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'Diários de Motocicleta' faz 20 anos: veja locações

O filme refaz a viagem de Ernesto Guevara e Alberto Granado [...]

7 mai 2024 - 07h45
(atualizado às 16h33)
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Podia até ter sido uma viagem aventureira de dois jovens argentinos, em busca de chicas latinas (o que foi, de fato, a princípio).

Mas, ao final de quase sete meses por la carretera, a viagem terminaria em Caracas como a (re)descoberta de uma América Latina inóspita que, tal qual os conhecidos estereótipos, só se sabia em livros.

Reprodução
Reprodução
Foto: Viagem em Pauta

Há exatas duas décadas, o diretor brasileiro Walter Salles estreava nos cinemas brasileiros o longa Diários de Motocicleta, baseado nos relatos de viagem de Ernesto Guevara de la Serna, o Che, e seu amigo Alberto Granado Jiménez.

O longa é baseado nos diários de viagem do quase médico Guevara e do bioquímico cordovês Granado, respectivamente, interpretados pelo mexicano Gael García Bernal e pelo argentino Rodrigo de la Serna.

Em janeiro de 1952, Guevara, aos 23 anos, e Granado, com quase 30, planejaram percorrer oito mil quilômetros do continente, em quatro meses. Mas como todo deslocamento terrestre pela América Latina, a viagem foi no seu ritmo e só chegaria ao fim, seis meses e 12 mil quilômetros depois, em Caracas, na Venezuela.

Os dois saíram de Buenos Aires, na Argentina, a bordo de uma capenga Norton 500, La Poderosa, como a motocicleta de Granado era conhecida, em um roteiro improvisado que passaria pelo Chile, em destinos como a Patagônia e o Deserto do Atacama, e pela amazônia peruana.

Guevara e Granado
Guevara e Granado
Foto: Domínio Público / Viagem em Pauta

Mais do que fazer turismo mochileiro, a dupla escutaria, atenta, as vozes esquecidas de um continente tão acostumado a esquecer sua gente, como habitantes de povoados distantes, mineiros explorados, camponeses, indígenas e enfermos.

Ao final da viagem, em julho daquele mesmo ano, o provincialismo diminuto dava lugar a uma América Latina maiúscula.

E com essa monumentalidade, geográfica e social, Salles levou às telonas um road movie que revela uma América Latina, ao mesmo tempo, tão próxima e tão distante para os brasileiros, cujas fotografias em preto e branco são uma espécie de registro presente de um passado-futuro de um continente ainda esquecido.

Por isso, em cerca de duas horas de filme, Diários de Motocicleta é tão múltiplo quanto o próprio continente retratado.

Prime Video/Reprodução
Prime Video/Reprodução
Foto: Viagem em Pauta

Tem direção de um brasileiro (Walter Salles), produção executiva assinada por um estadunidense (Robert Redford) e roteiro escrito por um porto-riquenho (José Rivera).

Sem falar no elenco com artistas do México, Argentina, Chile e Peru.

Assim como contou na época da estreia do longa em Buenos Aires, o diretor e a equipe refez três vezes a viagem da dupla Guevara/Granado, "duas para buscar as locações, e a terceira para filmar", disse Salles para o jornal argentino La Nación.

Entre os quase 30 prêmios conquistados, entre eles, um BAFTA (melhor filme em língua não-inglesa), está o Oscar de Melhor Canção Original (Al otro lado del río, do uruguaio Jorge Drexler).

 

Conheça os cenários em 'Diários de Motocicleta'

* as datas e os locais seguem a cronologia do filme de Walter Salles

Diários de Motocicleta foi rodado em destinos de quatro países latino-americanos:

Argentina (Buenos Aires. Miramar, San Bernardo, Bariloche, Lago Frías, Villa La Angostura e Mendoza; Chile (Temuco, Lautaro, Freire, Valparaíso, Chuquicamata, Deserto do Atacama); Peru (Machu Picchu, Ollantaytambo, Cuzco, Lima, Iquitos e Santa María); e Cuba ( La Habana).

13 de janeiro de 1952

Miramar - Argentina

Após uma caótica e emocionada partida de Buenos Aires, Guevara e Granado fazem uma primeira parada em Miramar, cidade na província de Buenos Aires, a 450 quilômetros da capital argentina, onde Guevara foi visitar sua primeira namorada, María del Carmen "Chichina" Ferreyra.

29 de janeiro de 1952

Piedra del Aguila - Argentina

É nessa pequena localidade de Neuquén, conhecida por suas formações rochosas e rios piscosos, que a dupla tem um dos inúmeros acidentes com La Poderosa, o meio de transporte utilizado no início da viagem, até sua "morte" total, no Chile.

31 de janeiro de 1952

San Martín de los Andes - Argentina

Ao completar quase um mês de estrada e pouco mais de dois mil quilômetros rodados, Guevara e Granado chegam a essa cidade, encravada na cordilheira dos Andes, na província de Neuquén.

"O que é que se perde ao cruzar uma fronteira?"

Carta de Ernesto Guevara para a mãe Celia de la Serna

15 de fevereiro de 1952

Lagos Frías - Argentina

É nesse lago de origem glaciar, próximo ao Chile, que Guevara cruza sua primeira fronteira internacional, rumo ao norte do continente.

Cena de ‘Diários de Motocicleta’ (Reprodução)
Cena de ‘Diários de Motocicleta’ (Reprodução)
Foto: Viagem em Pauta

18 de fevereiro de 1952

Temuco - Chile

Já em território chileno, Guevara entra no El Diario Austral e consegue convencer a Redação do jornal a fazer uma matéria sobre a viagem com "dois dos mais prestigiosos especialistas em lepra da América do Sul", como dizia o texto exagerado.

26 de fevereiro de 1952

Los Angeles - Chile

É nessa cidade no centro-sul do país, na província de Biobío, que os dois dispensam La Poderosa, por conta das condições mecânicas da moto. Dali, seguem a pé, de carona e de todas as outras formas possíveis de se viajar pela América Latina.

7 de março de 1952

Valparaíso - Chile

Nessa cidade portuária, a dupla completou quase 3.600 quilômetros de viagem.

Entre os dias 11 e 15 de março, Guevara e Granado percorrem as regiões do Atacama e Antofagasta, onde Che se sensibiliza com a situação degradante dos mineiros chilenos da Mina de Chuquicamata.

Ao sair da mina, o estudante de Medicina sentiria mudanças na viagem. "Ou éramos nós?", questionou.

Já entre os dias 2 e 5 de abril, com quase sete mil quilômetros de estrada acumulados, chegam aos endereços mais famosos dos incas, a antiga capital Cuzco e o santuário de Machu Picchu.

Cena de ‘Diários de Motocicleta’ (Reprodução)
Cena de ‘Diários de Motocicleta’ (Reprodução)
Foto: Viagem em Pauta

12 de maio de 1952

Lima - Peru

É na capital peruana que Guevara e Granado conhecem Hugo Pesce, prestigiado médico especialista em lepra, que os envia ao leprosário em San Pablo, na Amazônia peruana.

25 de maio de 1952

Pucallpa, no centro-leste do Peru, é o ponto de partida para uma longa viagem de cinco dias de barco até San Pablo, onde os dois permanecem como voluntários por três semanas e Guevara comemora seu 24º aniversário.

No dia 22 de junho, estão na região de Letícia, a cidade colombiana mais austral, na Tríplice Fronteira entre a Colômbia, Peru e Brasil.

No dia 26 de julho de 1952, aquelas duas vidas se despedem em Caracas, capital da Venezuela. Granado e Guevara só voltariam a se reencontrar, oito anos depois. O primeiro como pesquisador, em Cuba, e o segundo, já como o comandante Che Guevara.

"Eu já não sou eu. Pelo menos, não o mesmo eu interior"

Ernesto Guevara

Viagem em Pauta
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