A assustadora e enigmática morte diante das câmeras

Modelo Tales Cotta ganha triste fama póstuma após sofrer mal súbito fatal na SPFW

28 abr 2019 - 13h41
(atualizado às 13h47)

O ápice para um modelo na passarela é parar diante do pit – área onde se espremem fotógrafos e cinegrafistas – e ser o centro das atenções por dois ou três segundos antes de fazer o caminho de volta ao backstage.

Foi justamente ao virar de costas para a imprensa e começar sua retirada do desfile da Ocksa que Tales Cotta cambaleou e caiu ao chão, inconsciente.

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Socorristas fizeram o procedimento de ressuscitação e o levaram a um pronto-socorro, mas a morte foi confirmada logo depois.

A imagem da tristeza na capa da edição deste domingo, dia 28, da Folha de S. Paulo, em foto de Rahel Patrasso/Xinhua
A imagem da tristeza na capa da edição deste domingo, dia 28, da Folha de S. Paulo, em foto de Rahel Patrasso/Xinhua
Foto: Reprodução

Incompreensivelmente, o desfile da marca foi retomado e a programação da SPFW seguiu como se nada grave tivesse acontecido.

Algo parecido ocorreu em fevereiro deste ano, quando o figurante Joseph Zimmerman passou mal durante uma gravação de O Sétimo Guardião e morreu em seguida. As cenas continuaram a ser rodadas nos estúdios da Globo.

Se Tales fosse um top model e Joseph, um ator badalado, a consequência teria sido diferente.

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Haveria maior comoção, interrupção imediata dos trabalhos e necessária autoanálise da relação das pessoas com o ofício artístico e vice-versa.

Morrer diante de câmeras e do público foi o desejo confessado por muitos famosos da música e das artes cênicas ao longo da história.

Aconteceu algumas vezes, Contudo, na prática, o que seria poesia é apenas tristeza e incompreensão.

Ao mesmo tempo, serve de descarga elétrica para nos tirar da letargia conveniente.

A última imagem postada por Tales Cotta em sua página no Instagram, feita pelo fotógrafo Iude Richele: a vida é um sopro
Foto: Instagram / Reprodução

Testemunhar a passagem de alguém faz a gente refletir a respeito da própria vida – e deixa mais evidente a finitude e sua imprevisibilidade.

“As pessoas morrem em qualquer lugar do planeta: na rua, dentro de casa, no hospital, as pessoas morrem, morrem. Pode acontecer de morrer numa passarela, mas é simbólico”, desabafou no Stories do Instagram a jornalista Alexandra Farah, uma das maiores especialistas em moda do País.

“A morte do Tales é uma metáfora de que não está certo, não está legal, de que tudo por dinheiro já era.”

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As fotos e os vídeos do corpo inerte de Tales Cotta na passarela agora fazem parte da trajetória imagética da SPFW.

O rapaz, de 26 anos, ganhou fama póstuma, porém, em alguns dias, e na próxima edição do evento de moda, poucos se lembrarão dele.

A maioria estará preocupada apenas em se vestir para ‘causar’ a fim de ostentar nas redes sociais. Vida fake que segue.

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