Sabia que este fungo produz ouro?

Fungo produtor de ouro transforma minerais em nanopartículas e inspira mineração sustentável, unindo ciência, tecnologia verde e futuro da extração

18 dez 2025 - 17h03

Nas últimas décadas, pesquisadores passaram a observar um comportamento curioso em alguns microrganismos do solo. Entre eles, o fungo Fusarium oxysporum chamou a atenção por interagir de forma direta com metais presentes em rochas e sedimentos. Em condições específicas, esse organismo transforma compostos minerais em pequenas partículas de ouro, invisíveis a olho nu, mas claramente detectáveis em laboratório.

Esse fenômeno não significa que o fungo forme pepitas ou veios dourados. O que ocorre é um processo microscópico, ligado à biologia e à química do ambiente. Ainda assim, o fato desperta interesse em diferentes áreas, como geologia, biotecnologia e mineração. A partir dessas observações, surgem perguntas sobre o papel dos seres vivos na formação de depósitos metálicos e sobre possíveis usos desse mecanismo em tecnologias limpas.

Publicidade
fusarium oxysporum, fungo que produz ouro – depositphotos.com / mironovm
fusarium oxysporum, fungo que produz ouro – depositphotos.com / mironovm
Foto: Giro 10

Fungo que produz ouro: o que a ciência já sabe?

A expressão "fungo que produz ouro" costuma se referir ao Fusarium oxysporum. Esse fungo vive naturalmente em solos agrícolas e ambientes úmidos. Em presença de minerais que contêm ouro em baixíssimas concentrações, ele executa uma sequência de reações químicas. Primeiro, absorve íons metálicos, incluindo ouro, junto com outros elementos, como ferro, cálcio e alumínio.

Em seguida, o fungo secreta enzimas e outras moléculas redutoras. Essas substâncias alteram o estado químico do metal. Assim, o ouro deixa a forma iônica, solúvel, e passa para a forma sólida, como nanopartículas. Essas partículas se depositam sobre os filamentos do fungo, formando uma espécie de película metálica. Pesquisadores visualizam esse recobrimento usando microscopia eletrônica, já que a camada fica muito fina.

Estudos indicam que, em alguns cenários de laboratório, o crescimento do fungo se torna até mais rápido na presença de ouro. Isso sugere uma adaptação biológica ao ambiente rico em metais. Ainda não há consenso sobre todos os detalhes do mecanismo, porém a comunidade científica já reconhece o papel das enzimas redox nesse processo de biomineralização.

Como o fungo transforma minerais em ouro?

Para entender como o fungo que produz ouro atua, pesquisadores descrevem o processo em etapas. Tudo começa com a interação entre o fungo e as partículas minerais no solo. Os filamentos fúngicos percorrem fissuras e poros das rochas, onde encontram compostos metálicos. A partir daí, ocorrem três movimentos principais.

Publicidade
  • Absorção de íons metálicos: o fungo retira metais dissolvidos em água ou em fluidos do solo.
  • Reações bioquímicas: enzimas produzidas pelo organismo oxidam e reduzem íons, mudando sua forma química.
  • Formação de nanopartículas: o ouro se deposita em estado sólido sobre a superfície dos filamentos.

Esse processo lembra, em parte, o que bactérias fazem com ferro e manganês em ambientes aquáticos. No caso do ouro, porém, as nanopartículas permanecem aderidas ao fungo. As dimensões são tão pequenas que medem poucos bilionésimos de metro. A partir daí, o material pode seguir o fluxo natural do ambiente, sendo redistribuído ao longo do tempo por água, vento e atividade de outros organismos.

fusarium oxysporum, fungo que produz ouro – depositphotos.com / mironovm
Foto: Giro 10

Quais são as implicações desse fungo que produz ouro?

A descoberta desse fungo que produz ouro em escala nano levanta discussões sobre o ciclo do metal na natureza. Geólogos já sabiam que o ouro se move lentamente pela crosta terrestre. Agora, fica mais claro que seres vivos também participam desse transporte. O fungo age como um mediador, retirando ouro de formas dispersas e concentrando-o em partículas sólidas.

Esse comportamento ajuda a explicar por que alguns depósitos auríferos apresentam sinais de atividade biológica antiga. Em regiões com solos específicos, a presença de fungos e bactérias pode favorecer a concentração gradual do metal. Assim, a biologia passa a integrar modelos de formação de jazidas, junto com processos tectônicos, hidrotermais e erosivos.

Ao mesmo tempo, a biotecnologia enxerga nesse mecanismo uma oportunidade de desenvolver métodos de mineração sustentável. Em vez de grandes escavações e uso intenso de reagentes químicos, alguns projetos investigam o uso de microrganismos para recuperar ouro de minérios pobres ou de rejeitos industriais. O objetivo é reduzir resíduos, consumo de energia e impacto ambiental.

Publicidade

Esse fungo pode substituir a mineração tradicional?

Apesar do interesse, especialistas ressaltam limites importantes. O fungo que produz ouro atua em volumes muito pequenos. A quantidade recuperada em condições naturais permanece microscópica. Mesmo em biorreatores controlados, a produção não se aproxima, por enquanto, dos níveis exigidos pela mineração comercial.

Por isso, a expectativa atual não aponta para a substituição total de minas convencionais. Em vez disso, o cenário mais citado envolve usos complementares. O fungo e outros microrganismos podem ajudar a:

  1. Recuperar ouro de resíduos de mineração e eletrônicos.
  2. Tratar efluentes contaminados por metais, reduzindo riscos ambientais.
  3. Indicar áreas com presença de ouro, funcionando como "bioindicadores".

Além do setor mineral, há interesse na aplicação dessas nanopartículas em campos como catálise, sensores e até medicina. Em 2025, grupos de pesquisa continuam testando cepas de Fusarium e ajustando condições de cultivo. A meta é aumentar a eficiência de produção, sempre dentro de protocolos de segurança e controle ambiental.

Dessa forma, o chamado fungo que produz ouro se consolida como um exemplo de como processos biológicos podem interagir com metais preciosos. O fenômeno ainda se mantém restrito a escalas microscópicas, porém já influencia modelos científicos, tecnologias de extração e debates sobre mineração de baixo impacto em terra e, futuramente, até em outros corpos celestes.

Publicidade
Gosta de TV e famosos? Que tal acompanhar as notícias de entretê?
Ativar notificações