Unicamp identifica substância mais potente que o fentanil pela primeira vez no Brasil
A universidade alerta para os riscos de intoxicação através das chamadas novas substâncias psicoativas (NPS)
A Unicamp identificou pela primeira vez no Brasil o composto opioide sintético N-pirrolidino protonitazeno, mais potente que o fentanil, em um caso de envenenamento grave tratado no Hospital das Clínicas.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgou, em uma publicação científica, ter identificado pela primeira vez no Brasil uma substância mais potente que o fentanil. O composto N-pirrolidino protonitazeno, um opioide sintético altamente tóxico da classe de nitazeno, foi detectado durante o tratamento de um paciente internado no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp com envenenamento grave.
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A substância foi indenticada em julho deste ano. Os testes foram realizados pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) em Campinas, filiado à Faculdade de Ciências Médicas (FCM), e pelo próprio HC.
O caso foi reportado à Secretaria Nacional de Política de Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), que integra o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A pasta informou que o paciente relatou sonolência seguida de perda de consciência após ingerir um comprimido estimulante. Dada à gravidade do caso, a equipe médica administrou naloxona, um antídoto para envenenamento por opioides.
A contaminação foi percebida de forma rápida porque o médico plantonista do HC que tratou o paciente, coincidentemente, é integrante do CIATox e identificou os efeitos de um opioide. Outras substâncias psicoativas também foram detectadas no sangue do paciente, incluindo MDA e catinonas sintéticas (estimulantes) e álcool (um depressor).
"Casos como esse, envolvendo o nitazeno, ilustram os desafios que a saúde, a segurança pública, a justiça e os profissionais de assistência social enfrentam com as chamadas novas substâncias psicoativas (NPS), medicamentos criados a partir de pequenas alterações na estrutura molecular de substâncias já conhecidas e controladas", diz o texto da Unicamp de divulgação da descoberta.
"Eles produzem efeitos semelhantes aos de drogas clássicas, como estimulantes e alucinógenos, e escapam de padrões e agências regulatórias. O risco de seu alto potencial tóxico, combinado com o fato de ainda serem desconhecidos, representa uma ameaça à saúde dos usuários de substâncias clássicas, que podem consumir NPS sem saber, e dificulta o trabalho de médicos e estabelecimentos de saúde, que não têm recursos para detectar e tratar envenenamento", alerta a universidade.