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Apps de namoro usam IA para prometer o ‘match perfeito’ e reduzir cansaço dos usuários

Tinder, Bumble e Happn reforçam apostas na inteligência artificial em busca de conexões mais humanas e ainda mais seguras

27 dez 2025 - 04h59
Resumo
Plataformas de namoro como Tinder, Bumble e Happn estão utilizando inteligência artificial para personalizar combinações, reforçar segurança e ajudar no planejamento de encontros, visando reduzir o cansaço dos usuários e melhorar a experiência de conexão.
Apps de namoro usam IA para prometer o ‘match perfeito’ e reduzir cansaço dos usuários
Apps de namoro usam IA para prometer o ‘match perfeito’ e reduzir cansaço dos usuários
Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

A inteligência artificial deixou de ser usada apenas nos bastidores dos aplicativos de namoro e passou a ocupar um papel central na experiência de quem busca um par. 

Em meio à fadiga causada pelo excesso de perfis, ao receio com golpes e à dificuldade de transformar um “crush” em encontro real, plataformas como Tinder, Bumble e Happn vêm usando a IA para personalizar recomendações, reforçar a segurança e até ajudar no planejamento do primeiro date.

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A tendência acompanha um movimento global de reinvenção do setor. Uma reportagem recente do jornal norte-americano The New York Times apontou que os aplicativos de namoro vivem uma “nova era do cupido digital”, em que a promessa é substituir o deslizar infinito por combinações mais qualificadas, mediadas por sistemas inteligentes capazes de entender preferências, valores e contexto.

Como os apps de relacionamento usam a IA?

Algoritmos e outras ferramentas são usadas pelo Tinder Bumble e Happn, que apostam em inteligência artificial para criar conexões mais humanas
Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

No Tinder, a IA já faz parte do matching há anos, mas ganhou modelos mais sofisticados. Segundo Hillary Paine, VP de Produto do Tinder, “o papel que a IA desempenha é muito mais dinâmico e personalizado do que nunca”. Ao Terra, ela disse que a plataforma usa “machine learning e, agora, deep learning para ajudar as pessoas a verem potenciais matches mais relevantes”.

Um dos testes mais avançados é o Chemistry, recurso habilitado por IA que está sendo testado na Nova Zelândia e na Austrália. “Ao invés de priorizar as fotos, o Chemistry destaca interesses em comum, valores e sinais de compatibilidade”, afirma Paine. A executiva destaca que os testes iniciais indicam boa aceitação entre a Geração Z, que responde melhor a um nível mais profundo de personalização.

A IA também atua na apresentação dos perfis para os usuários. “Recursos como o Photo Selector não mudam o algoritmo, mas ajudam os usuários a se apresentarem da melhor forma possível e com mais confiança”, diz a VP, que ressalta que a curadoria de fotos é vista como algo que pode causar estresse nos usuários mais jovens.

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O Grindr, aplicativo de relacionamentos voltado para o público gay, bissexual, trans, e queer, tem adotado uma abordagem AI-first, integrando inteligência artificial diretamente à forma de conectar as pessoas. A estratégia é impulsionada pelo gAI (pronunciado “gay-eye”), uma tecnologia própria desenvolvida para refletir a cultura, o humor e as necessidades da comunidade queer.

Dentro dessa visão, os recursos ilustram como a IA melhora a experiência do usuário, segundo George Arison, CEO do Grindr. Arison defende que a IA pode ser extremamente útil para pessoas que têm dificuldade em iniciar conversas ou se expressar. “Nosso objetivo é usar a IA para fortalecer o núcleo do Grindr, ajudando as pessoas a se conectarem com mais intenção, ao mesmo tempo em que preservamos privacidade e confiança”.

Para identificar se alguém está usando IA nas conversas, o usuário pode notar que algo parece “fora do lugar” no tom, no ritmo ou na consistência de uma mensagem, mas não existe uma prova definitiva.

“No fim do dia, interações reais se baseiam em instinto e confiança. Se algo parecer estranho ou excessivamente genérico, vale confiar nessa intuição e, quando o usuário se sentir confortável, levar a conversa para o chat de vídeo ou chamada dentro do próprio Grindr, o que ajuda a estabelecer presença em tempo real e reforçar a confiança na interação”.

IA na segurança

Bumble afirma que consegue detectar “conteúdos e comportamentos que violam suas Diretrizes de Comunidade usando tecnologia automatizada e baseada em IA
Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Além da compatibilidade entre os usuários, as plataformas têm investido pesado em segurança, um fator diretamente ligado à qualidade das conexões. No Tinder, uma das principais novidades foi a expansão do Face Check, lançado recentemente no Brasil. Segundo Hillary Paine, os mercados que adotaram o recurso registraram “mais de 60% de redução na exposição a possíveis agentes mal-intencionados”.

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O Bumble segue caminho semelhante, com um ecossistema de proteção apoiado por IA. A plataforma afirma que consegue detectar “conteúdos e comportamentos que violam suas Diretrizes de Comunidade usando tecnologia automatizada e baseada em IA para identificar possíveis violações, muitas vezes antes mesmo que os membros as denunciem”.

Um dos recursos mais emblemáticos é o Revisão Antes de Enviar, que alerta usuários sobre mensagens inadequadas. “Durante nossos testes, quase 40% das pessoas optaram por alterar suas mensagens após receberem um alerta”, informa a empresa. Já o Deception Detector ajudou a reduzir em 45% as denúncias de spam, golpes e perfis falsos nos dois primeiros meses após o lançamento.

Encontros reais

Os aplicativos de namoro vivem uma “nova era do cupido digital”
Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

No Happn, a IA passou a atuar em toda a jornada do usuário a partir de junho de 2025, com o lançamento do Perfect Date. Segundo Karima Ben Abdelmalek, CEO do Happn, “por uma década temos utilizado IA para diversas finalidades”, incluindo segurança e personalização da timeline.

O diferencial mais recente está no pós-match. “Em 2025, lançamos o Perfect Date, ferramenta que utiliza IA generativa para atuar como suporte para a sugestão de lugares para o primeiro encontro”, afirma a executiva. A funcionalidade permite que os usuários definam uma área geográfica e recebam “até cinco sugestões personalizadas, baseadas em interesses mútuos”.

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“A IA nunca deve substituir a conexão humana ou a autenticidade de um encontro, mas pode apoiar os usuários”, diz Karima. A ferramenta foi desenvolvida a partir de pesquisas internas que mostram que 54% dos solteiros gostariam de receber sugestões de locais para o primeiro encontro diretamente no app e que 4 em cada 10 consideram essa fase estressante.

Em busca do par perfeito

A indústria busca reverter a queda na satisfação dos usuários e criar experiências com mais intenção
Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

Ao combinar algoritmos de recomendação, IA generativa e sistemas de segurança, os aplicativos tentam atacar o chamado dating burnout — um esgotamento causado pelo uso contínuo dessas plataformas.

“Isso ajuda a entregar perfis mais precisos e reduz o ‘dating burnout’, tornando as interações mais eficientes”, afirma Karima Ben Abdelmalek sobre o modelo de recomendação do Happn.

Segundo o New York Times, a indústria busca reverter a queda na satisfação dos usuários e criar experiências com mais intenção. A aposta é clara: usar a inteligência artificial não para substituir a emoção humana, mas para criar as condições ideais para um novo romance.

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Fonte: Portal Terra
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