Brasileira Drop inicia produção de patinetes elétricos em Manaus

Primeira a montar esse tipo de veículo no País, empresa vende seus produtos por meio de grandes varejistas

23 jan 2020 - 04h11
(atualizado às 09h37)

Na contramão de empresas de compartilhamento que reveem projetos locais, o grupo brasileiro Drop inicia na próxima semana as vendas dos primeiros patinetes elétricos feitos no País. A produção teve início em dezembro, na antiga fábrica da Sharp, em Manaus (AM), que foi alugada pela nova empresa.

Linha de montagem de patinetes elétricos da Drop em Manaus
Linha de montagem de patinetes elétricos da Drop em Manaus
Foto: Drop/ Divulgação / Estadão

A Drop investiu R$ 4,2 milhões para iniciar a montagem dos veículos. Parte veio de aporte do proprietário da empresa, o paulista Sérgio Zancope, e parte de empréstimos financeiros. A capacidade da fábrica é de 120 mil unidades anuais, mas para este ano estão previstas no mínimo 13 mil unidades.

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Inicialmente a empresa apenas vai montar os patinetes com kits (CKDs) importados da China. Cerca de 20% dos itens são locais, como guidão, manopla e retrovisor, conforme prevê as regras da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Desde 2007 atuando no País como importadora e distribuidora de veículos elétricos, a Drop decidiu pela montagem local "motivada pela alta do dólar", afirma Ricardo Ducco, diretor de Marketing. "O produto já é caro e, com a altíssima carga tributária e o dólar alto, a importação ficou inviável", explica.

Com produção local, o preço ao consumidor está 25% mais em conta em relação ao patinete importado. A empresa oferece duas opções do veículo, ambas dobráveis. O GO-08, de 36 volts, tem preço sugerido de R$ 3 mil, e o GO-10, de 48 volts, R$ 4 mil, com possibilidade de financiamento em até dez parcelas.

Mobilidade

No auge do mercado brasileiro, de 2011 a 2013, a Drop vendeu 2 mil patinetes anualmente, sendo metade para lazer e metade para mobilidade. Nos últimos anos, com a crise, a média caiu para mil unidades, sendo 90% para transporte. Essa modalidade de uso aumentou após a chegada das empresas de compartilhamento por aplicativos, informa Ducco.

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A ideia da Drop é incentivar o uso intermodal. "No caso dos aplicativos, normalmente a pessoa utiliza para pequenos deslocamentos (micromobilidade), de um trecho para outro", diz. "Como nosso patinete é dobrável, o usuário pode levá-lo no ônibus ou metrô, por exemplo, e continuar utilizando em vários trechos (intermodal)".

O grupo começa suas operações locais com venda para pessoas físicas, mas já negocia o fornecimento às empresas de aplicativos. Com base nessa demanda é que a Drop prevê um mercado de 13 mil unidades este ano, mas com potencial de crescimento gradual.

Como a Drop não atua na venda direta, os patinetes serão comercializados em mais de mil pontos, principalmente em lojas de material esportivo de shopping centers e em grandes redes de varejo, como Centauro, EletroBom e Martins.

Scooters

"Nosso próximo passo será a produção em larga escala de scooters elétricas em parceria com uma grande fabricante mundial da Ásia que quer entrar no Brasil", informa Ducco.

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A unidade em Manaus emprega atualmente 20 funcionários e futuramente deverá ter 60.

Os patinetes da marca têm autonomia de 30 km a 35 km e a recarga elétrica é feita em três a quatro horas. Têm painel digital com velocímetro, carga de bateria e seleção de potência, retrovisores, farol e freio a disco.

As rodas são calibráveis (maiores que as tradicionais para adaptação às ruas brasileiras, normalmente com muitos desníveis). O veículo importado não tem essa característica, o que o torna menos durável, avalia Ducco. Os modelos da marca atingem velocidade de 25 km/h, a permitida por lei.

Patinetes motorizados surgem no Brasil na década de 1980

Embora tenham se popularizado apenas nos últimos anos, principalmente nas grandes avenidas de São Paulo, como a Faria Lima e a Paulista, os patinetes motorizados não datam deste século. Em 1988, o caderno Moto, do Jornal do Carro, suplemento do Estado, anunciava a chegada da Walk Machine (Máquina de andar, em tradução livre), um patinete com motor que poderia servir tanto para transporte quanto para lazer.

Na época, o então prefeito da cidade de São Paulo, Jânio Quadros, chegou a avaliar a possibilidade de guardas civis utilizarem o equipamento dentro do Parque do Ibirapuera, o que atraiu holofotes ao produto.

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A reportagem do Jornal do Carro testou três patinetes motorizados, levados no bagageiro de um Monza, na Avenida Paulista, e despertou a curiosidade de pedestres e motoristas. Confira mais na reportagem do Acervo Estadão.

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