Homossexualidade é útil aos animais, mas varia conforme a espécie
18 jun2011 - 09h19
Angela Joenck Pinto
Demonstrações de comportamento homossexual estão presentes no reino animal e tem funções diversas de acordo com a espécie. "A atividade homossexual pode ser uma maneira de reduzir conflitos sociais entre indivíduos do mesmo grupo, de fortalecer as escalas de dominância e de criar alianças" diz o professor de Psicologia, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e um dos principais pesquisadores de etologia (o estudo do comportamento animal) no Brasil, Cesar Ades. Para o pesquisador, a homossexualidade pode ser até considerado útil aos animais.
"Porém, é importante ressaltar que tais comportamentos são muito variados e não podem ser entendidos, como um todo, como idênticos à homossexualidade no ser humano, que se insere numa realidade sócio-cultural complexa. Mas podem indicar a generalidade de certos processos de atração entre indivíduos do mesmo sexo", explica.
No caso da formação de casais homossexuais no mundo animal, foram documentados comportamentos típicos da formação de vínculos, da corte sexual e do cuidado parental.
"Em muitos casos, é possível mostrar que estes comportamentos são bastante semelhantes aos que são vistos quando há a formação de pares heterossexuais. Estas formas de cortejo e vínculo entre indivíduos do mesmo sexo têm sido descritas num número alto de espécies, e o biólogo Bruce Bagemihl estima em 500 o número das espécies em que tenha sido comprovada a existência de comportamentos homossexuais", diz Ades, que lista entre elas lagartos, gansos, golfinhos e até moscas.
"Os comportamentos podem variar até dentro da mesma espécie. Representam uma realidade biológica que está começando a receber atenção e a ser compreendida", falou.
Segundo o pesquisador, a motivação do comportamento homossexual nem sempre é clara. Ele conta que, no seu laboratório, foi verificado que fêmeas de porquinho-da-índia às vezes têm comportamentos de corte idênticos aos dos machos.
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"Se aproximam de outra fêmea, exibem a dança da corte, que se chama 'rumba', e emitem um som grave de corte, que se chama 'purr'. Qual o sentido desta corte fêmea-fêmea? Ela obviamente não é reprodutiva, mas pode ter um sentido social. Pode ser uma forma de regular as relações entre as fêmeas, mostrando em que grau uma delas é dominante em relação às outras", pondera Ades. O professor da USP também cita as moscas fêmeas que se cortejam, tendo monta como forma de aumentar a produção de feromônios que atraem os machos.
"Os gansos, além de cortejar uma fêmea e de com ela criar uma aliança monogâmica que dura por toda a vida, são capazes de executar os comportamentos de associação sexual com machos e manterem um vínculo duradouro. Estas observações chamam a atenção à ideia de que, mesmo no ser humano, o comportamento sexual não é apenas reprodutivo, e que ele possui significados sociais, de sedução, de controle e de regulação social", diz.
"Sempre úteis"
Mas se a homossexualidade efetua papéis diversos, seria este um comportamento útil para os animais? "De um ponto de vista biológico, a resposta é sim. Um comportamento não surge ao acaso, numa espécie. Se aparece, é porque deve desempenhar uma função, mesmo que não seja reprodutiva", afirma o especialista, que diz acreditar que os comportamentos homossexuais não têm necessariamente a mesma função em diferentes espécies.
"Para saber a função que têm, e esse é um problema fascinante, vale a pena estudar cada espécie em seus relacionamentos sociais, em suas estratégias reprodutivas, para entender o papel da atração e do vínculo entre indivíduos do mesmo sexo. Em suma, os comportamentos homossexuais são sempre úteis, de uma forma ou de outra, entre as espécies animais", falou Ades.
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Conforme relato do professor, uma das espécies que mais surpreendeu pela frequência de seu comportamento homossexual é a dos bonobos, uma espécie de chimpanzé. Nos bonobos, fêmeas podem esfregar a região genital uma na outra, obtendo visível gratificação. "Este comportamento pode ter a função de reduzir conflitos sociais. Se dois bonobos se interessam por algo no ambiente, ao mesmo tempo, podem exibir comportamento sexual um em relação ao outro como maneira provável de 'agradar' e de diminuir a probabilidade de conflito", explica.
Na opinião de Ades, pesquisas neste campo serão importantes para mudar o entendimento geral sobre a sexualidade nas diferentes espécies. "Com a descrição e análise do comportamento homossexual, abre-se para a pesquisa etológica e evolucionista um campo muito interessante de investigação, que certamente vai modificar nossas teorias sobre o comportamento social e sobre o comportamento sexual em geral, humano em particular", conclui.
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Michael Rutzen usou uma foca de brinquedo para reproduzir o poder de caça do grande tubarão branco
Foto: Getty Images
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O especialista conseguiu registrar um tubarão branco de 6 m de comprimento saltando quase 4 m de altura para capturar a presa em False Bay, na África do Sul
Foto: Getty Images
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Ele pendurou a foca a cerca de 1,5 metro de distância de seu barco
Foto: Getty Images
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Cena foi fotografada em False Bay, na África do Sul
Foto: Getty Images
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Um tubarão branco pode atingir 7,5 m de comprimento e pesar até 2,5 toneladas
Foto: Getty Images
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Ele usou espuma e um manequim de fibra para recriar a foca
Foto: Getty Images
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A espécie tem a fama de ser a mais feroz e agressiva de todos os tubarões
Foto: Getty Images
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O animal é considerado um excelente caçador
Foto: Getty Images
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No início de maio, um filhote de urso polar foi resgatado quando vagava sozinho em um campo de extração de petróleo no Alasca, Estados Unidos. O animal, que teria pelo menos quatro meses de idade, é cuidado por um zoológico até que seja encontrada uma casa definitiva para ele
Foto: AP
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Guardas florestais da Austrália capturaram no dia 3 um crocodilo de água salgada de 4,64 m. Segundo o governo, o animal foi encontrado próximo a um parque turístico
Foto: AFP
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O centro de reabilitação animal Noah's Ark, na cidade de Locust Grove, no Estado americano da Geórgia, teve que colocar o urso, o tigre e o leão que vivem juntos em dieta após engordarem muito
Foto: Barcroft Media
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Para tentar reduzir o peso dos animais, os tratadores do parque decidiram submeter os três a uma rigorosa dieta
Foto: Barcroft Media
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O tigre Shere Khan, o leão Leo e o urso Baloo foram levados para o centro após uma operação antidrogas da polícia local e desde então convivem harmonicamente
Foto: Barcroft Media
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O tratador Charles Hedgecoth é fotografado cuidando do leão. O excesso de mimo que os animais receberam desde que foram para o centro é apontado como provável causa do ganho de peso
Foto: Barcroft Media
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Os tratadores pararam de fazer agrados com comida para os animais e só entregam o alimento que eles realmente precisam
Foto: Barcroft Media
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Leo é alimentado com sua nova dieta, que teve redução de 45 kg para 23 kg por semana
Foto: Barcroft Media
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Um rinoceronte-branco foi transferido da reserva Maasai Mara para o Parque Nacional de Nairobi, no Quênia
Foto: Reuters
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O rinoceronte foi transferido da reserva Maasai Mara após fugir para perto de uma área residencial
Foto: Reuters
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Foto: Reuters
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Guardas do serviço de proteção à vida selvagem descarregam a jaula onde se encontra o rinoceronte
Foto: Reuters
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O zoo de Magdeburg, na Alemanha, apresentou no dia 5 um filhote de lêmure-de-cauda-anelada de seis semanas
Foto: AFP
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Estela, um filhote de macaco-aranha, foi abandonada pela mãe ao nascer e é cuidada pelos tratadores do zoo de Melbourne na Austrália
Foto: AFP
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O filhote fêmea de macaco-aranha nasceu no dia 17 de janeiro no zoo de Melbourne
Foto: AFP
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Os tratadores estão estimulando a avó, Sonya (esq.), a cuidar de Estela
Foto: AFP
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Sonya não tem filhotes desde o nascimento de Sunshine, mãe de Estela, em 1987
Foto: AFP
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A preocupação dos tratadores na criação é de que Estela aprenda como se portar como um macaco-aranha
Foto: AFP
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No dia 12, o zoológico de Amã, na Jordânia, divulgou imagens de uma onça brincando com o seu filhote
Foto: Reuters
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Lola, uma onça-preta, faz carinho no filhote de 14 meses, uma onça-pintada chamada pelos funcionários do zoo de Ward
Foto: Reuters
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Filhote brinca com a mãe
Foto: Reuters
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Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), a espécie não está ameaçada de extinção, embora a perda do habitat possa afetar as populações
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A onça-preta e a onça-pintada pertencem à espécie Panthera onca, diferenciando-se apenas na quantidade de melanina
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A onça-preta e a onça-pintada têm o mesmo tamanho e podem chegar a no máximo 1,80 m de comprimento
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Os filhotes de onça-pintada nascem com os olhos fechados que se abrem por volta do 13º dia
Foto: Reuters
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Os filhotes alcançam a maturidade sexual entre 2 e 4 anos
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A gestação de uma onça dura de 90 a 110 dias podendo nascer de 1 a 4 filhotes
Foto: Reuters
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O parque Wildpark, na cidade de Eekholt, na Alemanha, apresentou no dia 13 um filhote de águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), espécie ameaçada de extinção. A ave é nativa da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai
Foto: EFE
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Nos Estados Unidos, uma espécie de cigarra voltou a aparecer. O animal tem um estranho ciclo de vida que o faz desaparecer por 13 anos. Quando chega o 13º ano de vida, as ninfas saem de seus refúgios e vão para a superfície para se tornarem adultas, acasalar e morrer rapidamente
Foto: Reuters
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Milhares de cigarras de olhos vermelhos têm surgido para acasalar e morrer rapidamente
Foto: Reuters
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Estes insetos são conhecidos como cigarras periódicas pois somem por muitos anos
Foto: Reuters
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Cientistas prendem GPS em esturjão-beluga no rio Danúbio
Foto: Reuters
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Os pesquisadores prenderam o equipamento em seis peixes na cidade romena de Tamadau, a 40 km de Bucareste
Foto: Reuters
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A iniciativa visa monitorar pelo sistema de posicionamento os animais
Foto: Reuters
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Os cientistas querem entender monitorar os hábitos e as rotas usadas pelo esturjão-beluga para se alimentar e reproduzir
Foto: Reuters
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Segundo a organização WWF, o Danúbio é uma rota importante para o esturjão-beluga
Foto: Reuters
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A WWF afirma que o alto valor do caviar da espécie - 1 kg pode custa 6 mil euros (R$ 13,8 mil) - leva à pesca excessiva e ameaça o esturjão
Foto: Reuters
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Países já adotaram medidas para tentar evitar o fim da espécie
Foto: Reuters
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A Bulgária e a Romênia já proibiram a pesca do esturjão
Foto: Reuters
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Na Colômbia, uma ONG divulgou no dia 18 as primeiras imagens de uma espécie de roedor que não era registrada havia mais de 100 anos. O rato arbóreo de Santa Marta (Santamartamys rufodorsalis) foi fotografafo por dois funcionários da organização ProAves
Foto: EFE
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Annalena Rouvel, 5 anos, brinca com o tigre Josef, no zoo de Eberswalde, na Alemanha. O filhote e o irmão Victor foram apresentados nesta quarta-feira. Os filhotes foram apresentados no dia 18
Foto: EFE
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Os dois filhotes nasceram no dia 28 de fevereiro
Foto: EFE
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O tigre siberiano, também conhecido como tigre de Amur, é uma subespécie ameaçada de extinção
Foto: EFE
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Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), a subespécie já chegou a estar em uma situação crítica, mas esforços para salvar o tigre aumentaram a população. Contudo, especialistas afirmam que a população está caindo novamente
Foto: EFE
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Filhotes de leão são apresentados no zoo de Hagenbeck, em Hamburgo, no dia 19
Foto: EFE
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Zoo de Duisburgo, na Alemanha, apresenta filhote de girafa
Foto: EFE
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Na China, filhotes de ligre (cruzamento de um leão com uma tigresa) nasceram no dia 13 de maio e foram abandonados pela mãe em um zoo em Weihai
Foto: AP
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Dois dos quatro filhotes acabaram por morrer de fraqueza
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Os ligres podem atingir 4 m de comprimento e, com apenas três anos de vida, pesar meia tonelada
Foto: AP
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A mãe abandonou os filhotes após quatro dias, por razões desconhecidas
Foto: AP
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Na Nova Zelândia, um centro de proteção apresentou um raro filhote branco de kiwi. Segundo o centro, este é o primeiro filhote desse tipo nascido em cativeiro
Foto: EFE
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Filhote de hipopótamo pigmeu (Choeropsis liberiensis ou Hexaprotodon liberiensis) é apresentando no zoológico de Bratislava, na Eslováquia. A espécie está ameaçada de extinção principalmente devido à ocupação humana, desmatamento e caça