A Grécia se comprometeu com seus credores com a criação de um novo fundo independente que gerenciará os ativos estatais que serão privatizados, com o objetivo de gerar cerca de 50 bilhões de euros e assim tentar pagar parte de suas dívidas.
Mas o dinheiro não virá rapidamente. O plano é gerar esse montante durante a "vida do novo empréstimo" que será concedido ao país. Não foi anunciado quanto tempo isso levará - mas poderá ser décadas.
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O pagamento final do segundo resgate financeiro para a Grécia está planejado para 2054.
A privatização tem sido um elemento constante dos resgates gregos desde o primeiro deles, em 2010.
Entenda o que está em jogo nas privatizações estabelecidas como condições para que a Grécia receba mais ajuda. E saiba o que pode ser vendido.
Qual o objetivo?
Há dois motivos para os credores - União Europeia e Fundo Monetário Internacional - estarem interessados em incluir a venda de ativos estatais nos planos para a Grécia: melhorar a eficiência econômica e arrecadar dinheiro para aliviar as tensões financeiras no setor público grego.
Já em 2011, falava-se em arrecadar 50 bilhões de euros com privatizações, objetivo que deveria ser alcançado ao final de 2015. Mas este prazo não será cumprido. O próprio FMI já falava, em 2011, que a meta era ambiciosa.
Há cerca de um ano, o órgão avaliou que "o desempenho das privatizações seguia abaixo das expectativas."
A revisão projetava arrecadação de 22,4 bilhões de euros com privatizações, menos da metade da quantia anterior e apenas para 2022, muito depois do prazo original.
Como será feito?
O plano de privatização mais recente restabelece a meta de 50 bilhões de euros. Mas a chegada desse dinheiro está prevista para mais adiante.
Há também planos de uma nova agência para supervisionar este trabalho - apesar da Grécia já ter uma. A busca por uma substituição reflete a frustração da zona do euro com os objetivos que não foram cumpridos.
Originalmente, os credores lutavam por uma agência com sede fora da Grécia. Mas eles cederam e concordaram que o fundo seja sediado na Grécia e administrado por autoridades gregas, mas "sob a supervisão das instituições europeias competentes."
O que poderá ser vendido?
Há uma grande carteira de propriedades - cerca de 70 mil, de acordo com o FMI.
Planos para vender aeroportos regionais e o porto de Pireu já estão bem avançados e há outras operações de infraestrutura que poderiam ser vendidos, como outros portos, marinas, estradas, refinarias de petróleo, redes de gás, água e esgoto e o serviço postal.
A da agência grega que supervisiona as privatizações lista também grandes terrenos à beira-mar em cidades turísticas, participações em imóveis, hotéis de propriedade do governo e até mesmo um castelo histórico.
Eventualmente, poderia ser uma oportunidade para Atenas vender ações públicas nos bancos. Mas é provável que eles recebam novas injeções de capital como parte do próximo resgate, então a perspectiva de curto prazo é de um aumento de propriedade pública.
Mas informações sobre os ativos estão desatualizadas e muitos têm disputas sobre títulos de terra ou estão ocupados ilegalmente.
Para que sejam colocadas à venda, será necessário um grande trabalho preparatório. Alguns destes locais têm grande potencial de desenvolvimento do turismo.
O que será feito com o dinheiro?
Suponha-se que o dinheiro, finalmente, entre neste novo fundo. O montante será usado para reembolsar o dinheiro da zona do euro usado para escorar os bancos.
Parte dos recursos irá para a redução do peso da dívida do governo e, outra parte, de acordo com a declaração, será utilizado para investimentos não especificados.