Por que só Bacci publica notas positivas sobre Oruam e o resto da mídia o despreza

Revolta do rapper com a imprensa, ao deixar delegacia, suscita reflexão sobre a imparcialidade jornalística

21 fev 2025 - 11h08

“Pesquisa: mulheres dizem que ‘sorriso Oruam’ faz aumentar desejo sexual”; 

“Jovem revela sonho picante com Oruam e web pira: ‘sonho de todas’”; 

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“8 em cada 10 internautas pegariam Oruam: ‘Dá arrepio’”; 

“Oruam abusa da sedução e fã reage: ‘Desse jeitinho ele me mata’”; 

“Enquete revela que 70% de mulheres têm desejos proibidos ao verem Oruam”; 

As manchetes acima foram tiradas do Bacci Notícias, o perfil de Luiz Bacci no Instagram, com 24,5 milhões de seguidores. 

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Na quinta-feira (20), a página fez cobertura da prisão de Oruam após alegada infração de trânsito. Vários vídeos exclusivos mostraram a movimentação na delegacia. 

O ex-apresentador do ‘Cidade Alerta’, da Record, é o único da grande mídia a publicar notícias positivas sobre o rapper e a tratá-lo como celebridade do 1º escalão. 

A maioria da imprensa – incluindo perfis populares sobre fofocas de famosos – dá espaço a ele apenas quando surge polêmica capaz de suscitar engajamento. 

Na saída do DP, após ser liberado mediante pagamento de fiança, Oruam manifestou indignação com os jornalistas à sua espera. 

“Eu sou o artista mais ouvido do Brasil, do Trap, e ninguém nunca quis me entrevistar. Agora que eu tô saindo do bagulho aí, vocês querem me entrevistar”, disse diante de câmeras e flashes. 

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“Top 1 no YouTube, no Spotify, o artista mais ouvido do Brasil, ninguém quis me entrevistar.” Uma repórter perguntou se a prisão faria “parte de marketing”. O cantor refutou. “Marketing de quê, mano? Ô...” 

A reclamação de Oruam tem nexo: independentemente de gostar ou não de suas músicas e sua imagem, os veículos de comunicação profissionais não deveriam ignorá-lo. 

Ele representa parcela gigantesca da população (especialmente jovens dos subúrbios e periferias) e possui números relevantes no mercado musical. 

A mesma esnobada de formadores de opinião já foi vista em relação aos sertanejos e funkeiros. Tudo o que foge da MPB e do rock tradicional – gêneros associados à classe média alta, à intelectualidade e ao rótulo elitista de ‘boa música’ – acaba boicotado ou, pior, gera críticas nada imparciais. 

Não se trata, aqui, de defender as letras controvérsias de Oruam e outros rappers antissistema, e sim de questionar se a imprensa não deveria dar mais atenção ao consumo cultural das faixas sociais marginalizadas. Até para fazer avaliações com mais conhecimento. 

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As manchetes sobre o rapper no Bacci Notícias podem ser exageradas e bajuladoras, porém, o mesmo se faz com artistas aclamados pela grande mídia. Passou da hora de a cobertura dos artistas da música ser menos excludente, arbitrária e esnobe. 

Oruam criticou jornalistas que o esperavam na saída do DP: "Antes, ninguém quis me entrevistar"
Oruam criticou jornalistas que o esperavam na saída do DP: "Antes, ninguém quis me entrevistar"
Foto: Reprodução
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