Ardência bucal atinge mulheres a partir dos 50 anos; entenda
Essa síndrome costuma fazer a língua queimar e deixar um gosto amargo na boca, além de dificultar o ato de engolir alimentos e líquidos
28 jul2014 - 08h00
(atualizado às 09h59)
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A língua queima, um gosto amargo vem à boca e é difícil engolir. Esses são os sintomas da Síndrome da Ardência Bucal, doença com maior incidência em mulheres com idade entre 50 a 70 anos.
Essa ardência ou queimação costuma ocorrer em mais de uma área, porém a língua é a mais atingida. “Lábios, palato, gengiva e mucosa jugal (área entre a bochecha e a gengiva), assoalho da boca e orofaringe também podem ser abrangidos”, diz Willian Frossard, professor e coordenador de Prótese Dentária Clínica da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A SAB é classificada em três tipos que diferem pelos momentos do dia em que os sintomas aparecem. Algumas pessoas acordam bem e pioram ao longo do dia, enquanto outras já despertam se sentindo mal. O terceiro grupo relata que não há um padrão, os sintomas aparecem em dias aleatórios.
Segundo o especialista, a causa da síndrome está associada a vários sinais clínicos. “Estudos incluem como causas fatores locais, neuropáticos, psicológicos e sistêmicos”, afirma Frossard. Por conta disso, não há tratamento estabelecido e padronizado para esse mal, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar para lidar com o assunto.
A terapêutica depende de um bom exame clínico, baseado nas causas relatadas e focado na melhora dos sintomas da queixa do paciente. Segundo o especialista, também é essencial incentivá-lo e apoiá-lo fazendo com que entenda a complexidade da síndrome.
“Condutas como hidratação constante da boca, controle do consumo de bebidas alcoólicas, fumo, balanceamento da dieta alimentar e prescrição de vitamina B podem ajudar a aliviar os sintomas. Em algumas situações também é necessário trocar a prótese dentária (que podem acumular fungos e bactérias que agravem os sintomas)”, diz Frossard.
Segundo uma pesquisa do Centro Multidisciplinar da Dor, 51 porcento dos pacientes se baseiam em sugestões de pessoas não qualificadas para uso de medicamentos e 40 porcento em prescrições anteriores.
Foto: Shutterstock
Uma das grandes preocupações quanto ao automedicamento são as possíveis interações medicamentosas. Por exemplo, se uma pessoa faz uso de anticoagulante e toma um anti-inflamatório, pode ter hemorragia e até morrer. Os analgésicos e anti-inflamatórios também podem agravar problemas gástricos e são contraindicados para quem já teve úlcera.
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Por esses motivos, é imprescindível pedir orientação de um médico. Apesar da Organização Mundial de Saúde - OMS - aprovar a automedicação responsável - apenas diante de sintomas leves, ler a bula e interromper o uso caso os sintomas não desapareçam -, existem detalhes que fazem toda a diferença na hora de se medicar. Algumas drogas, por exemplo, atrapalham a concentração, a coordenação motora, e isso deve ser levado em consideração na hora de determinar o horário do medicamento.
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Para a saúde bucal, também é preciso ter cautela. Muitas medicações de venda sob prescrição e de venda livre podem causar os sintomas de boca seca. Trata-se de um problema que atinge muitas pessoas por conta do importante papel que a saliva desempenha nas funções do corpo. O fluxo salivar adequado lubrifica os tecidos bucais, limpa a boca e inicia o processo digestivo quando os alimentos são mastigados. O dentista Joel dos Santos explica que quando o fluxo salivar é reduzido, organismos nocivos se proliferam na boca.
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Alguns tratamentos com radiação dos cânceres de cabeça e pescoço, doença de glândula salivar, estresse emocional, alterações hormonais associadas com gravidez e menopausa, e doenças autoimunes como diabetes também podem causar boca seca. Se você acha que uma medicação está causando boca seca, avise seu dentista ou médico, uma vez que, em alguns casos, um tipo diferente de prescrição pode oferecer algum alívio.