No episódio especial da série Sherlock, intitulado A Abominável Noiva, em seu primeiro confronto com Sherlock (Benedict Cumberbatch), Moriaty (Andrew Scott) pergunta se seu arqui-inimigo sabe que a poeira é composta por pele humana morta. Sherlock diz que sim e o que se segue é uma espécie de monólogo sobre como todos os seres humanos virarão pó um dia – uma ode ao do pó viemos, ao pó voltaremos.
Em uma pesquisa rápida, tanto em inglês quanto em português, é fácil achar sites afirmando que cerca de 80% da poeira é composta por pele morta – frase seguida, é claro, por dicas para uma boa esfoliação.
No entanto, alguns pesquisadores já provaram que isso não passa de uma lenda urbana. Uma das pesquisas mais citadas foi realizada na Universidade do Arizona pela limpíssima Paloma Beamer.
Beamer basicamente descobriu que existem duas categorias de sujeira doméstica: as que vem de fora e as que vem de dentro (quase poético isso, não acha?). Claro que nós somos os principais condutores da sujeira que vem de fora, que gruda em nossos sapatos, roupas e, por que não, na nossa pele. Já as sujeiras de dentro são nossos cabelos, pelos dos animais, insetos e, claro, um pouco da nossa pele.
A pesquisadora definiu ainda que as bolas de sujeira, tão comuns quando passamos muito tempo na frente do computador, nada mais são do que fibras provenientes de tapetes e pelos – e nada de pele morta. Em um artigo científico publicado na revista Environmental Science and Technology ela afirmou ainda que 2/3 da sujeira é composta por areia, solo e partículas que ficam passeando pelo ar.
Confesso que me senti um pouco decepcionada depois de escrever esse post – afinal, o Sherlock deveria ter refutado a afirmação do Moriaty logo de cara com alguma explicação malandra.
Nesse caso, temos duas opções: ou o detetive queria se livrar logo do visitante indesejado ou o Moffat, roteirista da série, quis espalhar uma lenda urbana.
[Parceria Coisas que Aprendi com Séries]