Rael refletiu sobre os desafios da fama, como a perda de privacidade, destacou o valor do fortalecimento da cena musical em sua trajetória e lançou o novo álbum "Onda", que marca encontros intergeracionais na música.
O rapper Rael, de 41 anos, é grato a todos os benefícios que a fama lhe trouxe. Entretanto, a notoriedade também tirou dele algumas coisas que considera sagradas — como relações e privacidade. Há alguns meses, por exemplo, seu filho foi vítima de racismo em um mercado, e o caso acabou ganhando repercussão na imprensa.
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“Cara, os benefícios que a fama me trouxe foram de me sentir incluso nas coisas. Eu venho da periferia, preto, daquela coisa do Brasil que a gente tem, colonial. E a música me deu notoriedade. Às vezes eu entro num rolê e as pessoas já me notam: ‘É o Rael’, tá ligado? Não é o mano que veio de Iporanga, de quebrada — é o Rael. Isso foi uma coisa boa. O ruim é que, às vezes, muita gente muda com você. Você não mudou, mas elas mudam. Acho que esse é o lado ruim”, comentou ele, em entrevista exclusiva ao Terra.
Na sequência, o cantor falou sobre o valor que dá à privacidade e como ela se tornou escassa com a fama.
“Você também não tem mais descrição, não tem mais privacidade, sua vida fica aberta”, disse, fazendo referência ao episódio envolvendo seu filho. O caso aconteceu em São Paulo, e o estabelecimento se desculpou pela abordagem inadequada imposta ao menino.
Novo álbum e apoio ao movimento
Rael se apresentou no João Rock, no sábado, 14 de junho, e para esse show convidou FBC e Rincon Sapiência. Para o rapper, é importante estar em contato e fortalecer a cena musical do rap e trap.
“Foi incrível me apresentar junto com eles. Eu comecei nesse rolê do João Rock em 2017, se não me engano, depois vim em 2019, como convidado do Mano Brown. Essa foi minha primeira vez convidando alguém, e é uma realização pessoal e profissional ao mesmo tempo. O que eu acho interessante no João Rock é essa coisa de fortalecer a cena, de quem tá chegando. Dentro desses meus 26 anos fazendo música, achei que foi um momento incrível convidar o Rincon e o FBC”, contou.
Para ele, manter a cena viva é essencial. “É importante fortalecer porque a música precisa continuar viva, e eu não vou ficar aqui pra sempre. Então tem gente vindo, que a gente precisa acolher — ainda mais se você acredita na música. Eu sempre fiz esse movimento intergeracional com quem veio depois e com quem veio antes. Aprendi com os que vieram antes e não tô dizendo que ensinei, mas convivi com os que chegaram depois”.
Recentemente, Rael lançou o novo álbum de estúdio, Onda. O projeto, que levou seis anos para ficar pronto, reúne nove parcerias, de Ludmilla a Dom Filó, e é marcado pelo encontro entre gerações. Ao falar sobre a produção, ele conta que o maior desafio foi conciliar as agendas.
“Foi difícil, são nove pessoas — e são aquelas nove pessoas, tipo Mano Brown, Ludmilla, Marina Sena, Ed Luna, Mestrinho, Dom Filó… Pessoas que eu admiro e que têm uma agenda muito complicada. Então imagina fazer um processo criativo contando com elas. Foi desafiador, mas ao mesmo tempo muito prazeroso quando você consegue concluir o trabalho. Hoje eu tenho esse registro, que vai ficar pra vida inteira”.
O cantor explica ainda que a demora no lançamento foi proposital. Depois de anos trabalhando sem descanso, ele resolveu produzir sem pressa. A criação começou em 2019, ficou parada em determinado momento e, quando retomou o projeto, concluiu em apenas 45 dias.
A reportagem do Terra viajou para Ribeirão Preto para acompanhar o João Rock a convite da Eisenbahn*.