O hit de Kendrick Lamar e SZA que quase foi um interlúdio

Canção que passou 13 semanas no topo da Billboard e é uma das favoritas a ganhar o Grammy de Canção do Ano

21 dez 2025 - 14h15

Durante meses, uma parceria entre Kendrick Lamar e SZA dominou as paradas globais como se tivesse nascido predestinada ao sucesso. A música atravessou rádios, playlists e premiações com naturalidade rara, tornando-se um dos maiores fenômenos comerciais e críticos do período recente — dessas faixas que parecem sempre ter existido.

Foto: Michael Owens/Getty Images / Rolling Stone Brasil

O que o público não via era o caminho tortuoso que antecedeu esse resultado. Dentro do estúdio, a ideia inicial estava longe de ocupar posição de destaque. Não havia estrutura de single, nem ambição explícita de hit. Tratava-se de algo pequeno, quase utilitário, pensado para cumprir uma função discreta dentro de um projeto maior, sem chamar atenção para si.

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A virada aconteceu de forma silenciosa. Um sample clássico circulava há anos entre sessões inacabadas, sempre promissor, nunca resolvido. Sem bateria, sem arranjo fechado, apenas fragmentos e uma melodia cantarolada. Foi nesse ponto, quando uma linha vocal específica surgiu, que todos perceberam que aquela música não aceitava mais ser apenas passagem. Ali, ela deixou de ser coadjuvante.

Só então "luther" começou a se revelar como conhecemos hoje. O que era interlúdio ganhou corpo, emoção e centralidade, transformando-se em um dos pilares de GNX (2024). A canção cresceu de dentro para fora, sem pressa, até se impor como o momento mais magnético do disco.

O resultado foi histórico: 13 semanas consecutivas no topo da Billboard Hot 100, indicações ao Grammy nas categorias principais e um raro consenso entre público e crítica. Ainda assim, o fascínio por "luther" parece estar ligado justamente ao fato de ela quase não ter sido o que é — uma música que escapou do destino de ser apenas um detalhe.

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A parceria entre Kendrick Lamar e SZA sempre foi construída em encontros precisos, mas nunca óbvios. Desde os primeiros anos da cantora no círculo criativo do rapper, os dois desenvolveram uma química baseada em contraste: controle conceitual de um lado, entrega emocional do outro. Essa dinâmica já havia rendido faixas marcantes como "All the Stars", da trilha de Pantera Negra (2018), e "Doves in the Wind", em que Kendrick aparece como contraponto lírico direto e provocador.

Rolling Stone Brasil
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