Síndrome do ovário policístico pode levar à infertilidade
Ela mexe com a aparência das mulheres, uma vez que os sintomas principais são o surgimento de acnes, queda de cabelo, aumento da gordura corporal e de pêlos. É caracterizada pelo aumento do hormônio masculino (testosterona) e atinge de 6 a 8% das mulheres em idade reprodutiva no mundo. E merece atenção. Trata-se da síndrome do ovário policístico que, se não for tratada, pode levar à infertilidade.
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Não se sabe exatamente o que provoca a doença e acredita-se que algumas pessoas tenham uma tendência genética a desenvolvê-la. "Pode se manifestar com a presença de microcistos no ovário, mas não é esse aspecto que faz o diagnóstico do problema", explica a ginecologista Rosa Maria Neme, do Centro de Endometriose São Paulo.
O problema influencia também o ciclo menstrual. "Quem tem essa alteração apresenta uma deficiência de ovulação e, conseqüentemente, na produção de progesterona pelo ovário. Com isso, há uma tendência maior a ciclos sem menstruação, podendo, às vezes, ficar até seis meses sem menstruar", esclarece Rosa.
Infertilidade
Quando a síndrome não é tratada, pode deixar a mulher infértil. "Sabe-se que, devido ao aumento dos hormônios masculinos, a paciente tende a ter uma maior quantidade de ciclos não-ovulatórios e uma maior resistência aos hormônios, o que dificulta a produção dos óvulos", explica a ginecologista. Por isso, é importante que o diagnóstico seja precoce.
Apesar de não atrapalhar as relações sexuais, a síndrome pode favorecer o aborto, caso a grávida não realize um acompanhamento médico. "As mulheres podem ter uma diminuição da produção de progesterona pelo ovário, que é aquele que mantém a gravidez nas suas fases iniciais". Portanto, as futuras mamães com ovário policístico devem receber uma suplementação de progesterona nos primeiros três meses de gestação, para que não se aumente as chances de perder o bebê - quando comparadas com as gestantes sem a doença.
Diagnóstico e tratamento
A patologia pode surgir em qualquer época da vida, mas tende a ser mais detectada na adolescência, de acordo com a ginecologista Rosa. "O diagnóstico é realizado pelo relato da paciente dos sintomas clínicos, associado à presença de dosagens altas de hormônios masculinos no corpo. Somente a presença de pequenos cistos ovarianos no ultra-som não faz o diagnóstico da doença", enfatiza.
O tratamento é feito basicamente com medicações que reduzam os hormônios masculinos, como anticoncepcionais ou outros remédios mais específicos. "Pode e deve ser realizado em conjunto com um endocrinologista. Ele ajuda no controle não só do problema ovariano, mas também em outras manifestações da doença, como a obesidade."
Intervenções cirúrgicas são reservadas apenas para quem não responde favoravelmente aos medicamentos. Após a menopausa, há uma tendência a amenizar a síndrome, já que os hormônios ovarianos deixam de ser produzidos.