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“Cadê a ração dos dinossauros?”, pergunta MC Cidinho sobre direitos autorais

Autor de sucessos em dupla com MC Doca, funkeiro reclama de calotes e poderia estar vivendo melhor na Cidade de Deus

12 jul 2025 - 06h13
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Resumo
Trinta anos após o sucesso do Rap da Felicidade, MC Cidinho ainda não recebeu o que tem direito por várias músicas. Após sobreviver a problemas graves de saúde e sair de uma internação, o funkeiro prepara projeto musical para se apresentar com banda. E cobra justiça, expondo a realidade de vários pioneiros do funk.
MC Cidinho General quer saber quem vai pagar o prejuízo, ou seja, os direitos autorais das músicas.
MC Cidinho General quer saber quem vai pagar o prejuízo, ou seja, os direitos autorais das músicas.
Foto: Divulgação

Lembrar os precursores do funk em datas emblemáticas, como o Dia Nacional do Funk, é necessário, mas vários deles ainda estão esperando receber direitos autorais, como MC Cidinho General, que em dupla com MC Doca fez o funk mais famoso do país, aquele do “eu só quero é ser feliz”.

Inacreditavelmente, MC Cidinho conta que, até hoje, não recebeu mais do que R$ 15 mil pela música criada há 30 anos. “Cadê a ração dos dinossauros?”, pergunta de forma irônica e até engraçada, mas o General está bravo, ainda mais depois de sair de uma internação.

Aos 49 anos, MC Cidinho sobreviveu a dois infartos, dois acidentes vasculares no cérebro, e teve uma broncoaspiração, com alimentos indo para as vias respiratórias. Sua filha o encontrou no chão, o músico foi levado às pressas ao hospital, ficou nove dias “no ar”, e sobreviveu.

Rap das Armas ficou mundialmente famoso no filme Tropa de Elite, com Capitão Nascimento matando geral.
Rap das Armas ficou mundialmente famoso no filme Tropa de Elite, com Capitão Nascimento matando geral.
Foto: Divulgação

“Mais uma vez, fui na beira do abismo”. Ainda morando na Cidade de Deus, ele reclama dos credores. Se recebesse o que tem direito, estaria vivendo melhor. Somente em dupla com Doca, são inúmeros sucessos, como Rap da Felicidade e Rap das Armas – para os desavisados, “rap” é um dos nomes do “funk”, nos primórdios.

MC Cidinho General explica melhor essas e outrs tretas falando direto da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, na entrevista ao Visão do Corre.

A dupla do Doca acabou de vez?

Sim, mas se aparecer alguma coisa, a gente faz, inclusive vamos fazer um baile com a Furacão 2000. A nossa amizade está cada vez mais forte. A dupla só separou porque eu não estava me sentindo feliz, queria outro tipo de vida musical.

Como você avalia o funk hoje?

Antigamente, era muito mais difícil, e rede social dá um dinheiro maneiro, os cachês têm vários dígitos. Eu respeito o trabalho de todos, só que algumas músicas eu não tocaria na minha casa, tenho esposa, filhas, tem umas músicas abusivas, eu deleto.

Você está falando do proibidão?

Não é proibidão, a gente canta aquilo que a gente vive. Estão tentando maquiar um montão de coisas e jogar o pobre contra o pobre. Então eu, como um dos caras que capinou essa estrada, digo que o dia que plantarem flores na minha porta, aí eu vou falar de flores, vou falar de jardinagem, por enquanto a violência é a minha vizinha.

Policiais na Cidade de Deus em operação em 2024: como andar tranquilamente na favela onde eu nasci?
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Foto: Tânia Rego/AB

Os funkeiros de hoje estão mais preparados para o negócio musical?

Faltou conhecimento tanto para mim, quanto para os demais, para poder pegar tudo que tem que ser pago. A nova geração está ciente legal, eles começaram a ver dinheiro. O que faltou pra gente, chegou para eles. Tenho uma certa frustração.

Tem muita gente devendo para você?

Quando fazem pagamentos, são assustadores de tão pouco. É até bom estar falando desse assunto para ver se um monte de gente aí paga, porque até agora a gente vive numa vida que dá pra viver, mas se viesse tudo, a gente estava morando melhor e vivendo melhor.

Você ficou rico?

Vivo uma vida financeira bem precária. Se eu receber tudo que é meu, eu posso não ficar milionário, também não quero ficar rico, mas vou poder ajudar muita gente.

Cidinho e Doca se apresentam no Rock in Rio no Espaço Favela em 2019. Dupla acabou, mas fazem shows.
Cidinho e Doca se apresentam no Rock in Rio no Espaço Favela em 2019. Dupla acabou, mas fazem shows.
Foto: Ariel Martini/Rock in Rio/Divulgação

Quanto rendeu o Rap da Felicidade?

De todos esses anos, eu acho que eu devo ter pegado uns quinze mil reais. O título da matéria seria “onde está a ração dos dinossauros?”. Eu estou dando a sorte de encontrar alguém da imprensa que vai tocar nesse assunto. É um assunto nacional, tem outros que precisam receber, principalmente da Baixada Santista.

Você passou por várias empresas?

Fui filiado a várias na tentativa de uma melhoria financeira, que foi frustrada.

Acha que algum dia vão pagar?

Vou ser bem sincero: depois dessa conversa e desabafo, eu vejo os MCs das antigas pondo a mão naquilo que é deles por direito, eu vejo melhoria, eu vejo justiça.

Você vive no seu “escritreta”, pode explicar o que é?

É uma mistura de estúdio, escritório e treta. Fico o dia inteiro, sem querer sair, compondo, criando, sou um cara muito caseiro.

O que vem por aí no seu trabalho?

Venho com uma novidade musical para preencher uma lacuna. Estou vindo com uma banda chamada Seda e Flor, de São Paulo, que vai tocar rock, MPB e funk. O dia que eu ia viajar para começar a ensaiar, passei mal. Agora só falta ver o local para me instalar e começar os ensaios. É tudo no tempo de Deus.

Fonte: Visão do Corre
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