Meses depois que a carteira de contratos de mais de US$400 bilhões da Oracle provocou um frenesi no mercado de ações, o entusiasmo deu lugar a dúvidas sobre sua confiança na OpenAI e na construção de datacenters impulsionada por dívidas.
Há muito tempo um participante menor no mercado de computação em nuvem, a Oracle reivindicou este ano a posição de um dos maiores fornecedores no setor, essencial para a IA generativa, graças à sua parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT.
A empresa tem como rivais no mercado as gigantes Amazon.com, Microsoft e Google.
O mercado espera que a Oracle e outros grandes participantes do setor de computação em nuvem invistam mais de US$400 bilhões em infraestrutura de IA este ano.
Analistas dizem que uma grande parte dos investimentos da Oracle está vinculada aos datacenters relacionados à OpenAI. Isso gerou preocupações nos investidores, pois há poucos detalhes sobre como a OpenAI - avaliada em US$500 bilhões, mas ainda não lucrativa - planeja financiar seus gastos, que totalizam mais de US$ 1 trilhão até 2030.
Também aumentaram as preocupações dos investidores de que o boom da IA esteja se transformando em uma bolha em meio à falta de adoção da tecnologia no mundo real, o que tem provocado um movimento de venda das ações e títulos da Oracle.
LIQUIDAÇÃO DE AÇÕES
As ações da Oracle zeraram todos os ganhos de um impressionante salto de 36% em 10 de setembro, depois que a empresa anunciou a carteira de encomendas. No ano, o papel permanece em alta de quase um terço.
Enquanto isso, os swaps de inadimplência de crédito de cinco anos, que oferecem aos detentores de títulos uma proteção contra a inadimplência, atingiram níveis recordes à medida que a empresa contrai empréstimos pesados para a construção de centrais de processamento de dados.
"Embora a configuração para o trimestre seja boa, os investidores provavelmente estarão mais focados nos fundamentos da construção da IA e suas implicações financeiras", disse o analista da Bernstein, Mark Moerdler.
O contrato de US$300 bilhões com a OpenAI dá à Oracle "uma exposição sem precedentes à receita de um único cliente", disse ele.
Para aliviar algumas das preocupações, a Oracle disse em outubro que espera que a receita de infraestrutura de computação em nuvem cresça para US$166 bilhões no ano fiscal de 2030 e que novas encomendas estão chegando de uma série de clientes, não apenas da OpenAI. A empresa também divulgou um novo acordo de US$20 bilhões com a Meta.
EXPECTATIVAS OTIMISTAS
Por enquanto, o mercado espera que a IA impulsione um forte crescimento na Oracle, com um faturamento de infraestrutura de computação em nuvem que deve aumentar 71,3% no período de setembro a novembro, mais rápido do que o crescimento de 55% observado no trimestre anterior, de acordo com dados da Visible Alpha.
No geral, o mercado espera que a receita da Oracle aumente 15,3%, para US$ 16,21 bilhões, o que marcará o ritmo mais rápido em mais de dois anos, de acordo com dados compilados pela LSEG. Investidores esperam que o lucro líquido aumente 13,3%.
Depois que um relatório levantou dúvidas sobre negócios de computação em nuvem, a Oracle disse que espera alcançar margens brutas ajustadas entre 30% e 40% para fornecer infraestrutura de IA, enquanto outros segmentos, como software e infraestrutura para clientes empresariais, teriam margens entre 65% e 80%.
Se a OpenAI fracassar e o contrato for rescindido, a Oracle precisará reduzir a construção, dar baixa em alguns contratos e começar a reduzir a dívida, mas não ficará inadimplente, disse Gil Luria, analista da D.A. Davidson.
Se "a OpenAI alcançar a superinteligência, gastar US$1,4 trilhão, nenhum de nós precisará trabalhar novamente na vida, e a Oracle estará bem", disse ele.
A Oracle deve divulgar resultados na quarta-feira.