Frustração: sonda InSight não encontrou água subterrânea no equador de Marte

Cientistas esperavam encontrar gelo ou água em compostos como argila sob o solo marciano. Mas a InSight descobriu apenas rochas porosas

12 ago 2022 - 12h15
(atualizado às 15h27)

Novos dados da sonda InSight, da NASA, revelaram que não existe gelo abaixo de seu local de pouso, perto do equador marciano. Os cientistas esperavam encontrar água congelada nos 300 metros do subsolo daquela região, mas há apenas uma crosta porosa e fraca.

Foto: NASA / Canaltech

Pesquisadores têm motivos de sobra para cogitar que Marte já teve um oceano de água líquida em sua superfície. A hipótese mais aceita é que parte dela escapou para o espaço, enquanto outra parte ficou retida na forma de gelo nas camadas da crosta abaixo da superfície.

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Contudo, as descobertas da InSight mostram que não parece haver grãos de gelo enterrado, ao menos na região de Elysium Planitia, uma planície plana e lisa perto do equador marciano, onde a sonda pousou em 2018. A temperatura média abaixo de zero seria o suficiente para congelar a água — se ela estivesse lá, mas não parece ser o caso.

Além disso, os cientistas foram surpreendidos com dados que contrariam outra hipótese: a de que uma grande quantidade da água se tornara parte dos minerais subterrâneos. Essa ideia é baseada nas interações conhecidas entre alguns tipos de rochas e a água — por exemplo, no caso da formação da argila.

Ilustração da sonda InSight com seus instrumentos de análise do subsolo (Imagem: Reprodução/NASA)
Foto: Canaltech

Em compostos desse tipo, a água deixa de ser um líquido e se torna parte da estrutura mineral, formando uma espécie de "cimento" subterrâneo. Nas análises da InSinght, "há algum cimento, mas as rochas não estão cheias de cimento", disse Michael Manga, da Universidade da Califórnia, Berkeley, um dos coautores do novo estudo.

Se não há sedimentos cimentados na região estudada pela sonda, deve haver uma escassez de água nos 300 metros abaixo do local. "A água também pode entrar em minerais que não atuam como cimento", disse Vashan Wright, da Universidade da Califórnia em San Diego. "Mas a subsuperfície não cimentada remove uma maneira de preservar um registro de vida ou atividade biológica".

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Assim, a busca por sinais de formas de vida antiga em Marte pode ser pouco produtiva em regiões como essa. A subsuperfície marciana é um alvo nesse tipo de pesquisa porque, se já houve vida no Planeta Vermelho, é lá que suas assinaturas estariam. Mas uma resposta conclusiva só deve vir após uma missão de coleta de material.

Para isso, a NASA pretende enviar a missão Mars Life Explorer na próxima década, com objetivo de perfurar dois metros na crosta marciana em locais onde gelo, rocha e atmosfera se encontram. O estudo foi publicado no Geophysical Research Letters.

Fonte: Geophysical Research Letters; via: MarsDaily

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