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Quem é Jensen Huang, o ex-lavador de pratos que se tornou o bilionário cérebro por trás da Nvidia

Ele cresceu limpando banheiros em um internato e lavou pratos em uma lanchonete; hoje, comanda a empresa mais valiosa do mundo

10 jul 2025 - 13h16

A Nvidia se tornou nesta quarta, 9, a primeira empresa da história a superar o valor de US$ 4 trilhões. O sucesso da companhia é impulsionado pela alta demanda de chips de inteligência artificial (IA), que cresceu após o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, quando a tecnologia se tornou prioridade para gigantes da tecnologia.

Por trás da Nvidia está Jensen Huang, hoje um dos nomes mais influentes da indústria de tecnologia. À frente da empresa desde sua fundação, em 1993, o engenheiro taiwanês-americano transformou uma fabricante de chips gráficos em uma gigante global do mercado de IA. Em uma era marcada por chatbots, carros autônomos e data centers que processam trilhões de dados por segundo, as GPUs desenvolvidas por sua empresa se tornaram o "cérebro" invisível dessa revolução digital.

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Se antes era conhecida apenas por gamers e entusiastas de hardware, a Nvidia passou a ser cortejada por governos, universidades e big techs em busca de capacidade de processamento para seus modelos de IA.

Acompanhe a trajetória e conheça detalhes sobre a carreira e a vida de Huang:

De reformatório ao Vale do Silício

Nascido em Tainan, Taiwan, Jensen Huang foi enviado aos nove anos para estudar nos Estados Unidos. Por engano, acabou matriculado no Oneida Baptist Institute, um internato religioso com alunos problemáticos no interior do Kentucky. Lá, sofreu bullying, limpou banheiros e dividiu quarto com um colega analfabeto e cheio de cicatrizes. Mais tarde, diria que aquele período foi essencial para sua formação.

Disciplina à força e paixão por exatas

Apesar das dificuldades, Huang se destacou em matemática, ciência e tênis de mesa, onde chegou a ser ranqueado nacionalmente. Pulou duas séries, concluiu o ensino médio aos 16 anos e se formou em engenharia elétrica aos 20, pela Oregon State University. Fez mestrado à noite em Stanford enquanto já trabalhava como projetista de chips na AMD e na LSI Logic, conciliando estudos com a criação dos dois filhos pequenos.

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A origem em uma lanchonete

Em 1993, aos 30 anos, Huang fundou a Nvidia ao lado de dois colegas, Chris Malachowsky e Curtis Priem, em uma lanchonete da rede Denny's, onde havia trabalhado como lavador de pratos na juventude. Com apenas US$ 600 de capital, eles rascunharam os planos da nova empresa em um guardanapo, mirando o crescente mercado de games. Foi nomeado CEO desde o primeiro dia.

À beira do colapso

Os primeiros chips da Nvidia fracassaram e a empresa quase fechou as portas. Segundo Huang, havia dinheiro apenas para mais um mês de salários. A salvação veio com um aporte da Sega, que financiou o desenvolvimento do RIVA 128, lançado em 1997.

Estilo direto e centralizador

Desde o início, Jensen Huang lidera a Nvidia com um estilo direto, técnico e pouco burocrático. Sem uma sala fixa, ele prefere circular e usar salas de reunião como base, mantendo uma gestão horizontal, com cerca de 60 subordinados diretos. Gosta de e-mails curtos e costuma repetir uma frase que resume sua filosofia de trabalho: "agora é o momento mais importante".

A virada com a IA

Em 2006, Huang decidiu que a Nvidia iria além dos games. A empresa passou a vender chips para supercomputadores e, em 2013, apostou que suas GPUs poderiam acelerar processos de aprendizado de máquina. O risco parecia alto, mas a decisão antecipou o boom da IA generativa. Ele se beneficiou em 2012, quando os estudantes Alex Krizhevsky e Ilya Sutskever (que mais tarde se tornou cofundador da OpenAI) mostraram que GPUs se mostravam muito mais eficientes que CPUs no processamento de IA.

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Fortuna bilionária e tatuagem no braço

Com o avanço da IA, a Nvidia virou protagonista global. No dia 9 de julho, superou US$ 4 trilhões em valor de mercado, e Huang passou a figurar entre os 15 mais ricos do mundo, com fortuna acima dos US$ 100 bilhões. Ele detém cerca de 3,6% das ações da empresa. Quando as ações da Nvidia atingiram US$ 100 pela primeira vez, o executivo comemorou com uma tatuagem do logotipo da companhia no braço.

Quando as ações da Nvidia atingiram US$ 100 pela primeira vez, o executivo comemorou com uma tatuagem do logotipo da companhia no braço.
Quando as ações da Nvidia atingiram US$ 100 pela primeira vez, o executivo comemorou com uma tatuagem do logotipo da companhia no braço.
Foto: Reprodução Instagram/@nvidia / Estadão

Ídolo em Taiwan e celebridade pop

Mesmo morando nos EUA, Huang é tratado como uma celebridade em Taiwan. Na Computex 2024, foi seguido por fãs e jornalistas em clima de idolatria. A imprensa local apelidou o fenômeno de "Jensanity". Em uma das visitas, foi flagrado em um karaokê noturno cantando "Hold My Hand", de Lady Gaga — hábito comum quando visita seu país de origem.

Família unida

Casado com Lori Mills, sua parceira de laboratório na faculdade, Huang mantém a Nvidia como uma empresa também familiar. Seus dois filhos atuam lá: Spencer, ex-dono de um bar premiado em Taipei, é gerente de produto; Madison, que trabalhou na hotelaria, hoje atua na área de marketing. O casal também mantém uma fundação dedicada à educação e filantropia.

Doações e legado educacional

Huang nunca esqueceu as instituições que marcaram sua trajetória. Já doou US$ 30 milhões para Stanford, US$ 50 milhões para Oregon State e US$ 2 milhões ao antigo internato de Kentucky. Em 2025, recebeu o Queen Elizabeth Prize for Engineering por sua contribuição ao avanço da IA.

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