‘Todo homem quer ter 2 centímetros a mais’, diz especialista em harmonização íntima
Em entrevista ao Terra, Pedro Sousa afirmou que já mudou aproximadamente 4.000 vidas
Pedro Sousa, especialista em harmonização peniana, destaca os benefícios estéticos e funcionais do procedimento, como aumento de circunferência e melhora na ereção, desmistificando tabus e prevendo maior normalização da prática no futuro.
"Todo homem quer ter 2 centímetros a mais", garante Pedro Sousa, especialista em harmonização peniana, procedimento que o ex-Fazenda Rico Melquiades recentemente confessou ter feito. Aos 93 anos, o ator Stênio Garcia também já demonstrou interesse na prática, mas, por conta da idade avançada e de algumas patologias, acabou sendo impedido de fazer.
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O procedimento é similar ao rejuvenescimento facial, mas é realizado na genitália, com a intenção de deixar a região menos enrugada e mais jovial. Não espere, no entanto, por um aumento milagroso de tamanho. Com a aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico, esse tipo de harmonização possibilita aumentar a espessura do pênis em até 3 centímetros, com efeito provisório que pode durar de 6 a 2 anos, a depender de como o corpo reage e absorve a substância.
Biomédico e farmacêutico por formação, Pedro cita já ter atendido cerca de 4.000 homens. Segundo ele, no futuro, a harmonização na região íntima será tão comum quanto na facial. "Isso já está acontecendo. Quando começou, todo mundo demonizava a harmonização facial. A coisa evoluiu de tal forma que se tornou supercomum. Quando eu falo de estética íntima masculina nas palestras, eu cito que a gente já ultrapassou o ponto de retorno, ou seja, hoje em dia, já é um procedimento tão falado, que a normalização está próxima."
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize o uso da toxina botulínica e do ácido hialurônico em tratamentos estéticos, não há nenhuma regulamentação específica para a aplicação peniana ou para a proibição do uso das sustâncias na região. Portanto, em meio às brechas normativas, é importante ter ciência que a responsabilidade por qualquer complicação é inteiramente do paciente e do profissional que o realizou.
De acordo com Pedro, há cinco anos, quando começou, seu público era majoritariamente formado por homens homossexuais, que se sentiam desconfortáveis em usar sunga na praia por causa do pouco volume na região íntima. Porém, após desmistificar o assunto nas redes, sua cartela passou a ser formada por uma parcela de homens héteros, muitos com alguma condição, como sobrepeso ou micropênis, que acaba deixando o genital visualmente menor.
“Quando eu comecei, homens da comunidade LGBT entre seus 30 e 40 anos me procuravam muito, mas, desde que comecei a falar nas redes e o assunto ficou mais popular, notei uma diferença. Acho que, agora, a maioria é heterossexual e solteiro. Mas sinto uma tendência crescendo entre os heterossexuais casados, pessoas casadas há 10, 15 e 20 anos, que estão sentindo-se confortáveis para falar sobre estética peniana com as esposas, o que é ótimo, porque as mulheres sempre colocaram próteses nos seios, na boca, no bumbum, mas, agora, os parceiros estão conseguindo externalizar isso também dentro do consultório”, analisa ele.
Questionado sobre a ‘queixa’ mais frequente que leva homens ao consultório, ele é franco:
“Ter dois centímetros a mais. Todo e qualquer homem no universo inteiro ficaria satisfeito com dois centímetros a mais. É a busca pelo crescimento de tamanho [que chega no consultório], mas, de forma estética, não conseguimos mudar isso. O que a gente consegue fazer na estética íntima é fazer a volumização. Deixa mais grosso, aumenta a circunferência. E aí, o paciente consegue compreender que, além do volume maior que ele vai ter em sunga, vai ficar mais confortável de tirar roupa na frente dos outros, ele também vai ter impactos positivos na hora da relação sexual, porque o pênis mais grosso causa mais atrito, e esse atrito causa mais prazer na hora da cama”.
‘Funciona melhor na cama’
Para além dos impactos positivos que a harmonização genital gera na autoestima do paciente, Pedro Sousa faz questão de enumerar os benefícios funcionais do procedimento. Segundo o biomédico, a aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico na região não gera paralisia, tampouco disfunção. Pelo contrário, inseridas por meio de uma cânula minimamente invasiva, o procedimento age como fator dilatador de veias, fazendo com que, na hora do sexo, mais sangue seja bombeado --gerando melhora na ereção e no desempenho sexual.
“Então, além da estética, que é a volumização e estar com o pênis mais robusto em situações em que se sente vulnerável, a gente também tem os ganhos funcionais, porque a gente aumenta muito as sensações na hora da relação sexual, após o preenchimento e esse engrossamento peniano, isso falando dele ereto. No estado flácido, por causa do botox, a retração faz com que visualmente ele aparente estar um pouco maior que antes”.
O especialista em harmonização íntima acredita tanto no procedimento que já fez em si mesmo algumas vezes. Em uma delas, viralizou ao filmar e compartilhar o vídeo na rede. “Eu não imaginava que ia viralizar, mas aconteceu e foi muito interessante, porque eu mostrei que é um procedimento simples, tão simples que fiz em mim mesmo. Mostrei que a recuperação é tranquila e que não tem o que temer, porque quando falamos em mexer na pênis, o homem, apesar da vontade, tem medo”, relembrou o episódio com irreverência.
Entretanto, apesar da simplicidade, ele alerta que, como todo procedimento – e por "mais minimamente invasivo" que seja –, sempre há riscos. Ele orienta a não realização quando algumas condições são identificadas, como pressão alta, diabetes, problemas vasculares ou circulatórios, além da idade, claro, mas este último requisito é uma escolha profissional sua.
“A partir dos 18 anos já podemos fazer, entretanto, eu prefiro pegar pacientes com mais de 21, que é quando a estrutura biológica do homem já se formou por completo. Enfim, o paciente que tenha uma saúde em dia, que não tenha nenhum tipo de doença crônica, descontrolada ou doença autoimune, é um paciente indicado para a realização do procedimento. Até mesmo os pacientes que têm micropênis a gente consegue fazer”.
Como não é algo cirúrgico, o paciente que adere ao procedimento costuma se recuperar em alguns dias. As recomendações variam de 3 a 5 dias sem atividade física intensa, mas requer ainda evitar o uso de cueca ou sunga, evitar sol por 7 dias e evitar relações sexuais por cerca de 10 a 14 dias.
Em casos de reações alérgicas, o especialista afirma que a recomendação é retornar ao consultório para a retirada do botox e do ácido hialurônico, o que, segundo ele, é rápido e não costuma deixar sequela, estas apenas acontecem caso o paciente não siga as recomendações e negligencie alguns sinais de alerta, como inchaços ou dores recorrentes.
O que você precisa saber sobre harmonização peniana?
Procurada pela reportagem, a Sociedade Brasileira de Urologia afirma que 'a prática de harmonização peniana é um ato médico, conforme prescrito na Resolução CFM nº 2.330/2023, e que a realização por profissionais não médicos configura exercício ilegal da medicina'. O Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região, em contrapartida, considera profissionais da área aptos para realizar tal procedimento.
Já a Câmara Técnica de Urologia do Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou que 'está trabalhando para padronizar esta área da harmonização ou estética genital' e, assim como a SBU, aconselha que o procedimento seja realizado só por médicos treinados, visto que é uma intervenção considerada arriscada e, por resolução ainda vigente (Resolução nº CFM 1.478/1997), experimental.
Em nota publicada em seu site, a Anvisa classifica biomédicos como profissionais da saúde e afirma que 'não tem competência para definir qual categoria' pode ou não realizar o procedimento estético, citando também que esta responsabilidade é dos conselhos profissionais.
Karlo Sousa, urologista do Hospital Santa Clara, consultado pela reportagem do Terra, não demonstrou ser contra ao procedimento de harmonização genital. Ele também avaliou que os benefícios citados por Pedro Sousa podem ser legítimos, mas que não foram comprovados cientificamente ainda. Além disso, bem como seus respectivos órgãos de classe, orientou que a intervenção seja realizada por um urologista.
"É um tema controverso, a gente acredita que existe, sim, uma melhora de desempenho sexual, mas que esse desempenho não é correlato da vascularização, mas sim resultado da confiança e aumento de autoestima da pessoa [...] Tem quem defenda e tem quem não defenda [o procedimento], mas, no princípio, a gente acredita que o ganho tem muito a ver mesmo com a questão estética e da autoestima mesmo. Até, por isso, é importante ter um profissional habilitado, um médico que conheça a anatomia. Por isso, brigamos para que seja feita por um profissional urologista, com uma avaliação adequada, levando em consideração não apenas a estética, mas possíveis 'disformismos' do paciente. Afinal, às vezes, as pessoas têm um órgão funcional e de tamanho normal, mas acabam sempre querendo um pouco mais".
O repórter do Terra consultou o Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES) e o Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região (CRBM1), e Pedro Sousa tem habilitação para executar as funções de farmacêutico e biomédico, bem como de realizar o procedimento íntimo. O ticket médio pode custar de R$ 10 mil a 40 mil, o valor oscila dependendo do protocolo e do número de sessões para atingir o objetivo.