BC faz leilão de dólar à vista em meio a disparada do dólar para perto de recordes

27 ago 2019 - 13h48
(atualizado às 14h18)

O Banco Central vendeu dólares no mercado de câmbio à vista nesta terça-feira, com taxa de corte de 4,125000 reais e lote mínimo de 1 milhão de dólares, na primeira operação sem estar associada a nenhuma outra em cerca de uma década.

07/05/2004. REUTERS/Bruno Domingos
07/05/2004. REUTERS/Bruno Domingos
Foto: Reuters

O BC não divulgou o montante total negociado.

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O leilão foi anunciado enquanto a cotação do dólar disparava, chegando a uma máxima de 4,1956 reais na venda, colada no recorde histórico de fechamento.

Depois do anúncio, o dólar desacelerou os ganhos e chegou a cair para 4,1235 reais. Às 13h55, a moeda voltava a subir 0,43%, a 4,1586 reais na venda.

As questões externas, centradas sobretudo nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, têm tido peso importante na valorização do dólar no Brasil, mas havia aumentado recentemente o coro de analistas questionando a falta de ação adicional do BC no câmbio, enquanto o real se depreciava mais que os pares.

Mas, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal nesta terça, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal. "O real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal", afirmou.

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A divisa brasileira cai cerca de 8,1% ante o dólar em agosto, segundo pior desempenho global, melhor apenas que o peso argentino.

Mais cedo, o BC já havia vendido 550 milhões de dólares no mercado à vista, mas a operação estava associada a uma venda de mesmo montante em swaps cambiais reversos.

O BC também tem ofertado nos últimos anos dólares das reservas, mas com compromisso de recompra, em operações conhecidas como linhas.

Um gestor destacou que a intervenção do Banco Central "piorou" outras moedas emergentes, como peso mexicano, peso argentino e rand sul-africano. "Isso mostra que está todo 'hedgeado' no real", disse, referindo-se a posição vendida na moeda brasileira (apostando na desvalorização).

Esse "hedge" aumentou conforme os diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo caíram a mínimas recordes, o que barateou a utilização do real como instrumento de proteção a posições em outros ativos, como ações e renda fixa.

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