'Supersacola' antibomba é nova aposta contra terrorismo

O objetivo é que a "supersacola" seja leve, mas também resistente e flexível para suportar intacta os efeitos de uma explosão

25 jul 2015 - 15h27
(atualizado em 26/7/2015 às 12h41)
A bagagem dentro da bolsa protetora foi danificada, mas a aeronave permaneceu intacta.
A bagagem dentro da bolsa protetora foi danificada, mas a aeronave permaneceu intacta.
Foto: BBC

Um novo sistema de defesa contra o terrorismo aéreo vem sendo testado em experimentos de impacto. O dispositivo chamado FlyBag é desenhado para absorver estilhaços e ondas de choque provocadas por explosões. Caso haja uma falha de segurança e uma bomba alcance o compartimento de bagagem, a ideia é poder conter uma eventual arrebentação de maneira segura. Em testes feitos em aviões desativados no aeroporto de Cotswolds, na Inglaterra, explosões no bagageiro não causaram nenhum dano a bordo - foram totalmente contidas.

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A "supersacola antibomba" é feita de uma mistura de quatro camadas diferentes de materiais, uma delas de Kevlar, a fibra sintética de alta resistência usada em coletes balísticos. O objetivo é que a "supersacola" seja leve, mas também resistente e flexível para suportar intacta os efeitos de uma explosão. Os modelos atuais de bagageiros mais seguros são baseados em metais reforçados, e vêm saindo pesados e custosos para muitas companhias aéreas.

Uma bomba equivalente teve um impacto significativo na estrutura do avião sem a 'supersacola'.
Foto: BBC

O projeto FlyBag é financiado pela Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia. Um consórcio de institutos e empresas especializadas executa as ações. Uma figura central na equipe é Andy Tyas, especialista em engenharia de explosivos pela Universidade de Sheffield e diretor da Blastech, empresa ligada à universidade.

"Ficamos muito felizes com os resultados dos testes", afirmou Tyas à BBC.

"Nós tínhamos testado o FlyBag em nosso laboratório em Buxton, mas apenas ao ar livre. Sabíamos que a sacola se expandiria, e a pergunta era o quanto essa expansão seria nociva à estrutura da aeronave. Seria ela mesma um transmissor de energia devastador? Pelo que estamos vendo ela não está fazendo isso."

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O editor de Ciência da BBC David Shukman acompanhou um teste em que uma mochila com uma bomba foi colocada entre outras bagagens dentro do bagageiro de um velho Airbus 320.

De uma distância segura, a equipe ouviu a detonação, mas não notou nenhum efeito visível.

Testes com 'supersacola' que absorve impacto de explosões
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Depois que a poeira baixou, Shukman percebeu que a explosão havia danificado algumas bagagens, mas a "supersacola" em si havia ficado intacta, bem como a aeronave.

Isso significa que se uma bomba da mesma dimensão tivesse sido acionada durante um voo, não teria sido uma catástrofe e todos a bordo teriam sobrevivido.

A "supersacola" é projetada para lidar com quatro diferentes efeitos de uma bomba - cada um deles pede uma resposta específica:

  • A onda de choque causada pela irrupção de alta pressão pode se mover a 32 mil km/h, e só pode ser contida por uma combinação de força e flexibildiade.
  • A bola de fogo de gases oriunda das explosões eleva as temperaturas a 3.000oC, então a bolsa precisa ser à prova de fogo também.
  • A liberação de gases ocupa todo o espaço da bolsa e provoca a situação de "pneu quase estourando", por isso é preciso que o dispositivo possa se expandir para acomodar essa movimentação sem se romper.
  • E o quarto impacto se dá por partes rígidas de malas - como zíperes e rodinhas - que se tornam estilhaços perigosos, motivo pelo qual a bolsa deve ser muito resistente.

A primeira companhia aérea a demonstrar interesse pela tecnologia foi a cargueira italiana Meridiana. A empresa pretende certificar um tipo de FlyBag que poderia ser usado em bagageiros de jatos menores. Um outro modelo seria para aviões maiores e outro, bem menor, para uso nas cabines de passageiros.

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"Temos todos os elementos para ir ao mercado - só precisávamos desses últimos testes para comprovar o sistema", afirmou o coordenador do projeto, Donato Zangani, da consultoria italiana D'Appolonia.

"A tecnologia dos materiais não é nova, mas a combinação entre elas é, sim, uma novidade - e o segredo é ter um tecido de 1,3 milímetros de espessura que absorva a pressão de forma previsível", disse Zangani à BBC.

"É uma questão de estar um passo à frente."

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