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Turismo

Ilha Decepção: como é visitar a cratera de um vulcão adormecido

Uma cratera de 16 km onde é possível caminhar em seu interior [...]

5 mar 2025 - 09h54
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O nome pode até afastar quem vem de longe, mas nada ali é para decepcionar. A visita à Ilha Decepção é uma das experiências mais exclusivas do mundo das viagens extremas.

Esse pedaço de terra circular no arquipélago das Shetland do Sul é, na verdade, o topo de um vulcão ativo submerso, cuja cratera de 16 quilômetros de diâmetro não só é navegável como também é considerada um dos melhores pontos de ancoragem de toda a Antártica.

E, mesmo quando suas águas estão congeladas, navios quebra-gelo são capazes de rasgar aquelas grossas camadas para a passagem de embarcações turísticas e desembarque de passageiros nesse terreno que tem a maior parte dele coberta por glaciais.

Cratera congelada da Ilha Decepção
Cratera congelada da Ilha Decepção
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Ilha Decepção

O atrativo é uma das paradas dos turistas que fazem expedições na região da Península Antártica, a versão mais turística do Continente Branco.

Um dos momentos mais aguardados é a cuidadosa passagem do navio pelo Neptune's Bellows ('Fole de Netuno', em português), uma estreita boca de acesso à baía interior, Port Foster, com apenas 500 metros de largura.

Entre o século XIX e as primeiras décadas do século XX, a ilha serviu como base da indústria da caça de focas e baleias, e base militar britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, atualmente, estações de pesquisa funcionam na ilha, como a espanhola Gabriel de Castilla e a argentina Base Decepción, na baía Primero de Mayo, conhecida também como Baía Fumarola.

Na caldeira da Ilha Decepção
Na caldeira da Ilha Decepção
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Logo na entrada do vulcão, à direita, fica a enseada Whalers Bay, famosa pela extensa praia de areia preta e endereço das ruínas da construção de uma antiga estação baleeira.

Aliás, dizem, que o nome se deve ao navegador estadunidense Nathaniel Palmer que, em 1820, teria se decepcionado ao descobrir que o que parecia uma ilha era na verdade uma caldeira vulcânica inundada.

Mas decepcionante mesmo é o que alguns são capazes de fazer em uma área histórica como essa.

Recentemente, um hangar histórico de Whalers Bay foi alterado por grafites realizados por alguém ainda não identificado. Seria apenas uma manifestação artística se não fosse um monumento histórico protegido pelo Tratado da Antártica.

Foto: Adam Turner/Oceanwide Expeditions / Viagem em Pauta
Antigas caldeiras na Whalers Bay
Antigas caldeiras na Whalers Bay
Foto: Erwin Vermeulen/Oceanwide Expeditions / Viagem em Pauta

"Não consigo compreender como alguém acha que seja aceitável. Não há absolutamente nenhum lugar para isso [o grafite] na Antártica, especialmente em um monumento histórico listado com leis de proteção internacional", analisa Adam Turner, Chefe de Operações de Expedição da Oceanwide Expeditions, empresa holandesa especializada em viagens turísticas no Ártico e na Antártica, há mais de 30 anos.

Foi Turner quem propôs ao UKAHT (United Kingdom Antarctic Heritage Trust) um plano para a remoção dos grafites, um trabalho em conjunto que reuniu especialistas dispostos a encarar a mudança brusca do clima antártico e sem nenhuma possibilidade de saída, nos cinco dias seguintes.

"Com o tempo, você aprende a esperar o inesperado, então estávamos bem preparados para qualquer coisa que nos acontecesse", diz Turner, em nota enviada ao Viagem em Pauta.

Ilha Decepção
Ilha Decepção
Foto: Creative Commons / Viagem em Pauta

E, em se tratando do (in)esperado na Antártica, o delicado trabalho de restauração em um ambiente frágil foi marcado também por dificuldades naturais como ventos fortes, chuva pesada e 15 a 20 centímetros de neve em apenas quatro horas.

A 60 mareantes horas da América do Sul e a mil quilômetros do Ushuaia, na Argentina, a Antártica é o continente mais frio do mundo e tem rajadas de ventos com velocidades extremas.

"Não podíamos usar nada que liberasse partículas de plástico da tinta na atmosfera ou no solo, então, primeiro, tivemos que proteger o solo, o que envolveu camadas pesadas de lonas plásticas", lembra o Chefe de Operações de Expedição da Oceanwide Expeditions.

Outra dificuldade na tentativa de diminuir a contaminação da área foi a adaptação dos produtos químicos usados na remoção do grafite, que nem sempre eram eficazes em ambiente de temperaturas extremas.

Turner explica, por exemplo, que alguns tiveram que ser "reativados" com o aquecimento de água e usados, imediatamente, pois o gel logo se tornava sólido.

Quando ir

A curtíssima temporada turística na Antártica vai de novembro a março, quando a temperatura é mais alta e os animais são abundantes na região..

É nessa mesma época que a região tem luz natural por quase 24 horas, uma eterna luta entre o sono e a vontade de acompanhar o dia sem fim, do lado de fora.

Explorar regiões remotas como a Antártica exige flexibilidade por parte do viajante. Por isso, prepare-se para todo tipo de condição climática, cancelamento de atividades exteriores ou mudança de rota. O clima na Antártica é instável e, em questão de minutos, tudo pode mudar.

O verão na costa costuma ser de 0º, embora os ventos gelados sejam responsáveis pela sensação de frio. Em outubro, por exemplo, os termômetros marcam entre -7 e 0°C .

Interior da Ilha Decepção
Interior da Ilha Decepção
Foto: Adam Turner/Oceanwide Expeditions / Viagem em Pauta
Viagem em Pauta
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