Copasa tem semana decisiva para privatização com votação em 2º turno na assembleia na quarta-feira

O texto do projeto prevê que a privatização poderá ocorrer por duas formas, ou leilão ou via oferta de ações; deve prevalecer a segunda opção, como ocorreu com a Sabesp e a Sanepar

15 dez 2025 - 17h12

A privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) tem sua semana decisiva. Está marcada para quarta-feira, 17, a votação, em segundo turno, do Projeto de Lei (PL) 4.380/2025 pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O texto define as regras para a venda da empresa.

Para aprovar de forma definitiva o PL, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), são necessários votos de três quintos dos parlamentares, ou 48 dos 77 deputados.

Publicidade
Zena duz que pretende arrecadar, com a venda, 'R$ 10 bilhões ou mais', dinheiro que seria usado para pagar dívidas; o Estado de Minas Gerais tem uma fatia de 50,3% da Copasa, e venderia 45% das ações
Zena duz que pretende arrecadar, com a venda, 'R$ 10 bilhões ou mais', dinheiro que seria usado para pagar dívidas; o Estado de Minas Gerais tem uma fatia de 50,3% da Copasa, e venderia 45% das ações
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Na votação em primeiro turno, no dia 2, foi aprovado com 50 votos favoráveis e 17 contrários — havia 68 parlamentares presentes. Se for aprovado na quarta-feira, os deputados já entram em recesso de fim de ano. Esta deve ser a única pauta do dia no plenário.

O texto do PL prevê que a privatização poderá ocorrer por duas formas, ou leilão ou via oferta de ações. Segundo pessoas a par do assunto ouvidas pelo Estadão/Broadcast, deve prevalecer a segunda opção, como ocorreu com a Sabesp e a Sanepar, a empresa de saneamento do Paraná. A Copasa se tornaria uma corporation, sem um controlador definido. O BTG Pactual foi contratado para ajudar a definir o modelo de venda.

Zema disse em um evento em São Paulo no final de novembro que espera vender a Copasa no primeiro trimestre de 2026, ou no máximo até abril e maio, para evitar o calendário das eleições, em que quer ser candidato a presidente.

O governador mineiro afirmou que pretende arrecadar "R$ 10 bilhões ou mais" com a venda, dinheiro que seria usado para pagar dívidas. O Estado de MG tem uma fatia de 50,3% da Copasa, e venderia 45% das ações. A Copasa é hoje avaliada em R$ 16,7 bilhões na B3.

Publicidade

Trâmites políticos

A privatização da Copasa, um projeto desde o primeiro mandato de Zema, ganhou força só agora. Além da tramitação do PL 4.380, que chegou na ALMG no final de setembro, houve uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para eliminar a exigência de referendo popular para validar a venda da empresa, e que foi aprovada em novembro com votação apertada e muito barulho da oposição no plenário.

Segundo pessoas a par do assunto ouvidas pela reportagem, ao enviar o PL à ALMG, o governo mineiro já sinalizava confiança de que já teria votos para aprová-lo. A expectativa é de que a pauta seja usada como capital político para Zema, nos modelos do que ocorreu com a Sabesp em São Paulo.

O governo mineiro argumenta que a venda da estatal se justifica pela dificuldade de a empresa e de seu controlador — o Estado — fazerem frente aos investimentos necessários para cumprir as metas de saneamento estipuladas no marco legal do setor, sancionado em 2020. A legislação determina a universalização dos serviços de água e esgoto no País até 2033.

Em outro passo para a desestatização, a Copasa fechou com a prefeitura de Belo Horizonte, seu maior cliente, um acordo para estender o prazo de prestação de serviços de saneamento para a cidade de 2032 para 2073. A expectativa agora é de que mais cidades façam o mesmo.

Publicidade
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se