PUBLICIDADE

OMS: Vacinação contra covid-19 não acontecerá antes de 2022

Cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan, disse que apenas grupos de risco poderão ser imunizados em meados de 2021

9 set 2020 - 08h38
(atualizado às 08h49)
Compartilhar
Exibir comentários

A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, alertou nesta quarta-feira, 9, que não espera que vacinas contra a covid-19 estejam disponíveis para a população em geral antes 2022, embora os grupos de risco possam ser imunizados em meados de 2021.

OMS acredita que vacinação contra covid-19 não acontecerá para toda população antes de 2022
OMS acredita que vacinação contra covid-19 não acontecerá para toda população antes de 2022
Foto: Tingshu Wang / Reuters

"Muitos pensam que no início do próximo ano haverá uma panaceia que resolverá tudo, mas não será assim: há um longo processo de avaliação, licenciamento, fabricação e distribuição", frisou a especialista durante sessão de perguntas e respostas na internet.

Soumya indicou que a OMS trata a primeira chegada de vacinas a vários países em meados do próximo ano como o cenário mais otimista, momento em que deverá ser dada prioridade aos grupos de maior risco, visto que então ainda não terão sido produzidas doses para toda a população. "É a primeira vez na história que precisamos de bilhões de doses de uma vacina", disse a cientista-chefe da entidade.

Na seleção dos grupos prioritários para receber a vacina, a indiana insistiu que "os profissionais de saúde devem ser os primeiros, e assim que chegarem mais doses, devem ser alcançados os mais velhos, pessoas com outras doenças, para ir assim cobrindo cada vez mais a população, um processo que levará alguns anos".

Soumya enfatizou ainda que as pessoas devem continuar respeitando os protocolos sanitários e de higiene, como o distanciamento social, a utilização de máscaras e a higienização das mãos.

Na última sexta-feira, 4, a porta-voz da OMS, Margareth Harris, já havia dito que a Organização não espera uma ampla vacinação contra o novo coronavírus antes de meados de 2021. "Um número considerável de candidatos já entrou na fase 3 dos testes. Sabemos de pelo menos seis a nove que já percorreram um longo caminho em termos de pesquisa", disse.

"Mas em termos de um cronograma realista, não esperamos ver uma ampla vacinação antes de meados do próximo ano", acrescentou Margareth. A porta-voz explicou que a fase 3 dos estudos clínicos – ou seja, a etapa de testes em massa com voluntários – leva tempo, pois os cientistas devem verificar se as vacinas são eficazes e seguras.

Programa Covax

Soumya Swaminathan explicou ainda sobre o funcionamento do Covax, programa pelo qual OMS e outros organismos internacionais auxiliam financeiramente na pesquisa de vacinas contra a covid-19 em troca de garantir sua distribuição em todo o mundo.

A cientista-chefe disse que cerca de cem países em desenvolvimento poderiam se beneficiar desse programa e que mais de 70 manifestaram interesse em participar.

Para isso, o Covax está em negociações com as principais empresas e instituições que pesquisam imunizantes para adquirir grandes quantidades de doses, desde que comprovadas sua eficácia e segurança.

"Alguns fabricantes propõem preços de custo, enquanto outros sugerem que sejam menores ou maiores dependendo se o país é mais ou menos rico", revelou a especialista.

Sobre o preço aproximado das doses, Soumya indicou que atualmente pode variar entre US$ 2 e 30, embora tenha garantido que o mercado "é muito dinâmico e vai mudar à medida que mais vacinas forem disponibilizadas". Ela também lembrou que alguns países "vacinam seus cidadãos de graça ou a baixo custo".

A Covax faz parte do programa ACT Accelerator da OMS, que não cobre apenas vacinas, mas também ferramentas de diagnóstico e terapias para pacientes com covid-19.

Após quatro meses de lançamento dessas iniciativas para garantir o acesso universal a ferramentas contra a pandemia, "um tremendo progresso foi feito", disse a cientista, ao ressaltar que a velocidade com que vacinas e medicamentos são investigados não prejudicará a segurança do paciente.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade