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Opinião: o adeus do Planet Hemp, a banda que mudou o debate sobre maconha no Brasil

Após 30 anos, grupo faz turnê de despedida intitulada A Última Ponta. Efeito das mensagens deve continuar na cabeça

15 nov 2025 - 17h44
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Formação do Planet Hemp em 1995, no lançamento do disco Usuário, que botou fogo no cenário musical e jurídico do país.
Formação do Planet Hemp em 1995, no lançamento do disco Usuário, que botou fogo no cenário musical e jurídico do país.
Foto: Divulgação

Há trinta anos, quando o Planet Hemp lançou seu primeiro disco, Usuário, o Brasil era bem outro: 1995 marcava o primeiro ano do Plano Real, que segurou a inflação; havíamos ganhado o tetracampeonato mundial de futebol; na música, o rap mostrava sua força, e surgiram bandas fundamentais, como a inigualável mistura de Chico Science e Nação Zumbi e, claro, o Planet Hemp.

Lembro muito bem do impacto, até hoje inacreditável, de letras que escancaravam a questão, dizendo para não comprar, mas plantar; repetindo “legalize já”; criticando a política de repressão e morte contra o comércio de maconha; falando dos efeitos, digamos, sensoriais da planta; acusando o debate de ser moralista e mal-informado. Fez a cabeça.

Obviamente, os críticos sempre esclarecidos diziam que era para ganhar dinheiro, e era, também. Mas foi além. Olhando para trás, é inegável a contribuição do Planet Hemp para o debate. Basta imaginar que, ainda hoje, músicas e shows da banda têm grandes chances de serem malvistos e até proibidos em várias cidades do país. Ou é fácil falar de maconha em qualquer lugar, para qualquer pessoa, sem nenhum risco?

Não é, as mudanças são milimétricas, mas quando funkeiros e rappers aparecem tranquilões ostentado baseados em vídeos nas redes sociais, saibam, alguma coisa mudou, como a necessária distinção entre usuário e traficante, cada vez mais evidente, e o uso de derivados da maconha como remédio, aumentando a aceitação de sua eficácia contra a depressão, ansiedade, dores crônicas, etc. Isso seria inimaginável há trinta anos.

Essas e outras mudanças legais e culturais, de mentalidade, são obra do Planet Hemp? Exclusiva, não, e realmente é impossível mensurar estatisticamente a contribuição da banda, mas a interferência liderada por Marcelo D2 fez, faz e continuará fazendo efeito.

Em um país que tolera e exalta o álcool, que ainda distingue “álcool e drogas” como se fossem coisas diferentes, a música pró-maconha trouxe novos elementos, obrigou a pensar, a concordar e a discordar – a discordância significa que o debate foi colocado. E isso também é um avanço.

O nome da turnê de despedida do Planet Hemp é A Última Ponta, o que significa, metaforicamente, o fim da banda, e no mundo dos maconheiros, os últimos tragos em um baseado. Tudo acaba assim? Não, porque é propriedade intrínseca da música e da erva continuarem ecoando na mente, e dependendo da qualidade, duram por um longo tempo.

Fonte: Visão do Corre
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