O momento em que Léo, filho de Marília Mendonça, aparece tocando uma música da mãe emocionou fãs e reacendeu reflexões sobre como crianças vivem e expressam o luto. A cena, simples e carregada de significado, mostra que a ausência não apaga o vínculo, ela o transforma.
Para a psicóloga Anastácia Barbosa, o gesto de Léo vai muito além da repetição de um som conhecido. "Quando a criança toca a música, ela não está apenas reproduzindo notas. Ela está acessando memórias afetivas, vínculos e emoções que continuam vivas dentro dela."
A música como forma de elaborar a saudade
Segundo a psicóloga, crianças não elaboram o luto da mesma forma que adultos. Elas sentem profundamente, mas expressam essa dor por caminhos próprios, e a música pode ser um deles.
"A música vira linguagem emocional. É um jeito seguro de sentir saudade, amor e conexão, mesmo diante da ausência."
Anastácia explica que, para a criança, o som funciona como ponte simbólica entre o que foi vivido e o que permanece internamente. Ao tocar a música da mãe, Léo encontra uma forma de manter o vínculo sem precisar verbalizar algo que ainda é difícil de nomear.
Crianças não esquecem: elas ressignificam
A psicóloga reforça que perdas importantes não são apagadas na infância. Elas são, aos poucos, ressignificadas. "Crianças não esquecem perdas significativas. Elas aprendem, com o tempo, a dar novos significados a essas ausências."
O processo acontece de maneira gradual, respeitando o ritmo emocional da criança. Gestos como tocar uma música, desenhar ou repetir histórias são formas naturais de manter viva a presença emocional de quem se foi. O momento protagonizado por Léo mostra que o luto infantil não é silêncio, é expressão. E, quando acolhido, pode se transformar em memória, afeto e continuidade do amor.