O Banco Fibra, na contramão do mercado, não espera aumento da taxa Selic em 2019. Nesta segunda-feira, 22, o banco revisou a projeção anterior de que o ciclo de elevação de juro básico começaria no ano que vem. Agora, acredita que a taxa permanecerá em 6,50% em 2019. A estimativa vai na direção contrária à mediana da pesquisa Focus do Banco Central (BC) desta segunda-feira, que mostra Selic em 8,00% no fim do ano que vem.
"Esperávamos um ciclo de alta de 150 pontos no segundo semestre, mas isso não necessariamente indica que o juro terminaria neste nível em 2019. Ia depender de várias questões", explicou ao Broadcast o economista-chefe do Fibra, Cristiano Oliveira.
O economista acredita que o juro ficará em 6,50% na próxima quarta-feira, 31, e o Comitê de Política Monetária (Copom) não adotará viés em decisão unânime. Em nota, explica que o Copom deverá sinalizar novamente que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da sua taxa de juros estrutural, cujas estimativas serão continuamente reavaliadas pelo comitê.
O Fibra explica que dentre os fatores que justificam a expectativa de manutenção do juro em 6,50% pelo menos até o próximo ano está a elevada ociosidade da economia que, conforme o banco, deve ser paulatinamente preenchida nos próximos trimestres sem provocar pressão inflacionária significativa nos próximos semestres. O banco acrescenta ainda ancoragem das expectativas inflacionárias em torno do centro da meta, sobretudo para os prazos mais relevantes para o BC.
Um outro motivo que explica a estimativa de Selic em 6,50% em 2019, cita, é o recuo atual das medidas de núcleo da inflação, que estão compatíveis com cumprimento do centro da meta para a inflação. Além disso, completa, "a forma de reduzir a taxa de juros real ex-post, que apesar de menos relevante do ponto de vista das decisões de poupança e investimento, tem impacto negativo no balanço das empresas e, certamente, é um objetivo desta administração."
O Banco Fibra ainda manteve a projeção de R$ 4,20 para a taxa de câmbio em 2019. Conforme a instituição, a estimativa de depreciação cambial nos próximos meses e especialmente no ano que vem leva em consideração o cenário externo mais desafiador para emergentes. O banco vê que uma política monetária mais restritiva nos EUA deve pressionar o valor das moedas dos emergentes.