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Gravidez depois dos 30 poderia aumentar risco de câncer de mama em gestantes

7 out 2016 - 15h56
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A incidência do câncer de mama gestacional é "baixa" mas, nos últimos anos, especialistas no tema observaram um aumento no número de casos associados "provavelmente" ao atraso na idade para a ter a primeira gravidez, ou seja, passando dos 30 anos.

Esse é o resultado de um estudo do Grupo Espanhol de Pesquisa em Câncer de Mama (Geicam), apresentado nesta sexta-feira no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica em Copenhague (Dinamarca), que conclui que a metade dos casos de câncer de mama gestacional - em grávidas ou no ano seguinte à gravidez - é do tipo basal, o mais agressivo e difícil de tratar.

De acordo com os pesquisadores, esta análise - que teve a participação de 70 pacientes - ajuda a aprofundar as investigações sobre as possíveis causas pelas quais a gravidez nestas mulheres se torna uma condição biológica ótima para o desenvolvimento destes tumores. O trabalho se centra na identificação de perfis de expressão genética associados especificamente ao câncer de mama gestacional, já que, para os pesquisadores, o aumento do conhecimento biológico e molecular desta patologia tem um grande interesse.

Em declarações à Agência Efe, o principal pesquisador do estudo, o oncologista Juan de la Haba, explica que qualquer tecido humano é formado por células que alcançam amadurecimento e é então que seu DNA fica "muito mais seguro e resistente" a danos que pode ocasionar o surgimento de um câncer. No caso do câncer de mama, Haba afirma que as células da glândula mamária adquirem amadurecimento completo quando este órgão desenvolve a função para o que foi criado: a amamentação.

Ele lembra que a gravidez previne o câncer de mama se ocorre cedo e a opção de não ter filhos aumenta o risco de ter a doença. Segundo ele, uma glândula mamária que chega aos 35 anos sem ter cumprido sua função, têm células imaturas e que, além disso, foram submetidas durante mais tempo a agentes externos.

"Quando a mulher fica grávida a partir dos 30 anos, essas células até não maduras, são submetidas a um estímulo proliferativo, ou seja, do crescimento da mama e se existe dano em nível celular, a gravidez pode atuar como estímulo à proliferação de células que estão danificadas", diz ele.

Conforme dados do Geicam, o câncer de mama gestacional é uma "situação clínica pouco frequente", que representa de 6% a 15% dos tumores de mama em pacientes com idades entre 24 e 44 anos. Porém esses tumores são difíceis de detectar já que, com a gestação, a mama sofre mudanças e se algum volume suspeito aparece ele geralmente é atribuído a própria gravidez.

Durante este período, há opções terapêuticas para lutar contra o câncer de mama, e pesquisadores afirmam que após o período crítico para o feto, que é o primeiro trimestre, é possível tratar. Concretamente, exceto a radioterapia, que em algumas ocasiões pode causar um parto prematuro, e algumas quimioterapias, os demais tratamentos podem ser administrados normalmente e sem aumentar de forma significativa o risco para o bebê, nem para a mãe.

O passo seguinte do Geicam neste tema será identificar uma espécie de "assinatura genômica" associada ao câncer de mama gestacional que possa alertar antes de a situação ocorrer, principalmente nas mulheres que foram diagnosticadas deste tumor e queiram ter filhos.

EFE   
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