PUBLICIDADE

Plataforma promete conectar influencers de favelas com marcas

FavelaPlay tem objetivo de gerar engajamento e renda para microinfluenciadores de periferias; lançamento aconteceu na domingo (6)

11 nov 2022 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
Lançamento do FavelaPlay para influenciadores, na Rocinha
Lançamento do FavelaPlay para influenciadores, na Rocinha
Foto: André Fernandes/ANF

O projeto FavelaPlay foi apresentado oficialmente e lançado para influenciadores e parceiros na última domingo (6), na Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. A plataforma funcionará como uma antena para amplificar e engajar produtores de conteúdo e microinfluenciadores de favela. A ideia é conectar essas redes e esses públicos, e fazer com que grandes marcas possam fazer anúncios por meio desta plataforma, gerando renda para aqueles que compõem a rede do projeto.

Maria Eduarda Ferreira, conhecida nas redes sociais como Duda Ferreira, de 21 anos, tem quase 120 mil seguidores em suas plataformas digitais e está animada em fazer parte desse novo projeto. “Quem mora na comunidade tem mais dificuldade de crescer. É mais difícil conseguir parcerias”, conta a influencer.

A jovem é moradora da Rocinha e fala sobre maternidade em suas redes. “O que mais me chamou a atenção no FavelaPlay foi a forma como eles vão gerar engajamento, que é o principal ponto para conseguir parcerias”, diz.

Já Silvia Catra fala sobre representatividade. Ela, que conta com mais de 115 mil seguidores só no Instagram, diz que é fundamental estar envolvida em projetos que busquem trazer retornos positivos para a favela.

Silva traz seu dia a dia em suas redes e fala sobre tudo, principalmente pautas que julga importantes socialmente, como a causa feminista. “O papel dos influenciadores é esse: furar a bolha na produção de conteúdo, mostrando nossa realidade, mostrando nossos empreendedores”, ressalta.

Cria da favela Faz Quem Quer, na zona norte do Rio, e moradora de periferia, ela fala sobre suas expectativas com a plataforma FavelaPlay. “Tudo que possa gerar oportunidades é importante. Não tem lugar melhor que a favela para trabalhar e ganhar dinheiro. Estou com altas expectativas com esse projeto”.

Plataforma transmissora e amplificadora

Alex Rodrigues, CEO do FavelaPlay, explica que a plataforma é como se fosse uma antena, um sistema para amplificar as informações. “Rodrigo Brandão foi quem criou a tecnologia. Nós víamos a dificuldade em dar alcance para as informações, principalmente aquelas vindas das favelas e periferias. Essa plataforma foi criada para as comunidades. Em um lugar como a Rocinha, onde temos mais de 170 mil moradores, muitos microinfluenciadores existem, e suas vozes também. A favela tem voz mas as pessoas não ouvem”, defende.

O diretor explica como funciona a plataforma. “As pessoas se cadastram, nós procuramos patrocínios lá fora para usarem essas redes para propaganda. O FavelaPlay acessa as redes apenas no ao vivo, como uma antena transmissora mesmo, para reproduzir conteúdos em cadeia”.

Mas não serão todos os cadastrados que irão reproduzir todos os conteúdos. Os influenciadores poderão escolher quais tipos de conteúdos e propagandas vão repercutir. “Se um influenciador não gostar de falar sobre religião, por exemplo, ele pode escolher não reproduzir transmissões com esse tema. É importante ressaltar também que a plataforma FavelaPlay só tem a possibilidade de fazer o ao vivo, não terá acesso a nenhuma outra ferramenta ou espaço dos perfis cadastrados. E tudo dentro das políticas de privacidade”, diz Rodrigues.

A Rocinha será a primeira favela a receber efetivamente o FavelaPlaym e será o primeiro caso de uso da plataforma. Mas a intenção é ampliar para todas as favelas do Rio de Janeiro e do Brasil, e se firmar como um espaço de aprendizado para os influenciadores.

“As favelas têm um alto giro econômico. Foram R$ 360 milhões movimentados no último ano. Na pandemia, 80% do comércio local não fechou, e continuou a gerar renda local, fazendo as pessoas sobreviverem a esse período. No futuro, queremos entrar com equipamentos, estúdio, filmagem, internet e oficinas para os influenciadores conectados à plataforma. Ainda não são os grandes influenciadores que estão aqui, mas a intenção é que eles sejam”, contou.

Favelado também influencia

Pipa Vieira é outro influenciador de favela que esteve presente no evento. “Esse espaço é muito bacana para democratização da tecnologia na favela. O que temos hoje e como a favela se comparava e se comporta é uma questão política", afirma.

"Se o jovem não tem acesso à educação, a favela precisa de portas e oportunidades. Através desse projeto, temos uma oportunidade para a conexão desses jovens com acesso à educação e tecnologia. Para que não seja só um projeto, mas faça parte do processo. O jovem de favela encontra várias barreiras para ter suporte para os seus sonhos. Às vezes, nem internet eles têm. A cada dia que passa, através dessas experiências, sobretudo, o acesso, ter a internet, saber fazer e diminuir a sazonalidade, para que o jovem possa sustentar o seu sonho”, defende Vieira.

Fernandes Júnior também é influenciador, é cria da Rocinha e atua como mobilizador local do projeto. O produtor de eventos fala da importância de reconhecer e remunerar as pessoas pelo que elas fazem. “Poder remunerar as pessoas com o que elas já fazem é fundamental. Fazer com que dê certo e replicar em outras comunidades... O mundo digital vive do glamour, da estética, e aqui é a realidade" afirma.

"Ter seguidores não significa ser influenciador. Aqui, é cara a cara. Tem influência de verdade. O influenciador de favela, não tem opção a não ser mostrar quem ele é. Sempre vivi da arte aqui, conheço muita gente, o impacto econômico é gigante e o social maior ainda. Precisamos remunerar quem merece, fazer a moeda girar”, destaca Júnior.

O projeto FavelaPlay deve entrar em atividade na segunda quinzena de dezembro, e acontecerá um lançamento geral voltado para a Rocinha. “No escopo das atividades, também há a produção de programas voltados para a comunidade, falando sobre temas de interesse, como saneamento, por exemplo. É um projeto sociocultural. Estamos em um papel de intermediador, porque quando a ação vem de fora há uma resistência e nós queremos o contrário, queremos trazer segurança”, conta Alex Rodrigues.

ANF
Compartilhar
Publicidade
Publicidade