Lady Gaga voltou a se posicionar de forma firme sobre os rumos da música contemporânea e o avanço da tecnologia no processo criativo. Em entrevista recente a Zane Lowe, da Apple Music, a artista revelou que não pretende adotar a inteligência artificial na criação de suas músicas. Segundo ela, a experiência com ferramentas de IA não despertou qualquer emoção ou aprendizado artístico.
A cantora, que já está novamente em estúdio trabalhando em material inédito, afirmou que chegou a testar recursos baseados em inteligência artificial por curiosidade e para entender como funcionavam. O resultado, no entanto, foi frustrante. "Eu até experimentei essas ferramentas de inteligência artificial na música, porque queria entender. E não senti nada. Não aprendi nada, não senti nada", declarou Gaga.
Durante a conversa, Lady Gaga foi direta ao explicar por que não se identifica com o uso da IA na música. Para ela, existe uma confusão perigosa entre eficiência técnica e essência artística. A cantora defende que o processo criativo envolve tempo, aprendizado e até dor, elementos que, segundo ela, não podem ser replicados por algoritmos.
"O aprendizado, o tempo e até a dor fazem parte do processo. Confundem eficiência com essência", afirmou. Gaga ainda demonstrou tranquilidade em relação ao futuro da música, acreditando que a arte feita por humanos continuará encontrando espaço. "Acho que vamos ficar bem", completou, em tom confiante.
Enquanto parte da indústria discute o uso de IA como ferramenta para composição, produção e até criação de vozes artificiais, Lady Gaga segue na contramão dessa tendência. A artista confirmou que já trabalha em novas músicas e reforçou que seus projetos recentes foram desenvolvidos sem qualquer interferência de inteligência artificial.
Esse posicionamento ganha ainda mais força diante do reconhecimento que ela vem recebendo. Gaga está indicada a sete prêmios no Grammy, sendo seis por "MAYHEM" e um por "Harlequin", dois álbuns com propostas diferentes, mas unidos pela liberdade criativa e pelo trabalho artesanal.
Ao falar sobre as indicações, Lady Gaga destacou o quanto se sente grata por ser celebrada pela musicalidade depois de tantos anos de carreira. "Estou muito animada de estar lá com meu parceiro Michael [Polansky, noivo], os músicos e toda a equipe. É especial estar indicada por dois álbuns tão diferentes. Ambos prosperam no caos", comentou.
A cantora também refletiu sobre sua trajetória recente e resumiu esse período com uma palavra: "ofício". Para ela, o valor da música está no constante aprendizado e na curiosidade artística. "O mundo pode ser muito competitivo, mas quando começo a pensar em 'ganhar', eu me pergunto: ganhar o quê? Para mim, ganhar é aprender algo novo", disse.
O posicionamento de Lady Gaga surge em meio a um debate cada vez mais intenso sobre o uso da inteligência artificial na música. Nos últimos meses, cantores criados por IA começaram a aparecer em paradas da Billboard, enquanto artistas reais enfrentam polêmicas envolvendo deepfakes, vozes falsas e uso indevido de imagem.
Casos recentes, como críticas a capas de singles criadas com IA e golpes aplicados com vídeos falsos de artistas famosos, aumentaram a desconfiança de parte do meio artístico. Gaga, conhecida por defender autenticidade e expressão emocional, reforça uma visão mais humanizada da criação musical.
Além do sucesso no Grammy, Lady Gaga também apareceu em destaque na lista dos 100 melhores álbuns de 2025 da revista Rolling Stone. O disco "MAYHEM" ficou na segunda posição, atrás apenas de "Debí Tirar Más Fotos", de Bad Bunny. O pódio foi completado por "LUX", da Rosalía.
O reconhecimento da crítica reforça o impacto da artista em uma indústria em constante transformação. Mesmo sem aderir às novas tecnologias de inteligência artificial, Lady Gaga segue relevante, inovadora e conectada com seu público.
Lady Gaga aposta no humano como diferencial
Ao rejeitar o uso de IA na música, Lady Gaga não se mostra avessa à tecnologia, mas deixa claro que vê limites quando o assunto é criação artística. Para ela, emoção, vivência e imperfeição continuam sendo os elementos que tornam uma música verdadeira.
Em um cenário cada vez mais automatizado, Gaga reafirma sua essência e aposta no que sempre definiu sua carreira: autenticidade, coragem criativa e conexão emocional com quem escuta.