Larissa Manoela e Giovanna Rispoli definem 'Traição Entre Amigas' como 'virada de chave na carreira'

Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, atrizes falam sobre o duplo protagonismo feminino, os temas adultos do filme e a experiência de trabalhar com o diretor Bruno Barreto

16 dez 2025 - 14h24

Em Traição Entre Amigas, novo longa de Bruno Barreto (O que é isso, Companheiro?), já em cartaz nos cinemas brasileiros, as atrizes Larissa Manoela e Giovanna Rispoli  se reencontram quase uma década depois do primeiro trabalho juntas, na comédia Fala Sério, Mãe!, de 2017.

Larissa Manoela e Giovanna Rispoli definem 'Traição Entre Amigas' como 'virada de chave na carreira' (Divulgação/Imagem Filmes)
Larissa Manoela e Giovanna Rispoli definem 'Traição Entre Amigas' como 'virada de chave na carreira' (Divulgação/Imagem Filmes)
Foto: Rolling Stone Brasil

Além de um duplo protagonismo feminino, o longa também reflete um novo momento nas trajetórias das atrizes e, em entrevista à Rolling Stone Brasil, elas comentam o amadurecimento pessoal e profissional, a escolha por personagens complexas, a abordagem de temas sensíveis e a experiência de trabalhar com Bruno Barreto em um filme que ambas definem como um divisor de águas na carreira.

Publicidade

Reencontro nas telonas

Giovanna Rispoli

admite que, desde que filmou 

Fala Sério, Mãe

ao lado de 

Larissa Manoela

, quando ainda eram adolescentes, "

nossas vidas seguiram para caminhos diferentes

". Agora, segundo ela, o reencontro acontece com elas "

Publicidade
muito mais maduras

" e em um contexto especial, "

num duplo protagonismo que é tão importante, tanto pra mim quanto pra Lari

".

Giovanna

destaca ainda o peso simbólico do projeto em sua carreira: "A

pesar dos um milhão de protagonistas que ela [Larissa Manoela] já teve, essa é a minha primeira protagonista. Então é muito especial estar dividindo esse protagonismo com ela

".

Além da parceria em cena, a atriz faz questão de ressaltar a relação construída fora dela. "Para além da parceria de cena, a Lari foi sempre tão generosa, com tanto cuidado, com tanto acolhimento comigo. Realmente é uma coisa muito rara da gente ver", afirma, apontando para um vínculo pautado pelo respeito: "Esse respeito de mulher para mulher, esse olhar feminino uma sobre a outra, com muito cuidado e carinho. Foi muito especial".

Larissa Manoela reforça a sintonia entre as duas. "Faço das palavras da Giovanna as minhas", diz. Para ela, a conexão foi imediata: "foi uma conexão instantânea". A atriz destaca que, embora já se conhecessem, o reencontro aconteceu em outro lugar emocional e profissional: "A gente já se conhecia, mas não no lugar e com a maturidade que a gente se reencontrou. Nós éramos adolescentes em Fala Sério, Mãe. E agora somos mulheres". Larissa celebra o percurso de ambas e o desafio proposto pelo novo filme: "A gente se orgulha muito da caminhada até aqui e celebra esse momento com personagens completamente diferentes de tudo que a gente já fez".

Publicidade

Ela também define Traição Entre Amigas como um projeto ambicioso e instigante. "É um filme muito interessante, envolvente, complexo, cheio de camada", afirma. "A gente tá vivendo um sonho real, muito felizes por as pessoas estarem abraçando essa história, as nossas personagens, e esse lugar da nossa vida que está hoje, muito especial."

Traição Entre Amigas aborda temas mais atuais e adultos e, para Larissa Manoela, não se limita a levantar esses temas sensíveis, como o aborto, mas propõe um olhar mais amplo e humano sobre as escolhas femininas. "São consequências que podem ser mais distantes, para a vida toda ou momentâneas. É uma história muito forte", afirma. Larissa destaca ainda a identificação imediata com o roteiro: "quando a gente lê, sente uma necessidade de contar. A gente acredita muito que as personagens encontram as atrizes, que elas eram para ser vividas por nós nesse momento". Esse vínculo se reflete também na abordagem do filme: "o nosso filme não julga. Não tem certo ou errado. Ele realmente levanta esses temas para a gente poder falar sobre e fazer o público pensar".

Segundo ela, havia uma percepção clara de que o público estava preparado para receber histórias mais complexas. "Uma coisa é a gente estar preparado e outra é o público se sentir resistente. E isso não aconteceu. Foi de uma maneira muito natural", afirma. Para Larissa, existe uma demanda por personagens desafiadores: "o público já vinha pedindo personagens complexos, completamente diferentes, e a gente gosta muito de se desafiar, de sair da nossa zona de conforto". Ela define o longa como um ponto de virada: "são tantas camadas que tornam esse projeto um dos mais importantes da nossa carreira, realmente uma virada de chave, que conta mais um capítulo e celebra esse momento tão especial pra gente".

Giovanna complementa a reflexão, reforçando o caráter de transição vivido por ambas. "Nós somos atrizes que até então temos mais carreira de atrizes mirins do que adultas. Então, é uma fase de transição da nossa carreira e da nossa vida pessoal", afirma. Para ela, o filme marca um momento particularmente significativo: "esse também é o meu primeiro papel adulto, mais maduro, nesse lugar de mulher".

Publicidade

A atriz acredita que a recepção do público tende a ser positiva justamente pela forma como os temas são tratados. "Não é uma coisa que vai chocar as pessoas. A gente traz os temas para gerar debate, para gerar reflexão", diz. Giovanna vê o filme como um reflexo de uma sociedade em transformação: "Graças a Deus, a nossa sociedade está realmente evoluindo, abrindo a cabeça para falar sobre temas de diversos âmbitos".

Segundo ela, o diferencial está no tom adotado pela narrativa: "a gente trata esses temas com muita humanidade, muita verdade, sem espaço para julgamento, e sim para reflexão e conversa". Para Giovanna, é esse olhar que aproxima diferentes gerações: "o nosso filme traz um tom que aproxima o público e coloca pessoas de diversas gerações para refletir sobre o mesmo tema".

Trabalhar sob a direção de Bruno Barreto foi, para as atrizes, uma experiência marcada por respeito, escuta e colaboração. Ao falar sobre o cineasta a reação é imediata. "Foi uma honra", afirma Larissa Manoela, destacando também o peso simbólico da família Barreto. "A gente estava falando na outra entrevista que a Lucy Barreto se emocionou assistindo ao nosso filme, e isso nos deixou muito lisonjeadas. É uma família de cineastas, e o poder que isso tem é enorme."

Para Larissa, o olhar de Bruno Barreto reforça o caráter universal de Traição Entre Amigas. "O filme fala com a nova geração, mas também com todas as idades. Ele é atemporal, universal e para todos os públicos que estão dispostos a pensar", diz. Segundo ela, esse sempre foi um cuidado do diretor: "para além de contar uma excelente história — porque o roteiro é realmente impressionante — ele tem uma capacidade muito grande de amarrar a narrativa". A atriz destaca ainda o equilíbrio entre as personagens: "em nenhum momento você sente vontade de ver uma mais do que a outra. As histórias correm em paralelo, é realmente um protagonismo duplo feminino".

Publicidade

Não por acaso, Larissa lembra que o diretor tem uma trajetória marcada por personagens femininas fortes: "ele sempre teve, na carreira dele, esse protagonismo feminino muito potente". Para ela, integrar essa filmografia é motivo de orgulho: "a gente está muito feliz de fazer parte dessas mulheres icônicas que ele já dirigiu. Foi um prazer enorme aprender e enxergar esse projeto junto com ele. Realmente foi muito surpreendente".

As atrizes também destacam o método de trabalho de Bruno Barreto, que incluiu um ensaio completo do filme antes das filmagens. "Isso vem muito da experiência internacional que ele traz", explica Larissa. "É um prazer um diretor dar esse espaço criativo e essa liberdade para atrizes e atores comporem junto. Isso é raro. E quando acontece com alguém como ele, é ainda mais especial." Giovanna complementa lembrando uma fala do diretor na coletiva de imprensa: "ele disse que faz filme para o ator. E, sendo atriz, esse é um dos maiores prazeres que a gente pode ter".

Essa abertura criativa, segundo Giovanna, é fundamental para o resultado final. "Na medida em que o roteiro sai do papel e ganha rostos e corpos, que são os nossos, a gente acaba tendo mais propriedade do personagem do que até quem escreveu", afirma. "A gente precisa dessa liberdade criativa para, às vezes, pirar e deixar toda a nossa potência artística presente em cena." Para ela, a diferença está justamente na condução: "quando você tem um diretor que incentiva isso e preza por isso, faz total diferença".

Larissa concorda e ressalta o caráter colaborativo do processo. "Desde os ensaios até sentar juntos para olhar as cenas e dizer: 'isso aqui não faz sentido, vamos fazer de outra forma, vamos repensar como filmar'", conta. "Ele foi muito generoso em como filmar a gente e em como, de forma colaborativa, contar essa história."

Publicidade

Rolling Stone Brasil
Fique por dentro das principais notícias de Entretenimento
Ativar notificações