Rei do Bolero e da tragédia: A vida e a queda de Lindomar Castilho

O cantor Lindomar Castilho construiu uma trajetória marcada por extremos. Dono de uma das vozes mais conhecidas do país nas décadas de 1960 e 1970, ele alcançou projeção nacional com canções românticas. Além disso, manteve forte presença em rádios populares e registrou vendagens expressivas de discos. Aos 85 anos, morreu e deixou a imagem de […]

26 dez 2025 - 19h03

O cantor Lindomar Castilho construiu uma trajetória marcada por extremos. Dono de uma das vozes mais conhecidas do país nas décadas de 1960 e 1970, ele alcançou projeção nacional com canções românticas. Além disso, manteve forte presença em rádios populares e registrou vendagens expressivas de discos. Aos 85 anos, morreu e deixou a imagem de um artista que viveu o auge da fama. No entanto, um crime chocou o Brasil e interrompeu sua carreira de forma brusca. Esse episódio alterou para sempre a forma como o público passou a lembrar seu nome.

Durante os anos de maior popularidade, Lindomar aparecia com frequência em programas de televisão, apresentações em clubes e casas de show. A figura do "cantor apaixonado" consolidou seu repertório. Suas letras falavam de ciúme, separação e reconciliação amorosa. Desse modo, esse perfil o aproximou de um público amplo, especialmente das camadas populares urbanas. A imagem pública, porém, entrou em choque com o que aconteceu em 1981. Esse episódio transformou o ídolo em réu e mudou por completo o curso de sua vida.

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Foto: depositphotos.com / AndrewLozovyi / Giro 10

Quem foi Lindomar Castilho e por que sua carreira marcou época?

A palavra-chave central para entender essa trajetória é Lindomar Castilho. Esse nome se associa a um tipo de música romântica que dominou as paradas no período pré-digital. Nascido em Goiás, ele iniciou a carreira ainda jovem e migrou para grandes centros em busca de espaço na indústria fonográfica. Ao longo dos anos 1960 e 1970, consolidou-se com um estilo vocal intenso. Além disso, utilizou arranjos orquestrados e temática sentimental, o que garantiu destaque em emissoras de rádio AM e em pistas de bailes.

Os discos de Lindomar circulavam em grande volume em lojas populares e bancas de camelô. Assim, suas canções integravam o cotidiano de muitos lares. Seu repertório dialogava com o chamado "brega romântico", segmento que a crítica especializada frequentemente subestimava. No entanto, esse estilo possuía enorme apelo comercial. A figura do cantor aparecia associada a ternos bem alinhados, gestos dramáticos no palco e uma interpretação com forte ênfase nas emoções. Dessa forma, sua performance se encaixava nas expectativas de um público fiel.

O crime de 1981: o que aconteceu com Lindomar Castilho?

Em 1981, Lindomar Castilho protagonizou um episódio que mudou de forma radical a percepção do público sobre sua imagem. Em um clube noturno de São Paulo, durante uma discussão, ele atirou contra a ex-mulher, a cantora Eliana de Grammont. Ela também atuava no meio musical e mantinha carreira em ascensão. A artista morreu no local ou pouco depois, conforme os relatos da época. O caso rapidamente ganhou espaço nos telejornais, rádios e jornais impressos. Assim, o episódio gerou comoção e debates sobre violência doméstica e ciúme no ambiente artístico.

O processo criminal terminou com a condenação do cantor por homicídio. A partir daí, a carreira de Lindomar entrou em colapso imediato. As gravadoras encerraram contratos, e os convites para programas de TV deixaram de chegar. Além disso, parte do público passou a rejeitar a associação de suas músicas a momentos de lazer e romance. O nome que antes ocupava vitrines de lojas de discos passou a surgir nas páginas policiais. A palavra-chave "Lindomar Castilho" se vinculou tanto à música quanto ao crime.

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Do ponto de vista simbólico, o caso também mostrou que a fama não impede a responsabilização criminal. O julgamento recebeu ampla cobertura e revelou detalhes sobre o relacionamento do casal. Diversos relatos mencionaram brigas anteriores e discussões sobre motivação, ciúme e posse. Naquele contexto, ainda muito anterior às redes sociais, o impacto ocorreu principalmente por meio de programas de auditório, revistas semanais e noticiários. Por isso, o caso alcançou grande repercussão nacional. Mais tarde, estudos sobre violência de gênero também retomaram o episódio para discutir a cultura do ciúme e da impunidade.

Como foi a vida de Lindomar Castilho após a prisão?

Depois da condenação, Lindomar Castilho cumpriu pena em regime fechado e, posteriormente, em modalidades mais brandas, de acordo com a legislação vigente. Nesse período, ele não rompeu totalmente com a música. Há registros de que ainda cantava em momentos específicos, muitas vezes em ambientes restritos, como eventos internos e celebrações privadas. No entanto, a rotina passou a ser a de um homem que precisava lidar com o peso do próprio passado e da culpa pública.

Com o passar dos anos, e após o cumprimento de parte da pena, o cantor tentou retomar a vida em liberdade. Essa nova fase apresentou forte marca de discrição. Em vez de grandes turnês, surgiram apresentações pontuais, geralmente em casas menores ou eventos nostálgicos. Esses shows atraíam públicos específicos, interessados no repertório dos anos 1970 e 1980. A exposição na mídia se tornou escassa. Quando seu nome reaparecia, o crime de 1981 continuava em evidência e funcionava como um marco incontornável de sua biografia.

  • Perda de protagonismo na indústria fonográfica.
  • Redução drástica de convites para TV e rádio.
  • Repertório associado a um passado controverso.
  • Busca por uma vida mais reservada após a liberdade.

De ídolo nacional ao anonimato: como foram os últimos anos?

Nos últimos anos de vida, Lindomar Castilho manteve um perfil ainda mais recolhido. A idade avançada e questões de saúde comuns à faixa etária limitaram deslocamentos e compromissos profissionais. Assim, a imagem pública, que um dia se associou a multidões em shows, passou a ser a de um ex-artista em recolhimento. O público que ainda o lembrava envelheceu, e novas gerações conheceram seu nome principalmente por meio de reportagens sobre o crime.

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Em termos de produção musical, ele não promoveu uma retomada significativa que o recolocasse no centro da cena cultural. Alguns registros fonográficos permaneceram disponíveis em catálogos digitais e coletâneas. Dessa maneira, canções antigas continuaram a circular, ainda que em escala modesta. O nome Lindomar Castilho passou a frequentar mais o campo da memória e da curiosidade histórica. O consumo ativo de novidades praticamente desapareceu.

  1. Período de auge com forte presença em rádio e TV.
  2. Crime de 1981 e consequente condenação.
  3. Cumprimento de pena e afastamento dos grandes palcos.
  4. Tentativas discretas de retorno artístico.
  5. Velhice marcada por recolhimento e baixa exposição pública.

Ao morrer aos 85 anos, Lindomar Castilho deixou um legado ambíguo. O sucesso estrondoso se mistura a um episódio de violência que redefiniu sua biografia. Sua história mostra como a trajetória de um artista pode mudar de forma profunda por atos cometidos fora dos palcos. Além disso, revela como a opinião pública passa a julgar a obra à luz da vida pessoal. Desse modo, o caso influencia para sempre a forma como sua obra e seu nome aparecem no cenário cultural brasileiro.

Foto: depositphotos.com / ArturVerkhovetskiy / Giro 10
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