirmou que o suposto esquema “não poderia ter sido realizado sem a participação do presidente do INSS, do Departamento de Benefícios e, na minha opinião, de um ministro da Previdência”.
Antes da votação, base e oposição chegaram a um acordo para retirar os requerimentos que pediam a quebra dos sigilos fiscal e telemático do ex-ministro Carlos Lupi. As solicitações envolviam o e-mail institucional e o celular pessoal de Lupi, mas foram retiradas de pauta.
Frei Chico na berlinda
A convocação de Frei Chico foi defendida pela oposição sob o argumento de que ele ocupa o cargo de vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) — uma das entidades citadas em relatórios anexados à CPMI por ter firmado convênios e parcerias com o INSS. Para os parlamentares oposicionistas, a oitiva seria importante para esclarecer o papel do sindicato e de outras entidades nas operações investigadas.
Já a base governista considerou o pedido sem fundamentação direta, alegando que não há indícios que vinculem Frei Chico às irregularidades apuradas. Deputados aliados do presidente Lula classificaram a tentativa como uma manobra política para expor familiares do chefe do Executivo e desviar o foco das investigações centrais da comissão.