Bolsa despenca com risco fiscal e atinge menor nível do ano

Ibovespa desabou 2,75%, para 107.735,01 pontos, menor fechamento desde 20 de novembro de 2020

21 out 2021 - 17h39
(atualizado às 17h58)
Pessoas olham para um quadro eletrônico que mostra o gráfico de flutuações  dos índices de mercado no pregão da Bolsa de Valores da BM&F Bovespa no centro de São Paulo
09/05/2016
REUTERS/Paulo Whitaker
Pessoas olham para um quadro eletrônico que mostra o gráfico de flutuações dos índices de mercado no pregão da Bolsa de Valores da BM&F Bovespa no centro de São Paulo 09/05/2016 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

A confirmação de que o governo planeja driblar o teto de gastos para financiar seu programa de auxílio social ditou uma piora generalizada das perspectivas econômicas do país e levou o principal índice de ações brasileiras ao piso em 11 meses.

Também refletindo o receio de uma greve de caminhoneiros e ventos do exterior menos favoráveis, o Ibovespa desabou 2,75%, para 107.735,01 pontos, menor fechamento desde 20 de novembro de 2020.

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A volatilidade decorrente do nervosismo com a rápida deterioração do cenário impulsionou o volume de negócios, que somou 43,4 bilhões de reais.

O movimento legislativo para "adequar" o teto orçamentário, mudando prazo de correção do teto de gastos e acomodar o auxílio a famílias de baixa renda até dezembro de 2022, foi a senha para economistas se certificarem de uma iminente piora das contas públicas, o que deve ser compensado com juros mais altos.

"Desenvolvimentos recentes na frente fiscal contaminam os preços dos ativos, prejudicam a credibilidade da política e aumentam o risco de alta para nossas perspectivas de inflação de médio prazo", afirmou o JPMorgan, prevendo que o Banco Central vai acelerar a alta da Selic nas próximas duas reuniões.

Como resposta, ações de empresas que brilharam durante a pandemia, como de comércio eletrônico e construtoras, que já vinham sendo alvos de realização de lucros, intensificaram as perdas. O mesmo se deu sobre papéis ligados a commodities, com uma derrocada dos preços do minério de ferro na China.

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Por fim, o temor de uma possível greve de caminhoneiros de larga escala pressionou diretamente empresas de combustíveis, após um evento nesta manhã no Rio de Janeiro.

Destaques

- AMERICANAS despencou 10,76% e MAGAZINE LUIZA perdeu 6,34%, ilustrando como ações de empresas que cresceram forte durante a pandemia têm sido fortemente alvejadas por realização de lucros.

- BANCO INTER despencou 10,7%, chegando a 50% de desvalorização desde julho. BANCO PAN retrocedeu 7,88%. GETNET desabou 19,8%, devolvendo quase todo o ganho acumulado deste sua estreia na bolsa, na segunda-feira.

- VIBRA, dona da rede de postos BR, caiu 5,17%, ULTRAPAR, dona da Ipiranga, teve baixa de 5,42%, em meio a temores sobre desdobramentos de uma paralisação de caminhoneiros. Fora do índice, RAÍZEN, dona dos postos Shell no país, recuou 3,16%.

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- PETROBRAS perdeu 3,38%. A companhia divulgou resultados operacionais considerados positivos por analistas. O BTG Pactual afirmou que "outro ciclo de fortes resultados financeiros está a caminho", mas que isso deve ser eclipsado pelo ruído em torno da política de preços dos combustíveis.

- VALE cedeu 1,6%, também sob pressão dos preços de metais ferrosos na China, que despencaram devido à queda nos preços do carvão e estagnação do consumo de aço. USIMINAS tombou 5,4%, CSN perdeu 1,8%.

- BANCO DO BRASIL encolheu 4,2%, BRADESCO teve depreciação de 1,7% e ITAÚ UNIBANCO teve recuo de 1,7%, com os grandes bancos nacionais devolvendo ganhos da véspera.

-SUZANO avançou 1,65%. A produtora de papel e celulose antecipou a meta de remover 40 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, de 2030 para 2025.

- BB SEGURIDADE subiu 0,8%, diante da perspectiva de que a carteira de títulos da seguradora seja beneficiada com um ciclo de alta de juros mais longo.

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