O livro "Diário de Tremembé - O Presídio dos Famosos", de Acir Filló, que teve venda proibida pela Justiça em 2019 por conteúdo controverso e falta de autorizações, aparece na nova série do Prime Video, "Tremembé", abordando a convivência de detentos famosos.
Na série Tremembé, lançada na última sexta-feira, 31, no Prime Video, o jornalista e ex-prefeito Acir Filló aparece propondo entrevistar alguns dos outros detentos para escrever um livro. A obra em questão, Diário de Tremembé - O Presídio dos Famosos, de fato foi lançada, mas teve venda proibida pela Justiça de São Paulo em 2019.
O livro parte de supostos relatos e interações de Filló com outros colegas durante sua passagem pela P2 de Tremembé, a unidade penitenciária conhecida por receber "criminosos famosos". Segundo decisão da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, publicada em 5 de agosto de 2019, a venda do livro ficou proibida e Filló precisou ser transferido para outro presídio.
O livro escrito por Filló descreve encontros com detentos famosos, como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Lindemberg Alves, Gil Rugai e outros. A descrição indica que o material apresenta "inéditos relatos sobre os midiáticos crimes" cometidos pelos detentos citados.
Na ocasião de sua publicação, em 2018, o livro com 360 páginas foi comercializado por R$ 59,90, conforme relatou o Estadão.
Segundo a juíza, o diretor da unidade prisional indicou, na época, que o conteúdo da obra estaria causando "comoção entre os presos", o que refletiria "de maneira negativa no ambiente prisional".
Armani afirmou ainda que nem todos os retratados em Diário de Tremembé teriam dado consentimento para a produção da obra, e que algumas conversas teriam sido deturpadas.
"Note-se que dos vários detentos mencionados na obra de autoria de Acir Filló dos Santos, ficou comprovada autorização formal de apenas três, sendo que dois deles acusam o escritor de não haver sido fiel ao relato, tendo inserido no contexto informações ou fatos não legítimos ou reportados", afirmou.
Como exemplo de passagem adulterada, a juíza informou que Filló acusou o ex-médico Roger Abdelmassih de fingir saúde debilitada para obter regime domiciliar. No entanto, falhou em comprovar tais especulações.
No livro, o gastroenterologista Carlos Sussumu afirma que ajudou Abdelmassih a enganar os outros médicos para conseguir prisão domiciliar — algo que é mostrado na série. Ainda em 2019, a juíza Andrea Barreira Brandão, da 3ª Vara de Execuções Penais, suspendeu o benefício de Abdelmassih por suspeita de fraude, e o enviou para o Hospital Penitenciário de São Paulo.
Como é a série?
Tremembé tem cinco episódios, e é inspirada nos livros Suzane: Assassina e Manipuladora e Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido, do escritor e jornalista Ullisses Campbell. A obra mostra o dia-a-dia nos detentos da "prisão dos famosos", com foco sobretudo no triângulo amoroso entre Elize, Suzane von Richthofen e Sandrão.
"Sempre tivemos como base os livros do Ulisses e o tom que a Vera (Vera Egito, diretora-geral e roteirista) e a equipe de direção queriam dar para a série", relata ao Estadão a atriz Marina Ruy Barbosa, protagonista e produtora associada.
"A intenção nunca foi questionar o que a Justiça brasileira decidiu, nosso ponto de partida é o que vem após isso. É quase como se fosse um estudo psicológico da convivência dessas pessoas todas no mesmo lugar, no mesmo espaço de tempo."
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