'Dei carta branca para Alvim. A cultura tem que estar de acordo com a maioria', diz Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro diz que deu carta branca para Roberto Alvim, que nomeou Sergio Nascimento Carvalho para a Fundação Palmares, e se esquivou de declarar se concorda com ele

29 nov 2019 - 13h20

BRASÍLIA - Questionado sobre declarações do novo presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento de Camargo, que afirmou ter sido "benéfica para os descendentes" a escravidão, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 29, que a cultura tem de estar "de acordo com a maioria da população".

Bolsonaro voltou a se esquivar sobre declarar se concorda ou não com as bandeiras defendidas pelo novo chefe da fundação. O presidente atribuiu ao secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, a responsabilidade sobre a nomeação.

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"O secretário é um tal de Roberto Alvim. Dei carta branca para ele. A cultura nossa tem de estar de acordo com a maioria da população, não de acordo com a minoria. Ponto final. Ele que decide", disse Bolsonaro.

Sergio Camargo, novo presidente da Fundação Palmares, na foto do seu perfil do Facebook
Sergio Camargo, novo presidente da Fundação Palmares, na foto do seu perfil do Facebook
Foto: Reprodução Facebook / Estadão

Bolsonaro afirmou que recebe semanalmente Alvim para despachar. "Só vou responder algo (sobre o novo presidente da Palmares) depois de ouví-lo", disse.

O novo presidente da Fundação Palmares, instituição ligada à Secretaria Especial de Cultura, afirmou em suas redes sociais que o Brasil tem um "racismo nutella", defendeu a extinção do feriado da Consciência Negra e declarou apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro. Camargo também atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

A nomeação faz parte de uma série promovida por Roberto Alvim. O novo secretário da cultura defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. No final de setembro, Alvim chamou a atriz Fernanda Montenegro de "intocável" e "mentirosa", o que provocou a reação da classe artística.

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Bolsonaro lembrou que já foi acusado de racismo. "Eu já fui acusado de racista. Lembra o que o CQC fez comigo?". Segundo Bolsonaro, a acusação foi resultado de uma edição distorcida de uma entrevista concedida por ele ao programa de humor.

"Três anos depois a verdade veio à tona. CQC informou à Polícia Federal que não tinha mais a fita. Foi reutilizada. Aquilo seria um troféu na imprensa. Por que foi reutilizada? Segundo eles porque era uma mentira. Supremo entendeu arquivar o processo", disse.

"Como passei três anos respondendo por racismo. Como passei dois anos respondendo por crime ambiental e foi arquivado. Como tentaram agora me envolver no caso Marielle. O tempo todo assim", reclamou Bolsonaro.

As declarações de Bolsonaro foram dadas em frente ao Palácio da Alvorada. "Deixa eu responder para vocês. Você não vai conduzir a minha resposta. Você não aprendeu ainda?", disse Bolsonaro a um jornalista. As falas do presidente foram acompanhadas de aplausos e gritos de seus apoiadores.

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