Peles de sapos podem tratar mais de 70 doenças, dizem cientistas
9 jun2011 - 05h20
(atualizado às 09h25)
Cientistas da Queens University, em Belfast, na Irlanda do Norte, ganharam um prêmio pela pesquisa sobre o uso de pele de anfíbios como pererecas e sapos, que pode levar à criação de novos tratamentos para mais de 70 doenças.
A pesquisa, liderada pelo professor Chris Shaw, da Escola de Farmácia da universidade, identificou duas proteínas nas peles dos anfíbios que podem regular o crescimento de vasos sanguíneos. Uma proteína da pele da perereca Phyllomedusa sauvagii (Hylidae) inibe o crescimento de vasos sanguíneos e pode ser usada para matar tumores cancerígenos.
Shaw informou que a maioria destes tumores apenas pode crescer até um certo tamanho, antes de precisarem de vasos sanguíneos fornecedores de oxigênio e nutrientes. "Ao paralisarmos o crescimento dos vasos sanguíneos, o tumor terá menos chance de crescer e, eventualmente, vai morrer", disse. "Isto tem o potencial de transformar o câncer de doença terminal em condição crônica", acrescentou. Na segunda-feira, os cientistas receberam o prêmio Medical Futures Innovation, em Londres.
Crescimento
A equipe de pesquisadores também descobriu que o sapo Bombina maxima (Bombinatoridae) produz uma proteína que pode estimular o crescimento de vasos sanguíneos, o que pode ajudar pacientes a se recuperar de ferimentos e operações muito mais rapidamente.
"Isto tem o potencial para tratar uma série de doenças e problemas que precisam do reparo rápido dos vasos sanguíneos, como a cura de feridas, transplantes de órgãos, ulcerações diabéticas e danos causados por derrames ou problemas cardíacos", disse Shaw. Segundo o professor, os cientistas e companhias farmacêuticas do mundo todo ainda não conseguiram desenvolver um medicamento que possa, de forma eficaz, ter como alvo o controle do crescimento de vasos sanguíneos, apesar dos investimentos em torno de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões por ano.
Publicidade
"O objetivo de nosso trabalho na Queens (University) é revelar o potencial do mundo natural - neste caso, as secreções encontradas na pele de anfíbios - para aliviar o sofrimento humano", disse Shaw.
"Estamos totalmente convencidos de que o mundo natural tem as soluções para muitos de nossos problemas, precisamos apenas fazer as perguntas certas", acrescentou. Ao comentar o trabalho da equipe de Chris Shaw, o professor Brian Walker e o Dr. Tianbao Chen, do painel julgador do prêmio Medical Futures Innovation, afirmaram que querem estimular os pesquisadores, para que eles progridam com seus trabalhos.
"Muitas das grandes descobertas ocorreram através do acaso e a ideia do professor Shaw é, sem dúvida, muito inovadora e animadora", afirmou o painel. "É importante perceber que a inovação está em primeiro estágio e é necessário muito trabalho para tornar isto em uma terapia clínica."
1 de 46
Um homem e uma mulher nadam no Lago das Águas-vivas, localizado em uma ilha de Palau, no Oceano Pacífico. A espécie da foto não tem células urticantes, e por isso não causa dor
Foto: Getty Images
2 de 46
As águas-vivas são pertencentes ao filo Cnidaria e são, em sua maioria, marinhas
Foto: Getty Images
3 de 46
Imagem mostra a espécie Aurelia aurita, conhecida como medusa-da-lua
Foto: Getty Images
4 de 46
Medusas-da-lua e Mastigias, gênero muito parecido com águas-vivas, nadam em um lago rico em plâncton
Foto: Getty Images
5 de 46
As águas-vivas também são conhecidas pelo mundo como água-má, chora-vinagre, cansação, mãe-d'água e medusa
Foto: Getty Images
6 de 46
As águas-vivas utilizam um anel de poderosos músculos na borda do corpo para se locomover
Foto: Getty Images
7 de 46
Elas gastam pouca energia para se reproduzir
Foto: Getty Images
8 de 46
Mares do Brasil, China, Japão, do sul da África, dos EUA, do México e dos países da Europa Central enfrentam uma proliferação de águas-vivas
Foto: Getty Images
9 de 46
No Lago das Águas-vivas, em uma ilha de Palau, há apenas três espécies de peixe e duas de água-viva
Foto: Getty Images
10 de 46
A água-viva tem 95% de seu organismo composto por nada além de água salgada
Foto: Getty Images
11 de 46
Foto mostra close-up de uma água-viva em Bottna, na Suécia
Foto: Getty Images
12 de 46
Uma medusa-da-lua é fografada contra a luz solar nas Ilhas Leeward, no Caribe
Foto: Getty Images
13 de 46
Em seus tentáculos, as águas-vivas carregam minúsculos arpões carregados de veneno
Foto: Getty Images
14 de 46
As águas-vivas têm várias morfologias que representam diversas diferentes classes de cnidários
Foto: Getty Images
15 de 46
Foto mostra a água-viva da espécie Desmonema glaciale. O sino desta espécie pode chegar a mais de 1 m de diâmetro
Foto: Getty Images
16 de 46
A espécie Cubomedua sp. nada livremente no Oceano Índico, na África do Sul
Foto: Getty Images
17 de 46
Um garoto observa o nado das águas-vivas em um aquário
Foto: Getty Images
18 de 46
A Chrysaora fuscescens é uma das espécies de água-viva que possuem ferrão
Foto: Getty Images
19 de 46
Água-viva com longos tentáculos nada na costa da Carolina do Norte, nos EUA
Foto: Getty Images
20 de 46
As medusas-da-lua têm a característica de serem translúcidas com sinos em forma de lua
Foto: Getty Images
21 de 46
Uma tartaruga se alimenta em uma água-viva no mar da Austrália
Foto: Getty Images
22 de 46
Esta água-viva se parece muito com um sino e é menor que as demais águas-vivas conhecidas
Foto: Getty Images
23 de 46
A colorida água-viva-juba-de-leão tem um ferrão muito tóxico. É considerada como uma água-viva gigante, pois seu sino pode alcançar mais de 2 m de diâmetro e seus tentáculos podem medir mais de 30 m de comprimento
Foto: Getty Images
24 de 46
O ferrão das águas-vivas é utilizado para caçar e se defender dos predadores: alguns peixes, baleias, caranguejos e tartarugas marinhas
Foto: Getty Images
25 de 46
A camada externa do corpo gelatinoso das águas-vivas é coberta por uma rede de neurônios
Foto: Getty Images
26 de 46
A Rhizostoma pulmo possui diâmetro entre 60 cm e 90 cm. Seu contorno exterior é privado de tentáculos, sendo formado por 80 a 90 lóbulos
Foto: Getty Images
27 de 46
O habitat da Rhizostoma pulmo é o Mar Mediterrâneo
Foto: Getty Images
28 de 46
Fotografia mostra uma água-viva nadando na costa de Israel
Foto: AFP
29 de 46
Uma água-viva conhecida como urtiga-do-mar nada em um tanque do Áquario de Melbourne, na Austrália
Foto: AFP
30 de 46
A urtiga-do-mar vive nos oceanos Índico e Pacífico
Foto: AFP
31 de 46
Pessoas observam as águas-vivas em um aquário em um parque de diversões em Hong Kong
Foto: AFP
32 de 46
Na foto, milhares de águas-vivas nadam próximo à superfície em uma área de proteção ambiental no Egito
Foto: AFP
33 de 46
Imagem mostra uma água-viva vermelha de águas profundas
Foto: AFP
34 de 46
Um mergulhador prende um sensor a uma água-viva de Nomura no norte do Japão
Foto: AFP
35 de 46
Águas-vivas se reúnem ao longo das partes sujas do Bósforo, onde não há correnteza
Foto: AFP
36 de 46
Segundo os especialistas, a proliferação das águas-vivas nos oceanos, devido às mudanças climáticas e à pesca excessiva, é um claro sinal de que os ecossistemas estão fora dos eixos
Foto: AFP
37 de 46
A água-viva irukandji é considerada pelos pesquisadores como uma das mais venenosas criaturas do mundo
Foto: AFP
38 de 46
Sob luzes variadas, águas-vivas nadam Blue Zoo Aquarium em Beijing, na China
Foto: AFP
39 de 46
A foto mostra uma água-viva em um tanque no Grande Aquário de Saint-Malo, na França
Foto: AFP
40 de 46
Dados de dois séculos mostram que a população de águas-vivas incha naturalmente a cada 12 anos, se mantém estável por 6 anos, e então desaparecem. Porém, desde 2000, o número de águas-vivas vem aumentando
Foto: AFP
41 de 46
Medusas-da-lua nadam no Aquário do Pacífico, em Los Angeles, nos Estados Unidos
Foto: AFP
42 de 46
Medusas-da-lua são fotografadas no em aquário no Zoológico de Budapeste, na Hungria
Foto: AFP
43 de 46
Água-viva flutua em seu espaço no Sea Life Aquarium, em Koenigswinter, na Alemanha
Foto: AFP
44 de 46
O Sea Life Aquarium, em Koenigswinter, na Alemanha, apresenta cinco espécies diferentes de águas-vivas
Foto: AFP
45 de 46
Duas urtigas-do-mar deslizam pelo vidro no aquário em um parque aquático temático em Hong Kong, na China
Foto: AFP
46 de 46
A água-viva da espécie irukandji é considerada um dos animais mais venenosos do planeta. Ela pode ser encontrada na Austrália
Foto: AFP
BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.