Saga de escritora até a Flip tem golpe, patrocínio surpresa e apoio de ministra
Editora recebeu e não imprimiu os exemplares. Depois de reviravoltas, livro chegou às mãos da ministra da Cultura
Registro de uma viagem por quarto continentes, livro de escritora periférica tem 200 páginas com fotos e textos, em verso e prosa, sobre mulheres diversas. Após golpe de editor e a quase morte da obra, um patrocínio inesperado vai colocá-la no mercado, com prefácio da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Entre os livros lançados na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a história de produção de Grita!, da documentarista e escritora suburbana Káliman Chiappini, tem reviravoltas que incluem um golpe de editora, patrocínio inesperado e prefácio mais inesperado ainda, da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
A obra de 200 páginas, com poemas, textos em prosa e fotos absolutamente maravilhosas sai, finalmente, pelo Selo Editorial Casa da Favela, com lançamento na Flip. Os bastidores de produção, ou seja, a história da história, que daria outro livro, o Visão do Corre resume.
Káliman fotografou mulheres e escreveu suas histórias recolhidas em quatro continentes. “Em 2020, como documentarista de impacto social, me inscrevi para uma vaga de trabalho na Índia. Em plena pandemia, pensei: se o mundo estiver acabando, pelo menos fui pra Índia. E fui.”
Morou lá por dois anos, depois um ano e meio em diferentes países da África, como Costa do Marfim, Gana e Tunísia. Esteve no Oriente Médio e na Ásia. Voltou ao Brasil no início de 2024 e, “com as anotações em mãos”, decidiu se “concentrar em organizar um livro. Mas, no início do processo, sofri um golpe.”
Editor dá o golpe e livro praticamente naufraga
Káliman investiu R$ 20 mil “de um edital que eu havia conquistado com esforço, destinado à realização de uma exposição e à impressão dos livros”. A editora não entregou os exemplares impressos. “Na delegacia, ao registrar o boletim de ocorrência, entendi que o editor era um estelionatário.”
Com exposição de fotos e lançamento do livro marcados no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, a escritora foi avisada na noite anterior de que não haveria livros. André Fernandes, do Selo Editorial Casa da Favela, fez então um corre emergencial, que salvou o evento.
Ele conseguiu imprimir 30 exemplares em uma gráfica rápida. O valor, uma paulada: o livro tem 200 páginas, metade de fotos. Mas o evento aconteceu, a noite foi salva, a exposição Serpente do Mundo foi vista por 17 mil pessoas.
Porém, só alguns sortudos presentes ao lançamento obtiveram o livro impresso, que se esgotou na primeira noite e tinha tudo para continuar esgotado. Mas a história teve outra reviravolta.
Ministra recebe o livro em mãos e devolve um prefácio
Káliman Chiappini tomou o golpe do editor no começo de 2025. Passaram-se quatro meses e, em abril, ela participou do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços). O evento ficou marcado pela polêmica sobre os “neomarginais”, mas para a documentarista e escritora, a surpresa foi outra.
Uma profissional do mercado editorial, sensibilizada com a trajetória do livro e da autora, sobretudo o golpe editorial, bancou a impressão de Grita! Histórias & Poemas de Impacto. Seria uma história de duplo final feliz. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, recebeu o livro das mãos de André Fernandes, que organiza a Casa da Favela na Flip, onde o livro será lançado.
“Em audiência com a ministra, falamos de vários assuntos, inclusive da série documental da Káliman, que se chama Senão Agora, Quando? Dei o livro, pedi que escrevesse a quarta capa, ela mandou o prefácio”, conta Fernandes. No texto, a ministra elogia a possibilidade de conhecer “experiências várias de mulheres ao redor do mundo”, o quanto são diversas e múltiplas.
Serviço:
Lançamento de Grita! Histórias & Poemas de Impacto, de Káliman Chiappini.
Dia 2 de agosto, 10h, na Casa da Favela. Rua Tenente Francisco Antônio, 28, Centro Histórico de Paraty.
Programação completa AQUI